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Confusões do Amor

Confusões do Amor

5.0
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Sinopse

Índice

Mica, queria entender a partir de que momento sua vida se tornou uma confusão. Se foi quando perdeu seu melhor amigo ou quando se entregou a um desconhecido. Mas, não importa agora saber o momento certo, tudo que importa é sobreviver e salvar sua família. A menina de vinte anos sempre teve tudo que toda garota sonha. Pais amorosos, as melhores notas, as melhores escolas e uma vida tranquila. Seu único problema era o nome que sua mãe escolheu, que preferia manter escondido a sete chaves. Segundo ela, nem tudo era perfeito. Ao terminar a escola, decidiu sair de casa e foi aí que conheceu, Mickael. Em pouco tempo, ele se tornou a melhor pessoa que já conheceu, o irmão que nunca teve. Tudo estava indo bem, um emprego bom, um irmão do coração, faculdade dos sonhos a vista e um possível candidato para ganhar seu coração. Mas tudo mudou quando recebeu uma ligação, dizendo que seu melhor amigo havia morrido. O mundo ruiu aos seus pés, isso a afetou mais do que qualquer coisa. Em um ato de desespero, pensou em desistir de tudo, porém uma outra alternativa surgiu. Solar, não imaginava que a viagem que ganhou, a levaria de encontro a situações que jamais imaginou viver. Foi lançada em meio a um jogo de vingança, onde precisará lutar pela sua vida. Tudo isso, enquanto tenta sobreviver ao homem que a arrastou para tudo isso. Em meio a uma confusão sem igual, o amor pode surgir? A vontade de viver, pode ressurgir? Sua vida vai voltar a fazer sentido? Venha descobrir mais sobre essa história e descobrir se essas perguntas serão respondidas. Alerta de Gatilhos: Essa história contém menção ao suici... e aborda assuntos como depressão, luto.

Capítulo 1 Primeiro encontro °

— Não.... não.... e não! Não acredito, cala a boca! — Atravesso a sala indignada e com o coração acelerado. — Que brincadeira de mau gosto! Sarah, entrega o celular ao seu irmão agora! — Ordeno, sem me importar com o tom de voz que saiu.

A linha fica muda, penso que a brincadeira acabou e que logo estarei falando com meu amigo. Ele sempre foi brincalhão, adora pregar peças e afins, mas essa de agora foi o cúmulo do absurdo. Pedir à irmã para dizer que sofreu um acidente e não está mais entre nós, nem consigo expressar minha raiva por isso. Certamente, matarei ele quando chegar em casa.

— Mica? — A voz que ouço não é a que espero. — Mica, está aí? — É a mãe dele, isso me deixa em desespero e preciso parar para entender o que está acontecendo. — Olha, vem aqui em casa, podemos conversar melhor. Infelizmente, o que Sarah disse é verdade, sinto muito te contar pelo telefone, foi de repente. — Eles não se davam bem, ela não brincaria assim.

Meu mundo se parte no mesmo instante, decretando o início de minha mais profunda dor. Perdi meu amigo, meu irmão, a pessoa que me acolheu quando decidi sair de casa e viver independente.

O celular cai da minha mão, batendo com força no chão e ocultando o baque que meu corpo faz ao cair também. A princípio fico encarando o sofá que está em minha frente, sem saber ao certo o que estou sentindo. Foi tão de repente, ontem estávamos jantando no meu restaurante favorito e hoje, não sei como, ele se foi. Não quero saber, não quero investigar, só quero que seja mentira. Uma pegadinha que se faz no dia da mentira, mesmo que ainda não estejamos em abril.

— Por que me tirar ele? — Indago enquanto me sento normalmente, agarrando os joelhos e escondendo a cabeça. — Ele é a melhor pessoa que conheci. — Resmungo ainda incrédula. — Não é real! — Encosto na parede, levando a mão ao rosto e esperando acordar desse pesadelo que começou.

(...)

Desde que recebi a notícia que mudou minha vida, tudo foi por água abaixo. Precisei esconder minha dor e tentar trabalhar, não consegui, cometi diversos erros e fui demitida. Pensei que todos gostassem de mim, mas na primeira oportunidade, fui chutada para fora. Isso tudo em um dia.

Recebi a notícia ontem de madrugada, não consegui dormir mais, porém precisei levantar e ir trabalhar. Parecia um zumbi, mas tentei ser útil.

Hoje pela manhã, mais um estado de dormência não pode ser admitido, deixei cair sem querer uma bandeja de café que levava pro escritório do meu chefe. Nada demais, pensei. O problema foi que caiu sobre a mesa cheia de documentos. Ele gritou, eu chorei, a assistente arrogante dele me chutou pra fora. Sai de lá, direto para cá, um péssimo dia.

Nunca lidei muito bem com as perdas, desde que perdi meus avós, essa parte de mim trava e não me sinto mais eu. Causa uma perturbação em minha vida, demoro a me recompor após essas partidas, pois sinto que uma parte de mim morreu também, não é fácil esquecer e seguir em frente quando isso acontece.

