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Um lobo em minha vida

Um lobo em minha vida

5.0
51 Capítulo
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Sinopse

Índice

Marcado pela dor, cego pela vingança. Uma princesa inocente, um rapto, um encontro predestinado, um amor que ligará duas almas por toda a vida. Anos atrás, Peter, sofreu a maior dor que alguém poderia sentir. Viu sua mãe ser assassinada diante de seus olhos. Ao decorrer dos anos, se viu sedento pela vingança e resolveu punir o homem que lhe fez sofrer. Seu plano estava formado, pegaria a filha do rei Marcus e faria com que ele sofresse a dor que o fez sentir. Não destruiria ele de uma vez, seria um processo lento e doloroso, começando por tirar seu bem mais precioso. A vida de uma princesa não parecia ser tão atrativa para Mellany. Enquanto as outras iam a bailes, tinham namorados escondidos e se enchiam de mimos desnecessários, ela só queria aproveitar o máximo possível que a natureza poderia lhe proporcionar. Nunca entendeu essa conexão, mas se sentia cada vez mais próxima desse tipo de ambiente. Mellany, jamais imaginou que o homem que mais ama no mundo, seu pai, poderia ter sido cruel a ponto de matar pessoas inocentes. Sua vida vira de cabeça para baixo quando o lobo que costumava frequentar seus sonhos, finalmente, atravessa a barreira do sono e a assusta no mundo real. Ele, um lobo sem controle e vivendo somente para a vingança. Ela, uma mestiça, sem conhecimento algum do mundo mágico, que está prestes a descobrir que o mundo não é o mar de rosas que está acostumada. No meio de tanto ódio, pode alguma fagulha do amor se instalar?

Capítulo 1 Uma sensação esquisita °

Desperto, mas não sinto vontade de acordar. Estou tão cansada, queria dormir mais, porém quem me balança impede isso.

— Acorda, minha querida. — Nana diz, ela é minha babá, cuida de mim desde o meu nascimento.

— Não, deixe-me dormir só mais um pouquinho. Ontem fiquei até tarde acordada, olhando as estrelas. — Digo, puxando o cobertor até tapar a cabeça.

— Ninguém mandou ser tão sonhadora. — Nana disse puxando o cobertor e dobrando. — Seu pai vai viajar hoje, você deveria se despedir, não? — Dou um pulo da cama assim que ela termina de falar. — Venha, seu banho já está pronto.

— Claro, claro. Como pude esquecer que meu pai viajaria hoje? Queria tanto ir com ele, mas, por algum motivo ele não quer deixar. — Falo tirando o pijama e indo me banhar.

Terminei de tomar banho, coloquei a roupa que Nana havia escolhido para mim e ela penteou meu cabelo. Hoje ele está especialmente vermelho, por isso falei para ela deixar solto, após muita insistência de que o correto é preso. O que não ligo muito. Felizmente, consegui ganhar a disputa.

Não quis passar nenhuma maquiagem. Tenho a pele bem clara, cabelos lisos e com as pontas cacheadas que vão até além da minha bunda, eles são vermelhos e meus olhos são verdes, mas, às vezes, ficam azuis. Ninguém entendeu muito bem a cor dos meus cabelos, pois meu pai, o rei, tinha o cabelo loiro, agora eles são brancos devido a idade e como muitos retratos de minha mãe revelam, ela se parecia comigo, só que com os cabelos lisos e pretos como a noite.

— Menina, para de correr ou vai acabar caindo. — Nana diz, me olhando feio do alto da escada.

— Tá bom, Nana. Desculpe. — Falo parando no meio da escada.

Olho para a frente novamente e reviro os olhos. Não sou mais criança, mas eles insistem em me tratar como uma. Assim que vejo meu pai parado, corro novamente e pulo em seus braços. Ignorando os gritos atrás de mim.

— Bom dia, minha bela flor. — Fala me dando um beijo no rosto. — Estou de saída, mas voltarei antes do seu aniversário de dezoito anos, trarei um belo presente para você. — Ele fala sorrindo.

— Pai, meu aniversário é daqui um mês, você vai ficar tanto tempo assim fora? — Falo, saindo do abraço e parando em sua frente.

— Provavelmente, eu volte antes, mas o que vou fazer é muito importante e precisa ser feito com calma. Agora, tenho que ir, se cuida, minha pequena. — Dá um leve beijo em minha testa e olha para Nana. — Cuide bem dela, os guardas estão todos com ordens de proteger e vigiá-la. Não deixe que saía do castelo.

Antes mesmo de poder protestar, perguntando mais uma vez se eu poderia ir, papai sai e entra na carruagem, me deixando sozinha onde estávamos. Por que tanta pressa?

Corro até o lado de fora e fico parada olhando a carruagem, até que ela some no meio do verde da floresta. Não gosto dessas viagens longas, em uma delas ele chegou a ficar quatro meses fora e meu tio que ficou no comando nesse período. Ele é bom e gentil, todos gostam dele também, mas meu pai é o melhor de todos.

Após ficar mais uns minutos parada olhando para onde a carruagem foi, decido que já é hora de tomar meu café. Subo as escadas novamente e sigo em direção a farta mesa que aguarda por mim e ao meu estômago roncador.

Mesmo que Nana esteja comigo, me sinto muito sozinha nesse castelo enorme. Eu tento, mas os empregados não conversam comigo, os guardas menos ainda e as outras princesas não me aceitam muito por não ser como elas. Tenho apenas uma amiga, mas ela está presa com os preparativos de seu aniversário.

