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Me Ensina o Prazer

Me Ensina o Prazer

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34 Capítulo
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Sinopse

Índice

Dois mundos completamente diferentes vão colidir, gerando uma explosão de sentimentos. Luca é um jovem CEO que aos 25 anos fundou a própria empresa de criação de jogos, após ganhar fama e dinheiro como gamer na adolescência. Racional, rabugento e emocionalmente quebrado. Micaela é pura energia. Alegre, altruísta e mística, em uma noite, mergulhada no tédio, resolve ativar o aplicativo de relacionamentos e se depara com Luca, ou melhor, alguém usando as fotos dele. O que ela jamais imaginava, é que o verdadeiro Luca estaria à bordo do mesmo Cruzeiro luxuoso que ela. Micaela acredita que ele é o cara legal com quem vem conversando. Luca não faz a mínima ideia de quem ela seja. Será que Micaela e o verdadeiro Luca, conseguirão superar as diferenças?

Capítulo 1 Capitulo 1

TERÇA-FEIRA, 18 DE AGOSTO DE 2013

“PARA COM ISSO ANNA.”

“Parar com o quê?”, diz minha amiga.

Viro-me para ela com o rosto torcido de raiva. “De ficar olhando para o garoto.”

Ela revira os olhos e continua fitando o menino.

Anna está cismada com um garoto que eu nunca havia visto nessa aula de Biologia. Deve ser um aluno novo, ou que tenha trocado de turno. É meu quarto bimestre, ou seja, segundo ano de Biotecnologia.

Depois que fiz várias provas e passei em algumas universidades, acabei optando pela Boston. Mesmo com as opções de ir para a famosa e incrível Harvard, não fui por motivos emocionais, tais como o fato de que mamãe e papai estudaram lá.

Meus padrinhos — Monica e Richard — me deixaram aqui em agosto do ano passado, no caso há um ano, e com o coração sangrando. Eles me ajudaram a tirar tudo do carro e a levar minhas coisas para meu dormitório. Minha madrinha fez um drama no dia e repetiu a dose há dois dias para o segundo ano de faculdade. Após quarenta dias com eles, curtindo as férias de verão, deixei Elmira, leste de Nova York, de novo. Rio ao me lembrar dela no dia:

“Ligue sempre que sentir saudades”, disse Monica.

“Tudo bem, tia”, respondi sorrindo. “Vou fazer como fiz no outro ano. Não se preocupe.”

“Ah, meu amor, vou sentir muitas saudades de você.” Ela falou isso quase chorando.

“Deixa disso, mulher”, Richard disse. “Vamos logo e deixe Cecillia em paz.

Ela apenas está voltando aos seus estudos e indo conquistar o mundo.” Meu padrinho piscou o olho para mim e puxou minha madrinha.

Ela me deu um beijinho e meu padrinho me abraçou, despedindo-se.

“Se cuide e não se esqueça de ligar todos os dias. Vou ficar esperando ou vou ligar.” Minha madrinha disse, já dentro do carro.

“Com certeza, amo vocês.”

“Nós também te amamos”, ela disse, e meu padrinho deu a partida e eles se foram.

Eles são meus tutores, protetores, pais substitutos e mesmo que meus pais nunca, nunca mesmo sejam substituíveis, eu sei que eles tentam, com o amor deles, e eu também tento, tapar o buraco no meu coração aberto há oito anos.

Assim que eles me deixaram aqui, eu senti um grande vazio e uma solidão maior do que a normal, mas o silêncio da minha tristeza foi preenchido por palavras, gritos e as ideias loucas de Annabelle. Minha colega de quarto.

Anna é dois anos mais velha que eu. Seus cabelos de um castanho-claro e seus olhos cor de mel a caracterizam com uma beleza sutil e doce, mas se engana quem pensa que sua aparência a faz ser o que parece. Annabelle é terrível, boca- rota e muito barulhenta. Porém, é uma das únicas amizades que fiz — até agora. E ela está me fazendo passar vexame agorinha mesmo — mais uma vez — com sua falta de filtro e não apenas em palavras. Ela não tem filtro para nada, na verdade. É só abrir a boca, e aí ferrou. Ser discreta não é seu feitio.

“Garoto?” Anna vira o rosto para mim, parando de babar o garoto. “Ele está mais para cara gostosão do que garoto.”

“Você me entendeu.” Desdenho, bufando para ela. “Sabe o que me intriga?”

“Realmente não tenho a mínima ideia”, respondo sarcasticamente. “É você não saber quem é ele.”

“Por que eu deveria?”, questiono-a, e viro o rosto para ver o garoto mais uma vez. “Ele não se parece com ninguém que eu já tenha visto na TV nem mesmo na Internet. Eu tenho quase noventa e nove por cento de certeza de que ele não é ator, cantor ou algo do tipo.”

Anna revira os olhos e balança a cabeça, fazendo um gesto com a mão de que não está nem aí para mim.

Annabelle é minha colega de quarto e, por consequência, ou talvez convivência, minha amiga mais próxima atualmente. Na verdade, ela é minha

melhor amiga, na real. Eu nunca tive uma amizade como eu tenho com ela. Mesmo com nossas diferenças, somos amigas… ou tentamos ser.

