VOCÊ TEM duas escolhas, Scarlett. – Os olhos gananciosos do seu ex-chefe viajaram da barriga grávida até os seios cheios que esgarçavam o tecido do vestido preto. – Ou você assina estes papéis para desistir de seu bebê assim que ele nascer e se casa comigo imediatamente, ou... – Ou o quê? – Scarlett Ravenwood tentou se afastar dos papéis que ele empurrava em sua direção. Mas o homem supermusculoso ocupava a maior parte do banco traseiro da limusine. – Ou eu vou pedir ao dr. Marston que declare sua insanidade. E vou interná-la. – Os lábios carnudos curvaram-se em um sorriso agradável. – Para sua própria segurança, é claro. Porque qualquer mulher em sã consciência obviamente se casaria comigo. E então você perde o bebê do mesmo jeito, não? Scarlett encarou-o, mal enxergando os prédios brilhantes de Manhattan passando por trás dele enquanto desciam a Quinta Avenida. Blaise Falkner era bonito, rico. E um monstro.
– VOCÊ TEM duas escolhas, Scarlett. – Os olhos gananciosos do seu ex-chefe viajaram da barriga
grávida até os seios cheios que esgarçavam o tecido do vestido preto. – Ou você assina estes papéis para
desistir de seu bebê assim que ele nascer e se casa comigo imediatamente, ou...
– Ou o quê? – Scarlett Ravenwood tentou se afastar dos papéis que ele empurrava em sua direção.
Mas o homem supermusculoso ocupava a maior parte do banco traseiro da limusine.
– Ou eu vou pedir ao dr. Marston que declare sua insanidade. E vou interná-la. – Os lábios carnudos
curvaram-se em um sorriso agradável. – Para sua própria segurança, é claro. Porque qualquer mulher
em sã consciência obviamente se casaria comigo. E então você perde o bebê do mesmo jeito, não?
Scarlett encarou-o, mal enxergando os prédios brilhantes de Manhattan passando por trás dele
enquanto desciam a Quinta Avenida. Blaise Falkner era bonito, rico. E um monstro.
– Você está brincando, não é? – Ela deu uma risada estranha. – Vamos lá, Blaise. Em que século você
acha que estamos vivendo?
– O século em que um homem rico pode fazer o que quiser, a quem quiser. – Inclinando-se, ele
enrolou uma mecha do longo cabelo ruivo dela em volta de um dedo grosso. – Quem vai me impedir?
Você?
A boca de Scarlett ficou seca. Pelos últimos dois anos, tinha vivido na mansão dele no Upper East
Side como assistente de enfermagem para sua mãe moribunda, e, durante aquele tempo, Blaise a
assediou constantemente. Apenas sua mãe arrogante, apavorada com a possibilidade de seu precioso
herdeiro se envolver com a criadagem, mantinha-o distante.
Mas agora a sra. Falkner estava morta, e Blaise estava mais rico do que se podia imaginar. Enquanto
isso, Scarlett era nada mais que uma órfã que tinha se mudado para Nova York desesperada por um
emprego. Desde sua chegada, vivia quase isolada no quarto da paciente, obedecendo a ordens ríspidas
das enfermeiras, cumprindo as piores tarefas e lidando com uma inválida má e irritante. Não tinha
amigos na cidade. Ninguém para tomar seu partido contra ele.
Exceto...
Não, disse a si mesma desesperadamente. Ele não.
Ela não podia. Não iria.
Mas, e se Blaise estivesse certo? E se ela fugisse e fosse à polícia, e não acreditassem nela? Ele e seu
psiquiatra de estimação encontrariam uma maneira de dar cabo da ameaça?
Quando ele a pediu em casamento durante o funeral, de forma absurda, literalmente sobre o túmulo
de sua mãe, Scarlett tentou rir, dizendo a ele que estava deixando Nova York. Para sua surpresa, ele
ofereceu uma carona até a rodoviária. Ignorando o radar de sua intuição, ela aceitou.
