Quando acordei no hospital, a primeira coisa que vi foi o gesso na minha perna. A minha memória estava turva, mas lembrei-me do acidente. Perguntei pela minha mãe e, desesperadamente, pelo meu noivo, Diogo. O meu pai ligou e, em voz alta, a verdade chocou-me: Diogo tinha passado a noite a salvar a minha prima "frágil" Cláudia e o cão dela, enquanto eu estava entre a vida e a morte. Ele sequer pensou em mim. Foi então que decidi: "Vamos cancelar o casamento. Eu não quero mais casar com ele." O meu pai explodiu, acusando-me de egoísmo e falta de compaixão. Diogo, ao telefone, acusou a minha mãe de manipular-me. Ninguém perguntou se eu estava bem, se tinha dor. Ninguém se importou que a _noiva_ estivesse num acidente grave. Enquanto o meu corpo estava partido, a minha alma também desmoronava sob o peso da sua indiferença. Chega de ser a segunda opção. Chega de ter o meu trauma diminuído pela "fragilidade" da Cláudia. O acidente não partiu só a minha perna, partiu a venda dos meus olhos. Agora, a única questão é: como é que eu vou reconstruir a minha vida, pedaço por pedaço, longe de todos eles? Eles querem uma guerra? Vão tê-la!