A insistência dos meus colegas de faculdade era irritante. E lá estava eu, de volta ao Brasil, sendo arrastada para uma festa de reencontro. O salão estava cheio, música alta, risadas forçadas. Então, meu coração parou. Lá estava Pedro, meu ex-namorado, o homem que um dia amei mais que tudo. Ele parecia mais maduro, um sucesso. Seus olhos encontraram os meus, e um silêncio constrangedor caiu sobre nós. Então, o impensável aconteceu. Diante de todos, ele se ajoelhou e tirou uma caixa de veludo, revelando um anel de diamante. "Ana Paula", ele disse, sua voz ressoando, "Case comigo." Um suspiro coletivo tomou conta do ambiente. Todos esperavam que eu aceitasse, com lágrimas de felicidade. Afinal, para eles, eu era a garota que, com muita insistência e um amor quase tolo, tinha conquistado o coração do popular Pedro. Mas ninguém parecia se lembrar do resto. Ninguém se lembrava da formatura, cinco anos atrás. Naquele dia que devia ser o mais feliz da minha vida, Pedro subiu ao palco. Mas não para me parabenizar. Ele me acusou publicamente de plágio, usando provas falsas para me incriminar. Disse que eu fraudava provas e praticava bullying. Tudo para proteger Maria Clara, sua amiga de infância. A universidade revogou meu diploma e me expulsou da cerimônia. Meu mundo desabou. No dia seguinte, eu estava num avião para Portugal, com o coração partido e a reputação destruída. Agora, cinco anos depois, Ricardo, o melhor amigo de Pedro, se aproximou. Ele sussurrou, como se me contasse uma grande revelação: "Depois que você foi embora, Pedro usou os contatos da família para recuperar seu diploma. Ele guardou para você." Ele fez uma pausa, esperando me comover. "Mesmo depois de tantos erros, ele nunca te esqueceu e sempre te esperou. Ele diz que, se você quiser, sempre será a esposa dele." As palavras de Ricardo soaram distantes, como um eco vazio. Pedro. O nome não doía mais. Não havia raiva, nem tristeza, apenas um vazio. O tempo e uma nova vida tinham curado feridas que pensei serem eternas. "Ricardo", eu disse, minha voz firme, "Diga ao seu amigo que agradeço a oferta." Olhei para Pedro, ainda ajoelhado, o anel estendido, a esperança em seus olhos. "Mas não, obrigada." Minha recusa foi clara e final. "Esse amor que ele oferece", continuei, um pouco mais alto. "Para mim, já não tem valor algum." Meu passado me persegue, mas meu presente, construído com suor e lágrimas longe dele, guarda um segredo que Pedro jamais imaginou. E agora, darei o golpe final.