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Uma Esposa Para o Mafioso

Uma Esposa Para o Mafioso

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Sinopse

Índice

Raffaele Orsini não quer uma esposa... No entanto, ao conhecer sua prometida, sua honra o compele a se casar. Ela não é o que ele esperava... mas suas roupas discretas não podem esconder seu corpo voluptuoso e feminino, tampouco seu temperamento selvagem! Chiara Cordiano não amará seu marido! Ela tentou de tudo para escapar a seu destino, mas, em um piscar de olhos, foi levada de sua pitoresca cidadezinha na Sicília para Nova York! Chiara quer odiá-lo, mas a sedução corre quente no sangue dos Orsini. Com seu corpo moreno, seu jeito soturno e sua tentadora masculinidade, Raffaele não hesitará em domá-la!

Capítulo 1 Sinopse um

Raffaele Orsini não quer uma esposa...

No entanto, ao conhecer sua prometida, sua honra o compele a se casar. Ela não é o que ele esperava... mas suas roupas discretas não podem esconder seu corpo voluptuoso e feminino, tampouco seu temperamento selvagem!

Chiara Cordiano não amará seu marido! Ela tentou de tudo para escapar a seu destino, mas, em um piscar de olhos, foi levada de sua pitoresca cidadezinha na Sicília para Nova York! Chiara quer odiá-lo, mas a sedução corre quente no sangue dos Orsini. Com seu corpo moreno, seu jeito soturno e sua tentadora masculinidade, Raffaele não hesitará em domá-la!

Capítulo 1

Raffaele Orsini se orgulhava de ser um homem sempre sob controle. Não havia dúvidas de que sua habilidade em separar a emoção da lógica era uma das razões que o fizera chegar tão longe na vida.

Rafe poderia olhar para um banco de investimentos ou corporação financeira qualquer e ver não o que a empresa era, mas o que poderia vir a ser, com o devido tempo e dinheiro e, obviamente, com o experiente direcionamento que ele e seus irmãos poderiam oferecer. Eles tinham criado a Irmãos Orsini há apenas cinco anos, mas já obtinham um incrível sucesso no arriscado mundo das finanças internacionais.

E sempre foram incrivelmente bem sucedidos com lindas mulheres.

Os irmãos compartilhavam a beleza morena de sua mãe e o intelecto aguçado de seu pai, ambos imigrantes vindos da Sicília para os Estados Unidos décadas atrás. Diferentes de seu pai, haviam colocado seu talento em ambições dentro da legalidade, embora agindo sempre dentro de um perigoso limite que funcionava a seu favor tanto na cama quanto nas salas de reunião.

Foi o que acontecera hoje, quando Rafe dera um lance mais alto que o de um príncipe saudita na compra de um respeitável banco francês que há tempos interessava aos Orsini. Dante, Falco, Nicolo e ele, haviam comemorado com drinques algumas horas atrás.

Um dia perfeito, em vias de se tomar uma noite perfeita...

Até este momento.

Rafe saiu do saguão do prédio de sua amante, do prédio de sua ex-amante, pensou friamente. Pegou o táxi oferecido pelo porteiro e inspirou profundamente o fresco ar do outono. Precisava se acalmar. Talvez uma caminhada de Sutton Place até sua cobertura na Quinta Avenida ajudasse.

Qual era o problema com as mulheres? Como elas podiam dizer algo no começo de um romance, mesmo tendo a maldita certeza de que não era o que queriam dizer?

- Estou completamente dedicada a minha carreira - dissera Ingrid com seu sexy ronronar germânico após a primeira vez em que dormiram juntos - É preciso que você saiba, Rafe. Não estou nem um pouco interessada numa relação estável, então se você estiver...

Ele? Numa relação estável? Ele ainda se lembrava de como havia gargalhado e a puxado para baixo de si. A mulher perfeita, ele pensara, ao recomeçar a fazer amor com ela. Linda. Sexy. Independente...

