As chamas lambiam as paredes da casa, o calor e a fumaça queimavam meus pulmões, mas meus olhos estavam fixos no rosto de Clara, deformado pelo terror. O ódio que senti naquele momento era tão puro, tão intenso, que superava qualquer dor física. Na minha vida passada, a destruição da minha família começou com um pedido inocente e a malícia de Clara, minha colega de quarto universitária. Ela armou um escândalo, acusando meu irmão, Pedro, de assédio na véspera de seu vestibular crucial. Mesmo sem provas, a reputação de Pedro foi destruída, a universidade retirou sua oferta e nossos pais, ingênuos, a acolheram em nossa casa para evitar que nos prejudicasse mais. Pedro abandonou seus sonhos, trabalhando em uma fábrica clandestina para sustentar o luxo de Clara. A notícia de sua morte, esmagado por uma máquina, partiu meus pais, que adoeceram e se foram rapidamente, me deixando sozinha. Com o coração cheio de ódio, ateei fogo à casa, levando Clara comigo, vendo seu rosto aterrorizado como minha última vingança. E então, abri os olhos novamente, na luz do sol do meu antigo quarto universitário. O cheiro de livros e café me envolveu, e a data em meu celular me fez prender a respiração: era o dia em que tudo começou, o dia em que Clara me pediria para morar em nossa casa. Eu tinha voltado, tido uma segunda chance. Um arrepio percorreu minha espinha – tudo era real. Naquele momento, a porta se abriu, e Clara entrou com seu sorriso doce e falso, seus olhos cheios de uma inocência fingida. "Sofia, posso te pedir um favor?" Sua voz melosa era um eco do inferno, mas desta vez, a resposta seria diferente. Eu não apenas impediria a tragédia; eu garantiria que ela pagasse por tudo que fez, e a justiça seria servida fria e em público.