Eu fui acorrentada na porta da mansão de Ricardo por três dias e três noites, como um cachorro. O motivo? Minha irmã adotiva, a frágil Sofia, perdeu um broche. E eu fui acusada de roubo. A coleira de metal roçava meu pescoço, deixando a pele em carne viva, e a cada movimento, a corrente batia no mármore, ecoando pela casa que um dia foi meu lar. Lutei, gritei, implorei para Ricardo acreditar em mim: "Ricardo, sou eu, Laura! Me solta! Eu não roubei nada!" Mas ele, o homem que eu amava, que jurou me proteger, apenas me olhava com desprezo enquanto Sofia, a verdadeira manipuladora, sussurrava mentiras em seu ouvido. Fome, sede e humilhação se tornaram meus algozes, e a dor física se somava à da traição. Quando a chuva fria encharcou minhas roupas, e Ricardo me perguntou, friamente, "Você admite?", eu soube que não havia mais esperança. Eu bati minha cabeça na estátua. Caí. Mas antes que a escuridão me engolisse, ouvi o pânico em sua voz, gritando meu nome pela primeira vez em dias. Foi o som da minha liberdade, e eu forjei minha morte, jogando-me no mar tempestuoso. Para ele, eu estava morta. E essa era a única maneira de eu poder viver, de me reerguer, e talvez, um dia, revelar a verdade que ele se recusou a ver.