Até parece.

Seu celular tocou. Ele o sacou do bolso, conferiu o número na tela e o jogou novamente para dentro do paletó. Era Dante. A última coisa que queria era falar com um de seus irmãos. A imagem em sua mente ainda estava muito vivida. Ingrid, abrindo a porta. Ingrid, vestindo não algo justo e sofisticado para o *jantar per se, mas, ao invés disso, usando... O quê? Um avental? Não do tipo prático que a mãe dele usava, mas uma coisa toda feita de babados, renda e laços.

Ingrid, não cheirando a Chanel, mas a frango assado.

- Surpresa - ela exclamou. - Eu faço o jantar hoje! Ela? Mas não tinha nenhuma habilidade doméstica. Ela lhe contara isso. Divertira-se ao revelar esse detalhe.

Não esta noite. Esta noite ela passeara com seus dedos pelo peito dele e sussurrara:

- Aposto que ignorava que eu sabia cozinhar, liebling. Exceto por liebling, ele já ouvira isso antes. O que fez seu sangue gelar.

A cena seguinte fora extremamente previsível, em especial as estridentes reclamações dela de que era hora do relacionamento deles evoluir e ele explodindo:

- Que relacionamento?

Rafe ainda conseguia ouvir o som do que quer que ela houvesse jogado nele, batendo na porta enquanto ele saía.

Seu celular tocou de novo. E de novo. Até que finalmente soltou um palavrão, puxou o maldito aparelho de seu bolso e o abriu.

- O quê?! - gritou.

- Boa noite para você também, mano.

Rafe franziu a testa. Uma mulher indo em sua direção decidiu mudar de caminho.

- Não estou com humor para brincadeiras, Dante. Entendeu?

- Está bem - disse o irmão, animado. Silêncio. Então Dante pigarreou - Problemas com a "valquíria"?

- Nenhum.

- Bom. Porque eu odiaria jogar uma bomba em você se estiverem...

- Jogar que bomba em mim?

O irmão dele suspirou ao telefone:

- Compromisso obrigatório, amanhã de manhã às 8h. O Velho quer nos ver.

- Espero que você tenha dito a ele o que fazer com esse pedido.

- Ei, sou só o mensageiro. Além disso, quem ligou foi a mama, não ele.

- Inferno. Será que ele está novamente às portas da morte? Você disse a ela que ele é ruim demais para morrer?

- Não - disse Dante sensatamente. - Você diria? Foi a vez de Rafe suspirar. Eles todos idolatravam a mãe e as irmãs, mesmo elas parecendo poder perdoar Cesare Orsini em tudo. Os filhos dele não podiam. Eles descobriram quem era seu pai anos atrás.

- Maldição - disse Rafe. - Ele tem 65 anos, não 95. Ainda tem muitos anos pela frente.

- Olhe, também não quero ouvir sermões sem fim sobre onde estão os bancos dele, ou qual a combinação do cofre e os nomes de seus advogados e contadores tanto quanto você. Mas você acha que eu diria isso à mama?

Rafe franziu ainda mais a testa.

- Certo. Oito horas da manhã. Encontro vocês lá.

- Cara, seremos só você e eu. O Nick está indo para Londres hoje à noite, lembra? O Falco viaja para Atenas de manhã.

- Maravilha.

Ele dormiu até mais tarde na manhã seguinte, tomou uma ducha rápida, não fez a barba, vestiu um suéter preto de algodão, um jeans desbotado e tênis, e chegou à casa de seus pais antes de Dante.

Cesare e Sofia viviam no Greenwich Village. Meio século atrás, quando Cesare comprou a casa, a área era parte da Little Italy. Os tempos mudaram. As ruelas apertadas se tomaram elitizadas e chiques.

