Esta noite deveria ser o ápice da minha carreira. Meu colar, o "Coração do Oceano", a obra-prima da joalheria Vivero, estava em exibição. Eu, Ana Mendes, a designer, sentia o orgulho inflar o peito. Então, as luzes se apagaram, e o diretor da Vivero, Sr. Almeida, anunciou, com a voz trêmula: "O colar 'Coração do Oceano' foi roubado." E em seguida, seu olhar se fixou em mim: "As evidências apontam para nossa própria designer... Ana Mendes." O holofote girou. Câmeras dispararam como metralhadoras. O murmúrio chocado da multidão se transformou em gritos de surpresa. Meu noivo, Pedro, me abraçou, sussurrando: "Calma, meu amor. Isso é um mal-entendido. Vamos resolver isso." Eu queria gritar, mas minhas pernas fraquejaram e o mundo girou. Ele me levou para uma sala privada com Sofia, minha melhor amiga, que parecia horrorizada. "Eu não fiz isso, Pedro", eu soluçava. "Eu sei", ele respondeu, com uma segurança que acalmou meu coração. "Alguém armou para você. Vou descobrir quem foi." Eles saíram para falar com a segurança, me pedindo para esperar. Mas então, ouvi as vozes deles do corredor, frias, calculistas. "Você acha que ela acreditou?", perguntou Sofia. "Claro", Pedro respondeu, com uma risada cruel. "Ela é ingênua. Sempre come na minha mão." Meu mundo se despedaçou. Eles planejaram tudo. O roubo, a humilhação, o casamento para me controlar e, como descobri horas depois no hospital, a perda do meu bebê recém-concebido, que para eles era apenas um "aglomerado de células", um "problema resolvido". Em meio a essa traição abissal, uma fornalha de ódio se acendeu em mim. Eu não iria apenas sobreviver. Eu iria lutar. Peguei meu celular, mal podia sentir meus dedos. Disquei um número que não usava há anos. "Pai, sou eu. Preciso de ajuda."