Eu era a primeira-dama fantasma, uma nota de rodapé na biografia oficial de Pedro, meu ex-marido, o novo governador, enquanto eu vivia presa numa jaula de ouro na ala leste do palácio, testemunhando o triunfo dele. Um letreiro na TV anunciou o noivado de Pedro com a socialite Ana Clara, a mesma que invadiu meu quarto para me humilhar, zombando da minha esterilidade e da filha que eu havia perdido anos atrás. Mais tarde, Pedro apareceu, frio e calculista, para me dizer que eu era apenas seu passado, um passado inconveniente, e me trancou no quarto, como uma prisioneira. Meu coração gritava por Sofia, a filha que ele tirou de mim, a quem negava até mesmo o direito de ser reconhecida, e a dor me consumia, enquanto a fúria crescia. Enquanto a luz da esperança de um futuro feliz se apagava, a chama da vingança acendeu, e eu sabia que, de alguma forma, Pedro iria pagar por cada lágrima e sacrifício que me custaram a vida.