Cesare também mudou. Deixou de ser um gângster de baixo escalão para se tomar primeiro um capo, o líder do sindicato, e então o chefe. Um don, embora no vernáculo siciliano o velho título italiano de respeito tenha um significado todo próprio. Cesare era dono de uma empresa privada de higienização e meia dúzia de outros negócios legalizados, mas sua verdadeira profissão era uma que ele nunca confirmaria para sua esposa, seus filhos e filhas.

Rafe subiu os degraus da residência e tocou a campainha. Ele tinha a chave, mas nunca a usara. Este local não era sua casa há muitos anos; anos antes de deixá-la ele já não pensava mais naquela casa como seu lar.

Sofia saudou-o como sempre fez, com um beijo em cada bochecha e um abraço, como se não o visse há meses em vez de apenas algumas semanas, então deu um passo para trás e o olhou criticamente.

- Você não fez a barba esta manhã. Para sua decepção, Rafe sentiu que corava.

- Me desculpe, mama. Queria ter certeza de que chegaria aqui a tempo.

- Sente-se - ela ordenou, enquanto o conduzia a uma ampla cozinha. - Tome o café da manhã.

Dante chegou alguns minutos depois. Sofia o beijou, disse que ele precisava de um corte de cabelo e o apontou a mesa.

- Mangia - ordenou ela, e Dante, que não recebia ordens de ninguém, obedeceu como um cordeirinho.

Houve um breve silêncio. Depois Dante disse:

- Então, você e a "valquíria" terminaram?

Rafe pensou em tudo que poderia dizer, de "Não" a "O que o faz pensar isto?" Ao invés disso, deu de ombros:

- Ela disse que era hora de reavaliarmos nosso relacionamento.

Dante teceu um comentário de uma só palavra, o que fez Rafe rir. Ele quase podia sentir seu mau humor se dissipar.

- Eu tenho a cura para Reavaliação de Relacionamento - disse Dante.

- É?

- Tenho um encontro com a ruiva em meia hora. Quer que eu ligue pra ela e veja se tem uma amiga disponível?

- Vou ficar sem mulheres por enquanto.

- Certo, já ouvi isso antes. Bem, se você tem certeza...

- Por outro lado, o que dizem mesmo sobre sacudir, levantar a poeira e dar a volta por cima?

Dante riu.

- Ligo para você de novo em dez minutos.

Errado. Ele ligou em cinco. A ruiva tinha uma amiga disponível. E ela adoraria conhecer Rafe Orsini.

Bem, com os diabos, pensou Rafe presunçosamente ao chamar um táxi, que mulher não adoraria?

Os irmãos estavam em seu segundo espresso quando o capo de Cesare, um homem que o servia há anos, apareceu.

- Seu pai os verá agora.

Os irmãos baixaram seus talheres, limparam os lábios com guardanapo e se levantaram. Fillipo balançou a cabeça.

- Não, não juntos. Um de cada vez. Raffaele, você primeiro.

Rafe e Dante se entreolharam.

- É a prerrogativa de papas e reis - disse Rafe com um sorriso forçado. Suas palavras baixas o bastante para não chegarem aos ouvidos de Sofia, que mexia uma panela de molho no fogão.

Dante deu um sorrisinho.

- Divirta-se.

- Claro. Com certeza será divertidíssimo.

Cesare estava em seu estúdio, um escuro aposento escurecido ainda mais pela abundância de móveis pesados, paredes entupidas de pinturas melancólicas de Nossa Senhora e de santos e fotografias emolduradas de parentes desconhecidos do Velho Mundo.

Cesare estava sentado por detrás de sua mesa de trabalho de mogno.

- Feche a porta e espere lá fora - ele disse a Fillipo, e conduziu Rafe a uma cadeira. - Raffaele.

- Pai.

- Como você está?

- Estou bem - Rafe respondeu, desinteressado - E você?

Cesare balançou a mão de um lado ao outro.

- Cosi cosa. Está tudo bem comigo.

Rafe levantou as sobrancelhas.

- Bem, aí está uma surpresa. - Ele bateu com as mãos nas coxas e se pôs de pé - Neste caso, já que você não está às portas da morte...

