Eu era Sofia, a promessa do balé nacional, com um futuro tão perfeitamente coreografado quanto um grand jeté. Arthur, meu grande amor, prometia-me o mundo, e eu acreditava. Até a noite em que ele, bêbado e furioso, destruiu não só o carro, mas minha perna, minha carreira de bailarina e a vida da minha mãe, que teve um AVC ao saber da tragédia, deixando-a em estado vegetativo. Como se não bastasse, uma nova vida brotava em mim: Lucas, filho dele. De Sofia, a bailarina, tornei-me Luna, a dançarina misteriosa do "Luxus", vendendo minha graça para homens que me viam como mero objeto, tudo para manter minha mãe viva e meu filho alimentado. Meu salário mal cobria as dívidas. A humilhação era diária, a dor na minha alma, constante. Seis anos depois, ele reapareceu. Arthur, um empresário de sucesso, noivo de uma herdeira, nem sequer me reconheceu enquanto eu, Luna, me curvava para servi-lo. Ele observou, indiferente, quando seus amigos me humilhavam, e só interveio quando a cena o incomodou. A injustiça me queimava. Ele, vivendo no topo, enquanto eu, no fundo do poço, carregava o peso de sua irresponsabilidade, com o filho dele crescendo longe de seu conhecimento. A raiva me consumia: ele me ofereceu dinheiro para me calar, insinuou que eu era uma golpista, sem a menor ideia da vida que eu levava por sua causa. A crueldade de suas palavras, a forma como ele me via, me fez perceber: a vingança, antes um pensamento distante, tornou-se meu único foco. Ele destruiu minha vida e teria de pagar por cada cicatriz, cada lágrima.