A última coisa que senti foi o vento gelado no meu rosto, empurrada do terraço por quem eu chamava de melhor amiga, Laura, enquanto meu ex-namorado, Pedro, assistia com desprezo. Morri, traída por aqueles que um dia me roubaram a bolsa de estudos dos meus sonhos, me condenando a uma vida de luta enquanto eles ascendiam. Mas a morte não foi o fim. Abri os olhos e estava de volta, na minha cama, sentindo o cheiro do bolo de fubá da minha mãe, três meses antes de tudo desmoronar. A vingança ardia em mim, mas o cenário que encontrei na escola me gelou a alma: Pedro e Laura, encenando um beijo teatral, com o mesmo desprezo de Pedro e a ganância de Laura em evidência. Percebi, chocada, que não estava sozinha na volta – ele também havia renascido, com as memórias de seu fracasso, pronto para construir seu sucesso sobre meus escombros novamente. Eles tentaram me humilhar, derrubando minhas anotações, e Laura me ameaçou, relembrando a noite em que me drogaram para me impedir de viajar. A antiga Sofia teria chorado, mas agora, com cada célula do meu corpo clamando por justiça, eu soube: o jogo deles seria barulhento e sujo, o meu, silencioso e letal. Desta vez, as coisas seriam diferentes, e eu sabia exatamente por onde começar: não com lágrimas, mas com lógica, estratégia e foco inabalável para reescrever meu destino e fazê-los pagar por cada dor que me causaram.