Minha vida se desfez em pedaços, como um espelho estilhaçado. Dez anos. Dez anos de perseguição cega a João Costa, o chef genial, o homem que eu amei com devoção, apenas para ser ridicularizada, rotulada de vilã na história de amor dele com a doce e inocente Ana Martins. Minha carreira, minha reputação, minha família - tudo foi arrastado para a lama por causa da minha obsessão. No meu leito de morte, uma voz fria e mecânica sussurrou: "O enredo da personagem coadjuvante vilã, Maria Oliveira, foi concluído." Fui apenas um papel, um degrau para a felicidade deles. A clareza me atingiu com a força de um golpe: minha vida inteira era apenas um roteiro pré-escrito. Mas, em vez da escuridão, fui cegada por uma luz forte, e acordei de volta ao meu apartamento. Na mesa de centro, ali estava o acordo de rescisão de relacionamento, o cheque, a mesma cena de três anos atrás. Lágrimas de raiva e desespero se formaram, mas não eram minhas. Elas eram daquela Maria tola de antes. Desta vez, não houve fúria. Apenas uma calma gélida. Com a caneta na mão, sob o olhar chocado do assistente de João, assinei. Não pelo dinheiro, mas pela minha liberdade. Meu papel de vilã acabou. Agora, a história que importa é a minha.