A dor excruciante não era da facada que tirou minha vida, mas da lembrança vívida de um passado que se recusava a morrer. Eu estava de volta, no dia exato em que minha irmã, Mariana, me pediu o impossível, o pedido que me levaria à morte pelas suas próprias mãos em minha vida passada. Ela destruiu meu rosto com meu próprio bisturi e cravou a lâmina em meu abdômen, enquanto meus pais assistiam, indiferentes à minha agonia. Ignorada, invisível, eu morri no chão frio da minha clínica, uma cirurgiã plástica de sucesso descartada por uma família obcecada pela ganância de Mariana. Mas agora, o cheiro de antisséptico era real, o sol invadia minha clínica e meu rosto estava intacto. Eu estava viva. Foi então que a porta explodiu e ela entrou, Mariana, com seu sorriso venenoso e a voz doce, pedindo para ser transformada em outra pessoa. "Eu quero o rosto dela, Sofia. Exatamente igual. Cada detalhe," ela exigiu, jogando uma revista na minha mesa com a foto da Sra. Rocha, esposa de um magnata. Na vida passada, tentei avisá-la do perigo do Sr. Rocha, mas ela riu, chamando-me de tola e revelando o sequestro da verdadeira Sra. Rocha. Minha raiva e o pavor subiam pela garganta, mas as engoli, lembrando-me da dor, do sangue e do olhar vazio dos meus pais. Desta vez, não recusei. Eu a transformaria na cópia perfeita, mas o mundo dela, construído sobre mentiras e crueldade, desabaria. Enquanto o Sr. Rocha prometia vingança na TV, Mariana sonhava com uma vida de luxo, cega para o desastre que se aproximava. Ela me disse: "O medo é para os fracos, Sofia. E eu não sou fraca. Agora, pare de falar e comece a trabalhar." Minhas mãos não tremiam mais. A vingança é um prato que se come frio, e a minha estava prestes a ser servida.