- Sente-se.

Os olhos azuis escuros de Rafe escureceram até quase se tomarem negros.

- Eu não sou Fillipo. Não sou sua esposa. Não sou ninguém que receba ordens suas, pai. Não as recebo há muitos anos.

- Não. Não desde o dia em que você se formou no ensino médio e me disse que tinha uma bolsa de estudos para uma universidade chique e me informou o que eu podia fazer com o dinheiro que havia guardado para suas mensalidades - disse Cesare suavemente. - Você acha que eu havia esquecido?

- A data está errada - disse Rafe, ainda mais friamente. - Não obedeço ordens suas desde que descobri como você ganhava a vida.

- Tão metido a santo - zombou Cesare. - Você acha que sabe de tudo, meu filho, mas eu lhe prometo: qualquer homem pode penetrar na escuridão de uma paixão.

- Não sei de que diabos você está falando e, para falar a verdade, não me importo. Adeus, pai. Mandarei Dante entrar.

- Raffaele. Sente-se. Isto não irá demorar.

Um músculo se contraiu na mandíbula de Rafe. Droga, por que não?, ele pensou. O que quer que seu pai lhe quisesse dizer desta vez poderia ser divertido. Ele sentou, esticou as longas pernas, cruzou-as na altura do tornozelo e cruzou os braços sobre o peito.

- Bem?

Cesare hesitou. Era algo notável de se ver. Rafe não conseguia se lembrar de já ter visto seu pai hesitar anteriormente.

- É verdade - finalmente disse seu velho pai. - Não estou morrendo.

Rafe deu uma risada de desdém.

- O que queria discutir com você da última vez, eu não... eu, hã, não estava preparado para fazer, embora achasse que estava.

- Um mistério - disse Rafe, seu tom deixando claro que nada do que seu pai diria lhe interessaria.

Cesare ignorou o sarcasmo.

- Como eu disse, não estou morrendo. - Outro momento de hesitação. - Mas morrerei algum dia. Ninguém sabe exatamente o momento, mas é possível como você sabe, que um homem em minha, hã, profissão possa às vezes encontrar seu fim de maneira inesperada.

Outra primeira vez. Cesare nunca antes havia feito sequer um aceno de confissão de suas atividades ilegais.

- Essa é sua não tão sutil maneira de me dizer que algo está para acontecer? Que mama, Anna e Isabella podem estar em perigo?

Cesare riu.

- Você tem visto filmes demais, Raffaele. Não. Nada está, como você disse, "para acontecer". Mesmo se estivesse, o código de nossa gente proíbe causar dano a membros da família.

- Eles são sua gente - disse Rafe com força, - Não "nossa". E a honra entre chacais não me impressiona.

- Quando chegar meu momento, sua mãe, suas irmãs, você e seus irmãos, todos serão bem cuidados. Sou um homem de posses.

- Não quero nada do seu dinheiro. Nem meus irmãos. E somos mais do que capazes de cuidar bem da mama e de nossas irmãs.

- Certo. Doe o dinheiro então. Será de vocês o que quiserem.

Rafe concordou com a cabeça.

- Ótimo. - Ele começou novamente a se levantar da cadeira. - Imagino que esta conversa esteja...

- Sente-se - disse Cesare e então acrescentou a única palavra que Rafe nunca o ouvira dizer: - Por favor.

O chefe das famílias de Nova York debruçou-se à frente.

- Não me envergonho da maneira pela qual vivi - disse com suavidade - Mas fiz algumas coisas que talvez não devesse ter feito. Você acredita em Deus, Raffaele? Não se importe em responder Já eu, não tenho certeza. Mas só um tolo ignoraria a possibilidade de que as ações de sua vida possam um dia afetar o destino de sua alma.

Os lábios de Rafe se contorceram num sorriso frio.

- É tarde demais para se preocupar com isto.

