Sete anos. Sete anos da minha vida dedicados a construir o casamento dos sonhos com Bruno, cada detalhe meticulosamente planejado, da cor das hortênsias brancas à igrejinha na serra. Até que, no palco de uma feira de noivas que eu mesma organizei, vi Bruno se ajoelhar para Sofia, com o meu anel, proferindo as declarações que eu sonhava ouvir dele. Embora ele afirmasse ser um "ensaio" para o noivo dela, a humilhação me sufocou, especialmente quando ele descartou meu projeto de vida como "apenas um monte de papel" e, pior, o compartilhou com ela. A dor se tornou física, um nó no peito que eu já vinha sentindo, e que me levou a um diagnóstico de câncer de mama em estágio avançado. Mesmo assim, no hospital, quando tentei confessar meu pavor, Bruno me ignorou, mais preocupado com o "tornozelo" de Sofia no andar de oncologia. Ele ainda pediu que eu, a especialista, concluísse o projeto de Sofia, o meu projeto de vida, aquele que ele havia roubado sob a desculpa de "ajudar uma amiga". Quando um amigo dele revelou que meu sonho de casamento era, na verdade, uma promessa antiga de Bruno a Sofia, entendi a verdade cruel: eu nunca fui a primeira opção. Não havia mais tempo, nem mesmo para o ódio. Só restava a paz fria da aceitação. E então, em um suspiro final, enviei a mensagem que selou nosso destino. "Acabou."