Desde que conheci Mickael, foi tipo amor à primeira vista, mas de amigos. Em pouco tempo, aquele esbarrão se tornou o início de uma linda amizade. Ele cuidava de mim e eu dele, sempre priorizando um ao outro.

Quando sai de casa, buscando minha independência, foi com ele que passei a dividir um pequeno apartamento e semana que vem faríamos dois anos morando juntos. Nunca teve algo a mais em nossa relação, um sentimento de forma romântica, foi um encontro de almas destinadas a serem irmãos, eu amava isso.

Agora, o apartamento parece grande demais para uma pessoa. Como vai ser daqui pra frente? Como viverei sabendo que ele não vai chegar, animado como sempre e me perturbar até que arranque um sorriso. Só ele sabia me animar nos dias tristes e me tirar de casa, quando tudo que eu mais queria era me esconder embaixo da cama.

Encarar o mundo sem ele parece tão assustador. Mais assustador do que encarar um caixão fechado, com pessoas ao redor e sensações divergentes. Não quis saber como tudo aconteceu, talvez esse seja um erro, mas sei que saber, vai me assombrar. Prefiro a ignorância, do que perder mais noites de sono do que já sei que perderei.

Sempre lembrarei do seu sorriso enorme, sua pele escura e seus cachinhos, que eu obrigava a fazer tratamentos. Era lindo demais para cortar sempre ou não cuidar, costumava brigar quando ele cortava estilo militar. Sentirei falta de todas essas situações. Ou até de quando ele me apresentava uma ficante nova, uma a cada semana. Brigava tanto com ele por iludir as meninas e depois sair fora. Éramos incríveis juntos, o yin-yang, eu estava mais para a escuridão, uma vibe desânimo sempre e ele a luz, exalando simpatia e animação.

Por que sou assim? É um questionamento que sempre faço. Fraca demais, inocente demais, esquisita demais e azarada demais.

Olhando para as pessoas ao redor, através do óculos escuro, percebo que não conheço ninguém, somente Sarah e a mãe dele. Pessoas que, em quase dois anos, vi pouquíssimas vezes. O resto, não conheço ninguém, mesmo que não tenham mais que vinte pessoas aqui no velório.

Não consigo mais ficar aqui, sinto como se o ambiente fechado estivesse prestes a me sufocar. Parece que meu pescoço está sendo apertado por alguma força invisível que me oprime, não consigo ver, apenas sentir.

— Com licença! — Peço, passando pelas pessoas desconhecidas e quase correndo em direção a porta.

Saio, me escorando na parede e só consigo respirar fundo quando estou fora da pequena capela. Fecho os olhos, inclinando a cabeça para cima e comprimindo os lábios.

— Fraca! — Me acuso, deixando claro que não estou em sã consciência.

Dois dias atrás, minha vida parecia perfeita, tudo nos conformes. Ontem, tudo virou de cabeça para baixo e agora, não sei mais o que fazer. Quero sentar aqui, abraçar meus joelhos e chorar até que me sinta melhor. Só não seria bom, pois estou no meio da calçada, de frente para uma avenida movimentada.

— Mica, tudo bem? — Escuto a voz de Sarah, o que me faz abrir os olhos e encarar seu rosto. Ela não parece tão acabada como eu, talvez eu esteja exagerando demais.

— Não! Por que essas coisas acontecem? — Ela encolhe os ombros, como se não soubesse me responder.

— Olha, tenho certeza que tudo vai ficar bem, logo logo. Não se preocupe! — Parece convicta de suas palavras. — Mickael odiaria te ver assim. — Uma simples frase, que me desmonta por inteira.

Ela me abraça, me mantendo firme, pois minhas pernas vacilam. Queria ser mais estável, porém, desde pequena eu sou instável demais. Alguns minutos se passam, não me sinto bem, mas o choro já acabou, apenas as fungadas permanecem.

— Quer comer algo? Posso te levar para casa depois, não parece em condição de ir sozinha. — Pergunta, solícita, mas nego.

— Vou chamar um uber, não se preocupe. Pode voltar, não deve estar sendo fácil para vocês também. Prefiro ficar sozinha.

— Tem certeza? — Assinto, ela parece incerta, mas solta o ar, não querendo insistir. — Até mais, se precisar de alguma coisa, me liga. Conversar, sair ou coisa parecida, não precisa se afastar.

— Obrigada! — Tento sorrir. Ela volta para onde estava antes, me deixando sozinha e sem saber o que fazer.

Olho o relógio em meu pulso, são três horas ainda, ir embora e ficar sozinha no apartamento não seria bom. Não confio em minha cabeça, ela só vai me atrapalhar.

Começo a andar para nenhum lugar específico, só andando sem rumo e esperando que algo de bom aconteça. Preciso me distrair, preciso arrumar algo para fazer. Respiro fundo, retirando os óculos e abrindo a bolsa, para guardar o acessório e pegar minha carteira. Consigo cumprir meu objetivo, fecho o zíper e olho para frente, mas não consigo parar antes de bater de frente com alguém.

Tudo em minha mão voa, mas eu não tenho a mesma sorte, acabo caindo de bunda no chão, só para completar o dia péssimo que estou tendo. Olho para frente, vendo minhas coisas e um homem também. Ele acabou se desequilibrando, deixando os papéis em sua mão cair também.

