Acordei no hospital, o cheiro a desinfetante misturado com a dor aguda no meu abdómen. O meu bebé tinha-se ido. O nosso filho de oito meses. Onde estava o Leo, o meu marido? Nenhum sinal dele. O meu telemóvel mostrava dezenas de chamadas não atendidas. Ele atendeu finalmente, a voz fria e impaciente: "O que foi agora, Sofia? Estou exausto." "O nosso bebé..." A minha voz falhou. Ele interrompeu-me: "Eu sei. É uma pena, mas estas coisas acontecem. Não te stresses com isso." Stress? Eu perdi o nosso filho! Então, ouvi uma voz feminina familiar ao fundo: "Leo, querido, podes trazer-me um cobertor?" Era a Eva, a minha "melhor amiga". Ele estava com ela, no hospital, enquanto eu estava sozinha, a sangrar e a perder o nosso filho. Ele chamou-me egoísta. Disse que a vida continua. Desligou. Bloqueou-me. A dor de ver a minha barriga vazia foi substituída por uma raiva fria. Quando encontrei o brinco dela na nossa cama, percebi a extensão da traição. A minha sogra, Dona Isabel, ainda tentou manipular-me, chamando-me de "frágil" e "dramática". Mas a Eva, semanas depois de defender o Leo ao telefone, ligou-me implorando-me para não me divorciar dele, revelando a sua própria hipocrisia. Senti uma estranha sensação de liberdade. Chega. "Divórcio," disse eu. "O meu advogado entrará em contacto com ele." A guerra tinha começado, e eu não ia perder.