Aos 24 anos, Eveline se casou com Shane, um obstetra. Dois anos depois, quando ela estava grávida de cinco meses, Shane abortou o bebê e se divorciou dela. Durante os tempos sombrios, Eveline conheceu Derek. Ele a tratou com ternura e lhe deu um calor que ela nunca havia sentido antes. Mas ao mesmo tempo, ele também lhe causou a maior dor que ela já teve que suportar. Eveline só ficou mais forte depois de tudo que experimentou, mas quando a verdade finalmente foi revelada, ela poderia suportá-la? Quem seria Derek por trás de sua fachada carismática? E o que Eveline faria ao descobrir a verdade?
Shane Hayes e eu estávamos casados fazia quase dois anos e, durante todo esse tempo, ele quase nunca demonstrou interesse em transar comigo.
Então quando descobri que estava grávida no começo deste ano, ele parou de me tocar por completo, dizendo ter medo de machucar o bebê. Até parou de dormir comigo no quarto, se mudando para uma cama de solteiro que tinha no escritório.
Com apenas vinte e seis anos, casada e grávida, eu me via dormindo sozinha todas as noites. Me sentia completamente sozinha e infeliz.
Por puro tédio, acabei entrando em certos fóruns na internet para entender o que estava acontecendo. Um comentário específico chamou minha atenção. Uma pessoa disse que talvez a falta de interesse dele fosse porque ele já havia visto muitos corpos de mulheres em sua vida.
E, como Shane era obstetra, isso fazia sentido.
Contudo, havia um pequeno detalhe que continuava martelando na minha cabeça.
Sempre que ele entrava em seu escritório, trancava a porta. Não havia mais ninguém na nossa casa além de nós dois, qual a necessidade de passar a chave no seu escritório? Por acaso estava escondendo algo de mim?
Pensei tanto nisso que no fim se tornou uma das minhas maiores preocupações. Isso me incomodava tanto que começou a atrapalhar minha vida diária.
No fim, no nosso aniversário de casamento, não aguentei mais essa situação e decidi entrar lá depois que ele saiu para trabalhar.
O escritório dele era simples, limpo e arrumado. A única coisa trancada lá dentro era a gaveta grande da escrivaninha.
Felizmente, eu possuía uma chave extra dela, sem que meu marido soubesse. Não era como se eu tivesse planejado invadir sua privacidade algum dia, na verdade, fiz a cópia por me preocupar com ele. Se um dia perdesse a chave, pelo menos teria uma reserva.
Rapidamente abri a gaveta, mas não encontrei nada além de materiais de escritório. Não havia nada de estranho ali. Suspirei aliviada e a tranquei novamente. Havia saciado minha curiosidade.
Enquanto passava pela sua cama a caminho da porta, meus olhos inconscientemente se dirigiram até o travesseiro dele. Estanquei no meio do caminho.
Em cima dele, estavam dois fios de cabelo ruivo e encaracolado.
O meu cabelo era moreno e eu raramente entrava ali. Era impossível que aqueles fios fossem meus.
Minha atenção logo foi atraída pela lixeira ao lado da cama. Havia um cheiro inconfundível de sexo emanando dela e, quando me aproximei, pude ver vários lenços de papel usados.
Shane estava escondendo outra mulher na nossa casa?
Assim que essa ideia se formou na minha cabeça, comecei a suar frio.
Meus olhos varreram o ambiente. Não havia como um adulto se esconder ali.
Será que eu estava imaginando coisas? Além disso, acho que Shane não faria isso em casa. Quer dizer, se ele realmente quisesse me trair, certamente o faria em outro lugar, não? Não seria estúpido a ponto de trazer sua amante para casa onde estava sua esposa.
Talvez esses dois fios de cabelo pertencessem a alguma colega de trabalho ou paciente. Quanto ao conteúdo da lixeira... Bem, ele poderia muito bem ter se masturbado. Afinal, era um homem adulto e tinha suas necessidades.
Claro que Shane preferir se satisfazer sozinho ao invés de ficar comigo só me deixava mais triste.
- - -
À tarde, fui até o supermercado fazer as compras do dia. Como hoje era um dia especial, comprei uma garrafa de vinho tinto, apesar de não poder tomar álcool.
