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Perseguindo o Assassino das Bonecas

Perseguindo o Assassino das Bonecas

5.0
11 Capítulo
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Caro leitor, você nunca mais verá um thriller policial da mesma forma após este livro. Sophie Beauchamp é tudo, menos uma agente convencional da Europol. Destemida, brilhante e movida pela ação, ela desafia as expectativas de seu pai, um diretor-executivo que sonha vê-la em um cargo administrativo, e mergulha em uma das investigações mais complexas de sua carreira. Chamado para Florença, seu talento é requisitado quando a Inteligência Secreta Italiana se vê incapaz de resolver uma série de assassinatos brutais. As vítimas: mulheres encontradas vestidas como meretrizes, dispostas como verdadeiras obras de arte dentro de suas próprias casas. O que intriga Sophie é o cuidado com a cena do crime: nenhum vestígio de violência sexual, apenas um padrão assustadoramente estético e calculado. À medida que mergulha nesse jogo macabro, ela entra em confronto com uma mente psicopata que leva uma vida dupla e não deixa rastros. Mas há algo mais sombrio à espreita: ela se torna sua obsessão. Duas mentes brilhantes. Uma caçada contra o tempo. Mentiras, reviravoltas e um assassino mais próximo do que ela imagina. Prepare-se para um thriller de tirar o fôlego, onde cada detalhe pode ser a chave... ou o próximo erro fatal.

Índice

Capítulo 1 Prólogo

"Existem certas pistas na cena do crime as quais, por sua própria natureza, não podem ser coletadas ou examinadas. Como coletar amor, raiva, ódio, medo? Essas são coisas que somos treinados para procurar. " James Reese

SOPHIE

Em alguma ruína da ilha deserta de Poveglia, Itália.

10 de setembro de 2025.

Entrar na mente de um psicopata é como adentrar uma casa com paredes, teto e chão de vidro.

Tudo está exposto.

Inclusive você.

Cometi meu primeiro erro quando dei corda a ele. Flertei com seu lado psicótico, deixei-o invadir minha mente e permiti que essa relação se tornasse pessoal. Fazer isso com um assassino comum é diferente: um jogo brando de trocas de informações. Com ele, foi sujo e desgastante. E, por mais que seja meu trabalho, não consigo evitar a sensação de estar manchando minha alma. Não há conserto para o que sinto agora. Cada milésimo de segundo revela uma nova descoberta. Aprendi que, para capturar alguém como ele, é preciso dominar a arte da calma, a paciência é essencial.

Mas há um preço!

Nos envolvemos demais. E, quando isso acontece, torna-se impossível distinguir o que é real e o que é manipulação.

Faz cinco meses e três semanas que estou neste jogo. Cinco meses ouvindo aquela voz misteriosa invadir meus pensamentos. Prever sua próxima jogada era o objetivo até que, de repente, fui eu quem se viu no tabuleiro, sem defesa, à mercê dele.

Meticuloso, calculista.

Ele orquestra cada passo com precisão cirúrgica. Não deixa rastros, nem testemunhas, e eu o subestimei.

Um erro.

Só um.

E ele transformou o peão em rainha.

Agora sou eu quem está do outro lado. Presa. Vendada. Esperando pelo fim. Apesar da escuridão, meus sentidos estão em alerta, posso ouvir, sentir e imaginar. Sei que estamos em um lugar bem afastado. O som do mar me diz que estamos isolados, ouço as ondas quebrando e se chocando contra a areia. Sinto o cheiro da natureza misturado ao do meu próprio medo, sua voz ecoa pelo alterador.

Fria, impessoal.

Impossível de identificar. E eu sei: no momento em que ele tirar a venda dos meus olhos... Estarei morta. Ele não vai me deixar ir, ele me conhece tão bem, a ponto de não me subestimar. Sei que posso gritar com toda a força... e ainda assim, isso não me libertaria. Estamos longe de tudo.

O vento quente entra pela janela e acaricia minha pele exposta, exceto pela lingerie que, provavelmente, foi ele quem me vestiu. Não consigo me mover. Aplicou algo que paralisou minhas funções motoras, e agora estou completamente à mercê dele.

