O vestido de noiva de seda branca parecia um casulo frio contra minha pele, mas amanhã seria o grande dia, o ápice de três longos e dolorosos anos de espera. Então, meu celular vibrou. Uma mensagem de um número desconhecido, mas que fez meu coração dar um salto estúpido de esperança. "Sofia, não se case amanhã. Cancele tudo." Era ele. Leo. O noivo que desapareceu há três anos, no dia do nosso primeiro casamento. Todos disseram que ele era um covarde, que fugiu. Até meus pais o abandonaram. Mas eu, eu nunca acreditei. Minhas mãos tremiam, o pânico borbulhava. Liguei e liguei, mas o número estava desativado. Minha mãe, obcecada pelo casamento perfeito, bateu à porta. Gelei. Se ela visse a mensagem, me forçaria a apagá-la, a esquecer. Escondi o celular e abri a porta. Ela sorriu, radiante, e ajeitou meu cabelo. "Você está perfeita, meu amor." Mas quando peguei uma caixinha de música, um presente de Leo, a expressão dela mudou. Fúria selvagem. "Por que você está falando nesse nome? Jogue essa coisa fora! Ele te abandonou!" Ela agarrou a caixa, pronta para quebrá-la. E então, vi. A pele em sua bochecha escorreu como cera. Seu rosto se contorceu, não era humano. Não era minha mãe. Não era meu pai, que depois também revelou ser um impostor. Fingi aceitação, mas o terror me consumia. Eu sabia que precisava fugir.