As poucas amizades que eu tinha de infância foram removidas da minha vida assim que eu perdi meus pais. Parecia que ninguém queria ficar perto da menina órfã e triste, que chorava o tempo todo. Eu também tive que mudar de bairro quando meus padrinhos pegaram de vez minha guarda tutelar e me tiraram do orfanato, onde passei uma semana. A experiência nem foi tão ruim, mas eu definitivamente não gostei. Então, graças a Deus que meus pais deixaram minha guarda para Richard e Monica, porque senão…

Infelizmente, meus pais não tiveram outro filho, apenas euzinha. Infelizmente também, meus avós — tanto os paternos quanto os maternos — não tiveram outros filhos. Então, sem tios e primos. Infelizmente de novo, eles — meus avós

— já tinham partido havia algum tempo. Meus avós paternos morreram dois anos depois que meus pais se casaram, nem me conheceram. Os pais da minha mãe, eu conheci, porém nem me lembro deles. Quando morreram, eu tinha cinco anos.

Mas enfim, o que é importante mesmo é que eu sou sozinha no mundo. Sou a última da linhagem dos Romanoff Luthier, e se não fossem os meus padrinhos, estaria em um orfanato e me sentindo triplamente só.

E sobre amizade. Bem, eu aprendi — da pior maneira — que chamar alguém de amigo é difícil. Precisa passar por momentos alegres e tristes para saber o quão seu amigo aquela pessoa é.

Quando eu cheguei aqui e fui para os meus aposentos, conheci Annabelle — ou Anna, pois ela não gosta muito do nome dela —, e fui recebida por ela de braços abertos em seu quarto — já que ela o ocupava havia dois anos — e no seu grupo de amigos.

Seu namorado, Brad, é um verdadeiro babaca e, como faz parte do time de futebol americano da faculdade, acaba que é também um tanto metido e cretino.

Ele é o primeiro quarterback. Forte, cabelo castanho escuro, olhos azuis e se não tivesse apenas 1,76m — sei disso porque sou obrigada a ficar ouvindo Anna catalogar o namorado sonhadoramente no quarto em voz alta —, ele poderia ser modelo de passarela. Mas graças a Deus não é. Imagina só o quão nojento ele seria.

Porém, apesar de Anna e eu sermos amigas, não temos muitas coisas em comum. Temos muitos pensamentos, gostos e atitudes diferentes na maior parte do tempo. E se isso é bom para algumas amizades, para a nossa só causa afastamento, por isso vivo sozinha. Não gosto dos lugares que ela frequenta e,

principalmente, não gosto do Brad, que sempre está junto dela. Eu acho que ele não vai com a minha cara também.

Quando ela começa a assediar uma pessoa com os olhos — ou até com a boca mesmo, falando e sempre deixando a pessoa confusa, como está fazendo agora com esse cara —, sempre morro de vergonha e não gosto de suas atitudes.

Não acho a mínima graça fazer isso. Ela tem namorado e está fazendo esse joguinho, e se ela me perguntou se eu o conheço, deve ser porque ela sabe quem ele é. Então, por que está paquerando o cara?

Não a entendo. Nunca entendo Anna.

Tentando não chamar a atenção dele — porque noto que ele levantou o rosto e está olhando para cá — abaixo a cabeça e foco em meu fichário. Começo a fingir que estou escrevendo algo, ou lendo — na verdade estou desenhando uma estrela do mar.

“Posso sentar aqui?”, ouço uma voz masculina, aveludada e rouca próxima a mim. E sem dúvida não é nem um pouquinho sexy, para não dizer o contrário.

Ergo a cabeça e vejo o cara — sobre quem Anna e eu estávamos “discutindo”

— pairando em pé na minha frente. “Como?” Minha voz sai baixa e atônica.

“Eu posso sentar nesta cadeira?”, ele diz apontando para a cadeira ao meu

lado, e sorri.

Nossa! Que sorriso! Grande, branco e lindo.

Ele era lindo de longe — sem sombra de dúvida. Alto, branco, cabelos castanho-aloirados, levemente cacheados ou com ondas, tornando-os rebeldes. Uma boca grande. Nossa, que lábios!

Deve ser o terror beijar essa boca, penso, enquanto o analiso. DEVE SER MESMO, meu diabinho, fala nos meus pensamentos.

CALADO E ME DEIXA TERMINAR DE OLHAR PARA ELE — discuto com ele. Frody revira os olhos e vira as costas para mim.

Eu tenho a mente muito cheia e isso quer dizer que às vezes falo sozinha, mas em pensamento.

Há alguns anos adquiri duas consciências falantes e por mais louco e engraçado que isso seja — se eu contasse para alguém —, elas são as correias que movem minhas decisões.

Ora nós concordamos, ora, não. Costumo pensar que tenho o meu lado bom

— Frydda, meu anjo — e meu lado mal — Frody, meu diabinho —, e que eles têm a aparência do gato da Alice do País da Maravilhas e ficam repousando nos meus ombros, ou às vezes, quando os dois estão de acordo, em um lado só.

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