Eu alisava minha barriga, ainda lisa, sentindo uma felicidade que preenchia cada canto do nosso apartamento luxuoso. Eu era Ana, uma designer de moda em ascensão, casada com Lucas, um arquiteto renomado, e nossa vida era um conto de fadas moderno. Mas a vida real não era um livro, e eu mesma era a prova. Por anos, tive vislumbres de uma vida que não era a minha, onde eu era a vilã. No entanto, eu escolhi um caminho diferente: me tornei melhor amiga de Sofia, a "verdadeira heroína", e encontrei o amor com Lucas. Achei que tinha tudo: um marido que me amava, uma carreira de sucesso e uma melhor amiga. Então, um teste de gravidez positivo revelou que eu tinha mais uma coisa: nosso bebê. Mal podia esperar para contar a Lucas. Decidi esconder o teste em seu escritório, em sua gaveta de projetos futuros. Ao entrar, meus olhos foram atraídos para uma caixa de madeira escura e trancada que nunca vira antes. Curiosa, tentei combinações para o cadeado e, para minha surpresa, a data de nascimento de Sofia, minha melhor amiga, abriu a caixa. Dentro, um diário de couro preto revelou a caligrafia de Lucas. "Ano um do meu renascimento. O plano continua em curso. Casei-me com Ana, a vilã. Ela não suspeita de nada, acredita piamente na farsa que criei." Minhas mãos começaram a tremer. Cada página era um golpe: "Cada segundo ao lado dela é um lembrete do sacrifício que estou fazendo por Sofia. Meu verdadeiro e único amor." "Ana é um mal necessário. Enquanto ela estiver presa a mim, neste casamento falso, ela não pode machucar ninguém." O diário caiu das minhas mãos e o quarto começou a girar. Trezentos e sessenta e cinco dias por ano, durante treze anos de mentira. Lucas me via como uma vilã, uma bomba-relógio que ele precisava desarmar, e Sofia, minha melhor amiga, era o pivô dessa farsa. A felicidade pela gravidez se transformou em uma piada cruel. Levei a mão à barriga, não com carinho, mas com um horror gelado. O filho da vilã? Mais uma corrente para me prender a ele? Uma náusea violenta subiu pela minha garganta e corri para o banheiro. Olhei para o meu reflexo pálido, com os olhos arregalados de horror e lágrimas silenciosas. A mulher feliz e sortuda havia desaparecido. Em seu lugar, havia apenas uma tola enganada.