A foto de Daniel, meu filho, sorrindo com um troféu de futebol, escondia a ansiedade que me consumia, uma nuvem de chuva que nunca ia embora. Nossa casa, outrora um refúgio, tornou-se um campo de batalha silencioso quando meu filho adolescente expressou desprezo por Joãozinho, o menino que eu acolhera acreditando ser filho do meu "melhor amigo", Pedro. Juliana, minha esposa, com seus olhos calculistas, referia-se a Joãozinho como "diferente", uma palavra cheia de veneno doce, ecoando a crueldade que se tornava palpável diante dos hematomas ocasionais no corpo do menino. Eu, Lucas Silva, um engenheiro de sucesso, via meu universo desmoronar, questionando como minha fé na bondade pudera me cegar para a verdade sobre Pedro, o parasita disfarçado de irmão. Naquela noite, a tragédia anunciada se concretizou. Daniel e Pedro, em uma brincadeira cruel, empurraram Joãozinho da casa na árvore. O som surdo do corpo do menino batendo no chão e seu grito lancinante rasgaram o ar, e meu coração se despedaçou ao vê-lo com o braço torcido. Subindo para pegar a carteira, ouvi vozes baixas vindas do meu closet. Juliana e Pedro estavam juntos, em um beijo desesperado, faminto, cúmplice. Minha esposa e meu melhor amigo. A traição era uma faca cravada no meu peito, e a terrível sensação era de que aquele beijo era apenas a ponta de um iceberg de mentiras. Então, mais uma frase, sussurrada por Juliana, congelou meu sangue: "Joãozinho é o filho biológico dele e não aquela aberração do Daniel!" O mundo girou, o ar me faltou. Joãozinho, meu filho. Daniel, não meu? Juliana, com um ódio cruel, cuspiu a verdade: "Daniel é meu. Trocamos na maternidade." Minha "esposa" revelou que me deu remédios para me esterilizar, para que eu não tivesse outro herdeiro legítimo, enquanto Pedro confessou o teste de DNA falso. Descobri que a mulher que amava e o amigo que chamei de irmão torturavam meu próprio filho, movidos por ambição e inveja. Quando desci as escadas, uma terrível premonição se confirmou. Joãozinho estava na piscina. Daniel estava na beirada, com uma expressão vazia. Juliana apenas observava com uma calma assustadora. Naquele momento, enquanto segurava o corpo sem vida do meu filho, eu vi o sorriso vitorioso dela. O Lucas gentil e complacente morreu junto com Joãozinho, e em seu lugar, nasceu um homem consumido por um único propósito: justiça.