- Há coisas que fiz em minha juventude... - Cesare pigarreou. - Coisas erradas. Coisas que não foram feitas para o bem da famiglia, mas pelo meu. Coisas egoístas e que me mancharam.

- E o que isto tem a ver comigo?

Os olhos de Cesare encontraram os de seu filho.

- Estou lhe pedindo que me ajude a consertar uma dessas coisas.

Rafe quase riu. De todos os pedidos bizarros...

- Roubei algo de grande valor de um homem que me ajudou quando ninguém mais o faria - disse Cesare com a voz rouca. - Quero me reparar.

- Envie um cheque para ele - disse Rafe com deliberada crueldade. O que tudo isso tinha a ver com ele? A alma de seu pai era problema pessoal.

- Não é o bastante.

- Faça um cheque bem gordo. Ou, diabos, faça-lhe uma oferta que ele não possa recusar - Rafe apertou os lábios. - Você é assim, não é? O homem que pode comprar ou intimidar qualquer um para conseguir qualquer coisa.

- Raffaele. Como homem, como seu pai, suplico por sua ajuda.

A súplica era surpreendente. Os olhos de seu pai queimavam com a culpa. O que custaria a ele entregar um cheque em mãos e oferecer um pedido de desculpas há muito em débito? Gostasse ou não, aquele homem havia dado vida a ele, a seus irmãos e irmãs. Ele os havia, a sua própria maneira, amado e cuidado. De forma um tanto distorcida ele os havia até ajudado a ser quem eram. Se ele havia finalmente criado uma consciência, mesmo de forma tardia, não seria uma coisa boa?

- Raffaele?

Rafe inspirou profundamente.

- Certo. O.k. - ele disse rapidamente, pois sabia como seria fácil mudar de idéia. - O que quer que eu faça?

- Tenho a sua palavra de que fará o que eu pedir?

- Sim.

Cesare concordou com a cabeça.

- Você não se arrependerá, prometo.

Dez minutos depois, após uma longa, complexa e ainda assim estranhamente incompleta história, Rafe pulou de pé.

- Você está louco? - gritou.

- É um pedido simples, Raffaele.

- Simples? - Rafe riu. - Esta é uma maldita maneira de descrever me pedir para ir até uma aldeia esquecida por Deus na Sicília e me casar com uma... uma camponesa sem nome nem educação formal!

- Ela tem um nome. Chiara. Chiara Cordiano. E não é uma camponesa. Seu pai, Freddo Cordiano, possui um vinhedo. É dono de plantações de oliveiras. É um homem importante em San Giuseppe.

Rafe se debruçou sobre a mesa de trabalho do pai, bateu com as mãos na superfície brilhante e polida do mogno e olhou furiosamente.

- Não me casarei com esta. moça. Não me casarei com ninguém. Está claro?

Seu pai o olhava fixamente.

- O que está claro aqui é o valor da palavra de meu primogênito.

Rafe agarrou o pai pela camisa e o puxou a seus pés.

- Cuidado com o que me diz! - rosnou. Cesare sorriu.

- Que temperamento irascível, meu filho. Por mais que queira negar, o sangue dos Orsini bate em suas veias.

Lentamente, Rafe soltou a camisa. Levantou-se e inspirou profunda e equilibradamente.

- Vivo de acordo com minha palavra, pai. Mas você a conseguiu com uma mentira. Disse que precisava de minha ajuda.

- E preciso. E você disse que me ajudaria. Agora diz que não. - O pai arqueou as sobrancelhas - Qual de nós mentiu?

Rafe deu um passo para trás. Em silêncio, contou até dez. Duas vezes. Finalmente, concordou com a cabeça.

- Eu lhe dei minha palavra, então vou até a Sicília me encontrar com este Freddo Cordiano. Direi que você se arrepende do que quer que tenha feito a ele décadas atrás. Mas não me casarei com a filha dele. Estamos claros?

Cesare deu de ombros.