— Você está bem? — Pergunta quando me olha, antes de se preocupar com as coisas. Meu rosto inchado, olhos vermelhos e lábios secos, devem demonstrar a resposta para a pergunta.

— Desculpa! — Volto a mim, recolhendo minhas coisas, enquanto começo a engatinhar pelo chão. Fico de pé, guardo tudo, apressando meus passos e fingindo que o minuto anterior não aconteceu. — Você precisa ter atenção, Solar. Vai acabar se machucando! — Me repreendo. — Não seria algo ruim, afinal. — Paro de andar. Tentando entender o que acabei de falar. Eu não estou bem.

Levanto o olhar, lendo o nome da loja que parei em frente. Uma cafeteria, acho que um café seria bom agora.

— Solar? — Faço careta quando escuto esse nome. Quase bufo, mas me controlo.

Eu odeio esse nome, e evito sempre que posso seu uso. Se eu me chamasse Sol, seria bom, ou até um nome normal. Minha mãe, como uma boa astrônoma, achou incrível por nomes diferentes nas filhas, meu pai, também astrônomo, embarcou nessa ideia louca.

Me chamo Solar, como o sistema solar, minha mãe diz que quando eu nasci, olhou em meus olhos e lembrou de toda a imensidão do universo, os planetas, estrelas e afins. E assim como o sistema solar é incrível, eu também seria. Minha irmã mais velha teve sorte, primeira filha, os pais não estavam tão loucos, como quando a segunda filha nasceu, colocaram seu nome de Estelar. Eu acho bonito, é mais normal. Tem até uma super heroína com esse nome.

Finjo que não ouvi meu nome ser chamado e caminho em direção ao café. A voz, que insiste em me contatar, é a mesma que perguntou se eu estava bem minutos atrás. Não estou afim de conversar, mas... Como ele sabe meu nome?

Me viro, só para notar que o homem esquisito segura um documento meu em mãos. Minha carteira de habilitação. Deve ter caído quando nos esbarramos.

— Ah, isso é meu. — Avanço para pegar, mas ele, que é maior que eu, levanta a mão e deixa no alto. Minha testa se franze, sem entender o motivo disso. — Pode me entregar?

— Posso fazer uma troca. — E abre um sorriso de lado irritante.

Estou triste demais para ficar irritada, mas esse homem está conseguindo causar o efeito em mim. Suas roupas são coloridas, bem estampadas. Seu cabelo é até o ombro, tem uma faixa preta em sua cabeça, e um brinco de pena. Ele é hippie? Sua blusa está fechada somente nos quatro primeiros botões de baixo para cima, deixando seu peito definido a mostra.

— Por favor. — Tento apelar pra compaixão, não adianta. Ele ainda mantém o braço alto.

— Estou recolhendo alguns nomes, pessoas interessadas em concorrer a um sorteio.

— Não estou afim. Pode me devolver, por favor? — Não deixo que prossiga, ele não se abala. Me ignorando.

— Já preenchi seus dados, preciso somente de um número de celular, endereço e-mail.

— Você o quê? Eu não quero! — Agora, como se já não estivesse no fundo do poço, começo a pular na rua igual uma doida, para pegar meu documento.

— Se eu não levar isso preenchido para minha avó, serei um homem morto. — Sua fala me faz parar, dando um passo para trás e engolindo seco. Ele fecha o semblante também, como se soubesse que me atingiu. — Olha, é uma viagem com tudo pago. Estamos inaugurando um hotel fazenda, precisamos de clientes e esse sorteio, vai selecionar algumas pessoas com tudo pago, vão ter apenas de divulgar para amigos e familiares.

— Não quero! — Me irrito, falando alto até demais. — Quer saber? Não preciso mais desse documento mesmo. — Dou as costas a ele, mas não vou longe, já que ele segura em meu braço.

Penso em me virar já para brigar, dar um tapa ou coisa parecida, mas ele segura em minha mão, somente para abrir e colocar minha habilitação.

— Desculpa! Tenha uma boa tarde. — Agora quem me dá as costas é ele, me deixando completamente mal pelo jeito que o tratei.

— Meu número é... — Falo, o que faz com que pare e se vire. — Estou passando por uma semana ruim, me desculpe, não deveria tratar ninguém mal. — Me desculpo. Ele hesita quando começo a completar meu cadastro, mas logo começa a escrever, anotando o que falo. — Boa sorte com o hotel. — Abro um sorriso fraco. Ele me olha, abre um sorriso, mas logo volta a encarar a folha para escrever, aproveito a deixa para entrar no táxi que para ao lado da calçada.

Encosto no banco, o motorista volta a dirigir e sai de onde estava prestes a estacionar. Digo meu endereço a ele, fechando os olhos e esperando que me leve para o mar de lembranças que terei assim que entrar em casa. Que eu sobreviva a isso, e não me afogue, pois sinto que estou apenas no início de um longo sofrimento.

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Bem vindos a mais uma história. Espero que gostem e apreciem os capítulos. <3

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