Acordei no hospital, com a perna partida e a casa desabada. Dezenas de chamadas não atendidas do meu marido, Pedro. Pensei que estava preocupado, mas a mensagem dele revelou a verdade: "Onde estás, Sofia? A Lara está aterrorizada." Lara. A ex-namorada dele. Liguei-lhe, a voz rouca, a dizer que estava no hospital. A sua resposta? "Não posso ir aí agora. A Lara está a ter um ataque de pânico. Ela não tem mais ninguém." Ouvi-o confortá-la com uma ternura que nunca me mostrou. Foi então que decidi: "Vamos divorciar-nos." Ele explodiu, acusou-me de ser dramática, de não ter compaixão pela "vítima" Lara. Eu, a sua esposa, que quase morrera sob os escombros, não importava. Ele desligou-me na cara, e os seus pais, os Almeidas, acolheram a Lara em sua casa, onde eu e a minha filha, Beatriz, íamos ficar temporariamente. Fui expulsa da casa deles, acusada de ser um monstro, uma mãe histérica e cruel, por não aceitar a presença da amante do meu marido. Eles queriam a custódia da minha filha, dizendo que eu "não tinha nada". Como é que a minha própria família me podia trair assim, em meio ao caos de um terramoto, e ainda tentar roubar-me a minha filha? Mas eu não ia ceder. Eu ia lutar pela Beatriz e pela minha própria liberdade.