A única certeza que tenho é que ele não vai me estuprar. Mas isso não explica as cordas ao redor dos meus pulsos e tornozelos, me prendendo à cama com firmeza. A espessura da corda, o modo grosseiro como foi amarrada, tudo isso foge dos padrões meticulosos dele. E isso, para mim, é um péssimo sinal.

Mas sei que ele fará tudo o que lhe trouxer prazer, e é isso que me atormenta. Meu peito sobe e desce com rapidez. A respiração curta. O desespero silencioso. Sei que a porta irá se abrir a qualquer momento, e quando isso acontecer a tortura vai começar.

Fui tola ao acreditar que conseguiria resolver este caso antes dos próximos corpos aparecerem, posso desaparecer, e tudo continuará.

Ele vai matar de novo. Tudo o que sei sobre ele está nos relatórios, recortes incompletos de um quebra-cabeça que jamais fechou.

Faltam peças.

Faltam respostas.

Falta tempo.

Quando perdemos um dos sentidos, os outros se aguçam, consigo ouvir ruídos suaves vindo de fora da casa e de dentro. Sinto as lágrimas escorrendo lentamente pelo meu rosto. O ranger alto da porta se abrindo marca o ápice do meu tormento. Ela se fecha com um estalo seco e então ouço os passos.

Lentos.

Precisos.

Eles se aproximam... Até pararem ao lado do que imagino ser esta cama macia onde estou amarrada, o colchão afundou, seus dedos tocam meu braço. Subindo devagar, como uma doce tortura, para ele.

- O efeito da droga que está circulando em seu organismo vai passar em breve.

A voz grave preenche o que imagino ser o quarto. A entonação metálica, distorcida pelo modulador, confirma que não verei o rosto do meu carrasco.

- Talvez sinta uma dormência maior no braço. Tive que remover o rastreador e realizar uma pequena cirurgia. - A voz estava calma, controlada. Sabia demais. - A dor vai desaparecer com o tempo...

Mesmo paralisada, sinto tudo. Suas mãos são suaves, quase gentis, enquanto deslizam pelo meu corpo como se o estivessem explorando.

- Mas devo alertá-la: você pode gritar, espernear, até mesmo tentar se soltar... mas descobrirá que as cordas apertam mais. E eu realmente não quero que se machuque.

Minha respiração acelera quando seus dedos tocam o vão entre meus seios e sobem até meus lábios, roçando-os com lentidão. O cheiro de amêndoas toma o ar.

- Você e eu temos tanto em comum... - ele continua - Agora vou preparar nosso almoço enquanto seu corpo se livra das toxinas. Quero você acordada e alerta para tudo que fizermos juntos. - Ele faz uma pausa. Em seguida, desce a venda dos meus olhos. Instintivamente, fecho-os em um gesto de defesa. - Abra. - sussurra.

Mesmo trêmula eu obedeço, por trás da máscara negra, vejo olhos frios, de um azul cortante. A máscara cobre apenas parte do rosto, mas é o suficiente para entender que ele está irritado e tentando provar que estou errada. O fato de ter saído da sua zona de caça, de ter cometido um erro, talvez tenha sido uma exceção. Uma oportunidade rara.

- Você é ótima em análise comportamental e construção de perfis psicológicos, mas falhou ao ler as entrelinhas. - Sua voz permanece calma, mas cada palavra carrega um peso gélido.

Meu corpo ainda dói. Sei que logo estarei consciente o suficiente para reagir, mas não faço ideia de onde está minha equipe, se estão me procurando ou se sequer notaram meu desaparecimento. Ele cometeu um erro ao me escolher.

- Me decepcionou, senhorita Sophie. Imaginar que os assassinatos eram apenas por frequentarem o clube? Muito raso... até mesmo para você. - Avisaram-me para não seguir esse caminho, mas eu não sou boa em ouvir conselhos. - Pretendo corrigir essa sua opinião. - Meu corpo estremece. Ele estava prestes a sair dos padrões. Eu quis gritar, mas o efeito da droga ainda me prende.