Apertei o passo para voltar a casa mais rápido. No entanto, com o passar das horas, foi ficando dolorosamente claro que Shane havia esquecido que dia era aquele. Ele estava bem atrasado.
Senti um turbilhão de emoções passarem por dentro de mim. Procurei respirar fundo várias vezes para me acalmar, mas então meus olhos pousaram na garrafa de vinho que tinha na minha frente. Aquela imagem trouxe toda minha decepção e raiva à tona, por isso não pensei duas vezes e saquei a rolha dela.
Já eram mais de dez horas da noite quando a porta de casa se abriu.
Saltei imediatamente da cadeira, me atirando em Shane assim que o vi. Seus braços se ergueram para me abraçar, porém seu rosto estava franzido em uma carranca.
"Você estava bebendo?", perguntou.
Passei meus braços ao redor do pescoço dele e ri, respondendo: "Só um pouquinho."
"Você está grávida", ele me repreendeu com uma voz carregada de desaprovação enquanto me segurava em seus braços. "Por que você foi beber?"
Fechei meus olhos e apoiei minha cabeça no seu ombro.
"Achei que jantaríamos juntos. Esperei e esperei, mas você não veio, por isso comi sozinha. Não se preocupe, foi só um cálice de vinho tinto, não vai afetar o bebê. Hoje fechamos dois anos de casados, por isso deveríamos celebrar", argumentei.
"Você está dizendo isso, mas na verdade está bêbada. Venha, vou levá-la até o quarto."
Shane me carregou no colo até o quarto e me colocou na cama. Quando se inclinou perto de mim para me acomodar, agarrei a oportunidade e passei meus braços ao redor dele para beijá-lo.
"Me beije, amor", pedi.
Contudo, a reação dele foi se enrijecer. Até me concedeu um beijo sem muito entusiasmo, mas logo se afastou do meu abraço.
"Não faça isso, Eveline Stone, pense no bebê que está crescendo dentro de você. Tenha mais cuidado daqui para frente."
Meus braços seguiam ao redor do pescoço dele. Encarei o homem com uma expressão convidativa, mas ao mesmo tempo sentia minhas preocupações também se infiltrarem no meu rosto.
"Você é médico, sabe que é seguro fazer amor depois do primeiro trimestre. É só ir devagarzinho. Não me afaste, amor, não essa noite", insisti.
No entanto, ele me afastou. Se endireitando, afrouxou a gravata e disse: "Vou tomar um banho."
Na verdade, eu não havia tomado nem uma gota sequer de vinho. Estava grávida e, evidentemente, sabia que não devia ingerir álcool. Tudo que fiz foi borrifar algumas gotas de vinho no meu pescoço para usá-lo de perfume na noite.
Ouvi a porta do banheiro se fechando e depois a água corrente do chuveiro. Cerca de dez minutos depois, Shane reapareceu. Ele passou reto pelo quarto, sem nem sequer olhar para mim.
Então ouvi a porta do escritório dele se abrir e fechar, com o som característico da fechadura sendo trancada.
Fiquei me debatendo embaixo dos lençóis por um bom tempo. Depois de uma hora mais ou menos, finalmente reuni a coragem que me faltava e coloquei meus fones de ouvido, pegando meu celular da mesa de cabeceira. Cliquei no aplicativo que estava conectado à escuta que eu havia adquirido.
Comprei ela de tarde, no mesmo supermercado onde comprei a comida e o vinho para nosso jantar de aniversário.
O escritório havia sido reformado antes de nos mudarmos e isolado acusticamente, não me deixando outra opção sem ser essa para descobrir o que estava acontecendo. Eu duvidava que Shane fosse desconfiar que eu havia instalado uma escuta embaixo da sua cama de solteiro.
Quando acessei o aplicativo, o som inconfundível de gemidos ofegantes chegou aos meus ouvidos. Um nó se instalou imediatamente na minha garganta. Meu nariz entupiu e meus olhos se inundaram de lágrimas.
Agora estava tudo claro para mim: o problema não era que meu marido não quisesse transar. Pelo som, na verdade, parecia que Shane transbordava de desejo, quase de forma incontrolável. Só que não era eu quem ele desejava.
No entanto, o que me chocou profundamente nem foi isso, mas sim o que escutei a seguir.
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