A dor aguda na minha barriga foi a primeira coisa que senti. Estava grávida de cinco meses, esperando um menino, e a queda foi rápida, um empurrão vindo do nada. No hospital, meu marido Pedro segurava minha mão, mas seus olhos desviavam de mim, fixando-se na minha barriga e na porta. Fingi dormir e ouvi a conversa dele ao telefone. "Lúcia, já te disse para não me ligar aqui... Sim, ela acordou... Não, ainda não sei do bebê. É isso que importa, não é? ... Foi um acidente. Mas você precisa entender, Lúcia, esse filho é importante para mim. É o meu herdeiro." Lúcia. A mulher que me empurrou. A amante do meu marido. Meu filho, nosso filho, não era amor para ele, mas um negócio. Quando João, meu confidente, confrontou Pedro, vi a nojeira de Pedro e Lúcia. No dia seguinte, Pedro só queria saber do bebê. O médico confirmou: "Senhor Silva, eu sinto muito..." Mas Pedro só ficou aliviado ao saber que Lúcia não seria presa. João me deu a verdade: "Você perdeu o bebê... e não vai mais poder ter filhos." Meu mundo desabou. Pedro, insensível, perguntou sobre alugar uma barriga. João explodiu: "Ela acabou de perder o filho e você está falando de barriga de aluguel?!" Eu era apenas uma peça em seu tabuleiro. No fundo daquele poço, uma nova resolução nasceu. Eu não ia deixar que eles vencessem.