Terei de inventar meios para não cair na tristeza durante esse tempo que meu pai vai ficar fora. Mesmo que tenha seus afazeres, ele costuma separar muito tempo para mim e gosto quando sentamos perto do rio, e ele lê para mim. É meu passatempo preferido.

(...)

Termino de tomar café e sigo para o meu quarto. Está um dia bem tedioso agora e não sei o que fazer. Não posso nem ir respirar sozinha no jardim, pois milhares de guardas estão ao meu encalço, prontos para me vigiar e proteger.

Sento na cama e fico pensando em um jeito de sair sem ser vista. Me deito, encaro o teto e tento montar planos para isso em minha mente.

— Já sei. — Levanto correndo indo em direção ao corredor. — Não tem nenhum guarda a vista, vou aproveitar essa chance. — Falo enquanto olho para todos os lados. Desço a escada devagar, tentando não ser encontrada.

Vou andando na pontinha dos pés até a sala de recepção e logo depois para o jardim. Aparecem três guardas, me escondo atrás de uma moita. Eles ficam conversando. Finalmente, eles entram no castelo, corro em direção a floresta. Foi mais fácil do que imaginei. Estranho.

Estou indo para um lugar lindo que, por acaso, encontrei enquanto andava pela floresta, mas ninguém sabe desse lugar. Bom, eu acho. Nunca tive nenhum contratempo em relação a intrusos.

É o meu refúgio, para quando preciso ficar sozinha ou não tenho o que fazer. Eu meio que me perdi na floresta e achei este lugar aqui, por incrível que pareça, foi fácil achar o caminho de volta. Foi como se esse lugar fosse feito para mim, me atraindo e sendo o conforto que às vezes necessito. A conexão que sinto com a natureza quando estou aqui é incrível.

Aproveito que o vestido largo que estou me permite fazer bastante movimento e decido subir em uma árvore, para apreciar a paisagem e descansar o longo caminho que fiz. O céu hoje está bonito, tem nuvens brancas por todos os lados, tentando sobrepor o azul límpido.

Me sento quando sinto um arrepio percorrer cada parte do meu corpo, fazendo meus pelos se arrepiarem. Olho para todos os lados, para ver se vejo alguém, pois parece que estou sendo observada, porém não encontro ninguém.

Tento ficar mais um pouco, porém a sensação de estar sendo observada parece piorar. O que me incomoda bastante, dando um nervoso que não sei explicar e me fazendo decidir ir embora. Sempre que venho aqui, tomo banho no rio, mas, hoje não vai ser possível.

Hoje o dia não está sendo nada comum como os outros. Meu pai parece mais tenso, os guardas mais empenhados e atentos, Nana mais nervosa e eu, bom, me sinto diferente. Como se meu corpo estivesse mudando, mas minhas regras já vieram, meu corpo já tomou suas curvas. É uma sensação agoniante.

Decido voltar para o castelo, pois mesmo lá sendo um tédio, me sinto segura com aqueles guardas em excesso. Acho que ninguém vai me atacar caso eu esteja dentro de casa.

Volto correndo para o castelo. Os guardas me olham sem entender, mas continuam seu trabalho. Devem pensar que eu estava próxima ao labirinto de flores. O lugar que uso para sair, é um pequeno espaço no grande muro, coberto por plantas trepadeiras. Não tem como eles acharem.

Entro no castelo, mas paro quando quase bato de frente com alguém. Nana fica me encarando com os braços cruzados, ouso dizer que está bem irritada.

— Onde a senhorita estava? — Penso em responder, mas ela volta a falar. — Procuramos você em toda parte, achamos que algo ruim tinha acontecido. — Percebo a tristeza em sua voz, me deixando mal por ter saído sem ao menos deixar uma carta.

— Nana, desculpa, e-e-eu estava no labirinto de flores, acabei pegando no sono e quando acordei, vim direto para cá. Sinto muito! — Falo abaixando minha cabeça, pois se ela me olhar e descobrir que eu saí dos arredores do castelo, vai querer saber para onde fui e também aumentará a segurança. Isso vai ser horrível para mim. Não poderei sair quando for preciso.

Ela continua falando e falando. Apenas cruzo os braços e espero que termine com seu discurso de que, futuramente, serei uma rainha e preciso me portar como tal. Faço uma leve reverência quando acaba, só para mostrar que escutei.

— Até mais. — Corro para a escada e me abrigo em meu quarto.

Depois de amanhã será um dia ótimo, vai ter um baile no Castelo vizinho, em comemoração ao aniversário da princesa Natalie, filha da Rainha Margareth e do Rei Philippe.

Natalie é minha amiga desde pequena, será seu aniversário de dezoito anos, ela é tão bonita e confiante. Sua pele é escura, seus cabelos são, completamente, cacheados, seus olhos são verdes cristalinos. Ela é totalmente diferente de mim, enquanto amo a natureza, ela fica o mais longe possível. Apesar disso, nos damos bem, compartilhamos o interesse pela leitura.

— Amanhã, finalmente, verei minha amiga. — Abro um sorriso enorme.

Papai não está aqui, mas tentarei aproveitar o baile.

Tomara que nenhum homem chegue em mim, eles costumam ficar fascinados com a cor vermelha dos meus cabelos. Dizem que eu sou exótica. Enquanto eu puder evitar um casamento arranjado, estarei bem.

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