A um mês do meu casamento, Lucas, meu noivo, estava constantemente grudado no celular, rindo das piadas de Patrícia, sua amiga de infância. Eu me sentia invisível, com a dor da perda do meu pai e irmão militares ainda me sufocando. Mas a invisibilidade se transformou em humilhação quando Patrícia, com sua voz estridente e alegria invasiva, decidiu aparecer sem avisar. Ela ignorou minha presença, jogou-se ao lado de Lucas no sofá e, como um furacão, virou minha vida de cabeça para baixo. Sem qualquer aviso, ela pegou meu pulso e, num ato brusco, quebrou o bracelete de prata. O bracelete que meu irmão me deu, seu amuleto da sorte, a única coisa física que me restava dele, estava agora em pedaços. Lucas, em vez de me defender, consolou Patrícia, minimizando a quebra do bracelete como um "acidente" e minha dor como "sensibilidade" . Ele me ignorou e a protegeu, me mandando "limpar a bagunça" . Como ele podia ser tão cego? Tão insensível? A dor no meu peito não era mais apenas luto, era uma ferida aberta pela traição dele, pela crueldade dela. Eu era um fardo, um inconveniente. Naquele momento, enquanto ele a consolava e as amigas dela me lançavam olhares de ódio, uma clareza gelada me atingiu. Eu não ia casar com ele. Eu não ia ser apagada lentamente. Em segredo, com meu braço quebrado pela fúria dela e a negligência dele, eu apliquei para uma vaga de correspondente de guerra. Era hora de encontrar a minha própria coragem, longe dali, longe deles. Eu não estava fugindo; estava me libertando.