Minha missão ultrassecreta durou três meses, e tudo que me manteve foram as memórias da minha esposa, Sofia, e a promessa de um futuro que construímos juntos. Mal cheguei e fui direto ao escritório do meu superior, Sr. Ferreira, para me voluntariar para o \"Projeto Vanguarda\", algo que recusei por anos por causa dela. Com uma calma assustadora, anunciei: "Vou me divorciar. Sofia não precisa mais de mim." A traição dela queimava em minha garganta: enquanto eu estava longe pelo país, ela trouxe outro homem para nossa casa, Pedro, e sua filha. Cheguei em casa e ela agia como se nada tivesse acontecido, indiferente, fria, e ainda teve a audácia de mudar a senha da nossa porta eletrônica para abrigar o amante. Não senti raiva, apenas um cansaço profundo e nojo. Ela tentou minimizar meu sofrimento, dizendo: "Você está sendo mesquinho." Mas no parque, eu a vi de mãos dadas com ele, rindo enquanto a garotinha o chamava de pai, e Sofia dizia que "tudo estava no lugar certo agora". Eu era a peça no lugar errado, um idiota que sacrificou anos de carreira por um amor que se revelou uma farsa. O cristal de noivado, símbolo do nosso amor, estilhaçou-se em mil pedaços, assim como meu coração. Então, a terrível verdade revelada por meu pai me golpeou: eu não era sequer um substituto para seu amor morto, mas uma ferramenta, um peão em seu jogo de carreira pelo acesso aos dados da agência. Cada pedaço de sentimento que eu tinha por Sofia morreu, foi apagado, aniquilado. Eu me senti livre de uma forma que o divórcio por si só não conseguiu proporcionar. Agora, livre das amarras do passado, com um coração transformado em pedra, eu decidi seguir em frente, em direção a um futuro onde o passado não passava de uma terra estrangeira. E assim, eu entrei na base militar, sem olhar para trás, em direção ao Projeto Vanguarda, rumo à minha nova vida.