- Vai me matar? - sussurro, com a voz fraca.

- Calma. Não sou o monstro que você pensa. - Ele sorri, um sorriso dissimulado, confiante. - Devo dizer que você foi enganada o tempo todo. Eu fui seu captor... mas não sou seu salvador. Você me odeia por tê-la trazido aqui, mas fiz isso para o seu próprio bem. Agora, mantê-la viva é minha responsabilidade. - Ele faz uma pausa, e então sorri, aquele sorriso cínico, quase debochado. - Não vou matá-la, nem torturá-la, muito menos violar seu corpo, que você tanto teme, só preciso te contar exatamente no que está se metendo, antes que me diga o que fará com o que vai ouvir. Relaxe. Se for uma boa menina, posso até te desamarrar... aos poucos.

- Do que está falando? - minha voz mal sai. - Um psicopata com consciência? - Começo a rir da sua expressão. - Sabemos que, no momento em que tirar essa máscara, estarei morta. Mas há falhas no seu plano...

- Eu sou um homem de palavra, senhorita Sophie. - Ele me interrompe, firme. - Mesmo que seu corpo todo amarrado e indefeso me excite, prometi não lhe causar dor. Se quebrar o acordo... ele não me perdoará. Ele gosta de você, ou já estaria morta. - Ele sorri, enigmático. - Além disso, tenho outra convidada no quarto ao lado - diz com um brilho tenebroso nos olhos, e um arrepio me percorre a espinha.

Sinto meu corpo estremecer, a garganta seca, a respiração presa no peito. Gaguejo, tentando formar a pergunta:

- E-e-ela... quem?

- Charlie. - Ele sorri, com um prazer sádico. - Está amarrada no outro quarto. E, se fizer alguma gracinha, posso deixá-la cheia de arrependimentos. Sua amiga pode sofrer. Pode morrer.

- Não a machuque! - imploro e ele parece satisfeito com meu desespero.

- Isso depende só de você. - Estou tonta, tudo dói, minha cabeça gira. - Sabe por que nunca conseguiu me prender? Por que seu perfil nunca se encaixou? Porque você sempre esteve dois passos atrás.

- Você está vendo isso tudo pela perspectiva errada, senhorita Sophie. Sabe por que nunca definiu um perfil correto? Por que nunca me prendeu? - neguei balançando a cabeça - Nenhuma daquelas pessoas era inocente. Cada uma mereceu o que teve. E eu sou muito mais do que a voz no telefone... - Seus olhos brilham. Há um entusiasmo obscuro ali. Uma lembrança das vítimas que parece o embriagar. - Não vai me prender, mas também não espalhará mais mentiras. Você será minha confissão. Contará ao mundo por que eu fiz isso. E depois... voltaremos à caçada. Desta vez, serei sua presa. E meu rosto será a resposta para os verdadeiros criminosos. - Vamos começar do início.

A porta se abre e uma nova figura entra. Mas essa... essa eu conheço. Um homem de feições suaves, olhar frio, diferente de tudo que ele me mostrou antes. Meu coração dispara. A respiração falha. Nunca imaginei que ele seria capaz de algo assim.

- Como eu disse ao meu amigo: só eu posso tocá-la. Aliás... olá, Sophie. Surpresa em me ver? - Puxa uma cadeira e senta-se à minha frente, sorrindo. - Você estava certa sobre serem dois psicopatas. Só desconfiou da pessoa errada. Temos, sim, uma história para contar. E ela precisa começar do começo. - Seu sorriso é genuíno, quase entusiasmado. - O que fazemos é justiça. Uma troca justa, se levarmos em conta o que cada uma daquelas pessoas fez para morrer. Ele executa. Eu garanto que nada nos ligue aos crimes. - Mas então... ele muda o tom. - Nossa parceria está chegando ao fim e encontrei algo que vale a pena lutar mas, convencê-la disso não será fácil... Ele vai se suicidar por nós.

Fui vigiada desde o momento em que cheguei a Florença e agora, sou a vítima.

Mas não serei uma vítima passiva.

Agora eu sei quem eles são.

E não será tão fácil me dobrar.

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