- Seja como você quiser, Raffaele. Não posso forçar sua obediência.

- Não - disse Rafe com raiva. - Não pode.

Ele saiu do aposento a passos largos, usando as portas de estilo francês que davam para o jardim. Não tinha nenhuma vontade de ver sua mãe, Dante ou qualquer outro.

Casamento? De jeito nenhum, especialmente não ordenado, especialmente não se para estar de acordo com seu pai... especialmente não com uma moça nascida e criada em um local esquecido pelo tempo.

Ele era muitas coisas, mas não louco.

A mais de seis mil quilômetros dali, na fortaleza rochosa que o pai dela chamava de lar e que ela chamava de prisão, Chiara pulou de pé em descrença.

- Você fez o quê? - disse em italiano florentino perfeito - Você fez o quê?

Freddo Cordiano cruzou os braços.

- Quando falar comigo, faça-o na língua de seu povo.

- Responda à pergunta, papa - disse Chiara, no dialeto grosseiro que seu pai preferia.

- Eu disse que lhe encontrei um marido.

- Isso é loucura. Você não pode me casar com um homem que nunca vi na vida.

- Você se esquece de quem é - seu pai rosnou - Isso é o resultado de todas aquelas idéias bobas que lhe foram enfiadas na cabeça por aquelas governantas pomposas que sua mãe me fez contratar. Sou seu pai. Posso casar você com quem eu quiser.

Chiara bateu com as mãos nas coxas.

- O filho de um de seus camaradas? Um gângster americano? Não. Eu não me casarei com ele e você não pode me forçar a isto.

Freddo deu um leve sorriso.

- Você preferiria que eu a trancasse em seu quarto e a mantivesse lá até que ficasse velha e feia o bastante para que nenhum homem a quisesse?

Ela sabia que a ameaça dele era vazia. Ele não a trancaria em seu quarto. Em vez disso, a manteria prisioneira naquele horrível vilarejo, naquelas ruelas antigas e estreitas de onde ela passou a maior parte de seus 24 anos rezando para poder deixar. Ela tentara deixá-las antes. Os homens de seu pai, educados porém implacáveis, a haviam trazido de volta. Eles fariam o mesmo novamente, ela nunca poderia se ver livre de uma vida que odiava.

E ele certamente não a permitiria escapar do casamento para sempre. Ela era uma moeda de troca, um meio para a ampliação ou manutenção de seu vil império.

Casamento. Chiara conteve um calafrio.

Ela sabia como seria, como homens como seu pai tratavam suas mulheres, como ele tratara a mãe dela. Este homem, embora americano, não seria diferente. Ele seria frio. Cruel. Teria cheiro de alho, charutos e suor. Ela seria pouco mais que uma serviçal e de noite exigiria certas coisas dela em sua cama...

Lágrimas de ódio brilharam nos olhos violáceos de Chiara.

- Por que faz isso comigo?

- Sei o que é o melhor para você. Por isso.

Era uma piada. Ele nunca pensou nela. Este casamento era pelos próprios objetivos dele. Mas não aconteceria. Ela estava desesperada, mas não era louca.

- Bem, já recobrou a razão? Está preparada para ser uma filha obediente e fazer o que lhe digo?

- Prefiro morrer - disse ela. E, embora desejasse correr, forçou-se a sair de maneira calma e contida. Mas assim que alcançou a segurança de seu quarto e trancou a porta, gritou de raiva, pegou um vaso e o arremessou na parede.

Vinte minutos mais tarde, mais calma, molhou o rosto com água gelada e foi procurar o único homem que amava. O homem que a amava. O único homem a quem poderia pedir ajuda.

- Bella mia - disse Enzo, quando ela o encontrou. - Qual é o problema?

Chiara lhe contou. Os olhos escuros dele tomaram-se ainda mais negros.

- Eu a salvarei, cara - disse ele.

Chiara jogou-se em seus braços e rezou para que ele conseguisse.

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