Scarlett deveria saber que Blaise não desistiria tão fácil, mas nunca imaginou que ele iria tão longe.
Ameaçá-la para casar-se? Tentar forçá-la a dar o bebê?
Ela cometeu um erro achando que Blaise era só um playboy petulante e egoísta, que a queria como
uma criança mimada quer um brinquedo que não pode ter. Ele, na verdade, era louco.
– Então? – exigiu Blaise. – Qual a sua resposta?
– Por que você iria querer se casar comigo? – disse Scarlett, baixinho. Com um suspiro profundo,
tentou apelar para a vaidade dele. – Você é bonito, charmoso, rico. Qualquer mulher seria feliz casada
com você. – Qualquer mulher que não o conheça, completou silenciosamente.
– Mas eu quero você. – Blaise a agarrou pelo pulso. – Todo esse tempo você me recusou. Então
engravidou de outro homem e não me diz quem ele é. – Ele trincou os dentes. – Assim que nos
casarmos, eu serei o único que poderá tocá-la. E assim que o moleque nascer e for embora, você será
minha. Para sempre.
Scarlett tentou sufocar seu pânico crescente. Enquanto a limusine descia a Quinta Avenida, viu a
famosa catedral no fim do quarteirão. Uma ideia desesperada formou-se em sua mente. Será...?
Sim. Podia e faria.
Não era seu plano. Queria comprar uma passagem de ônibus para o Sul e usar sua pequena
poupança para começar uma vida nova em um lugar ensolarado, onde houvesse flores o ano todo. Ia
criar sozinha seu bebê. Mas, como seu próprio pai dizia frequentemente quando era criança, novos
desafios exigiam novos planos.
Seu novo plano a assustava, no entanto, porque, se Blaise Falkner era a cruz, Vincenzo Borgia era a
caldeirinha.
Vin Borgia. Pensou nos olhos escuros do pai do seu filho, tão quentes uma hora, tão frios em outra.
Pensou em seu queixo imponente, a força de seu corpo, a força de sua vontade.
Um arrepio percorreu seu corpo. E se ele...
Não pense nisso, disse a si mesma. Uma coisa impossível de cada vez. Outro ditado que havia
aprendido com o pai.
Quando o motorista diminuiu a velocidade no sinal vermelho, ela soube que era agora ou nunca.
Respirou fundo e abriu os olhos com um sorriso frágil.
– Blaise... – Scarlett inclinou-se, enquanto fechava com força o punho esquerdo. – Sabe o que eu
sempre quis fazer...?
– O quê? – Ele respirou fundo, lambendo os lábios enquanto olhava para os seios dela.
– Isso! – Ela acertou um soco direto na mandíbula dele. Os dentes estalaram quando sua cabeça
voou para trás.
Sem esperar a limusine parar completamente, ela agarrou a maçaneta e pulou para a calçada.
Chutando seus saltos número 5, protegeu a barriga com as mãos e correu o mais rápido que pôde na
direção da catedral.
Resfolegando enquanto corria, Scarlett olhou rapidamente para o relógio dourado descascado que
havia pertencido à sua mãe. Rezou para que não fosse tarde demais.
Um suntuoso carro branco antigo enfeitado com flores e laços estava parado no recuo. Ao lado, um
motorista uniformizado aguardava. Guarda-costas de óculos escuros e comunicadores guardavam as
escadarias e o perímetro da catedral com expressões ameaçadoras.
Então o casamento já havia começado. Scarlett tentou não pensar nisso nos últimos quatro meses,
desde que tinha visto o anúncio no New York Times. Mas os detalhes ficaram gravado em sua memória,
e agora ela estava feliz, porque só Vin Borgia poderia ajudá-la.
Um guarda-costas bloqueou-a com um olhar.
– Senhorita, afaste-se...
Agarrando teatralmente a barriga, Scarlett avançou pela calçada.
– Socorro! Um homem está me perseguindo! Ele quer sequestrar meu bebê!
Os olhos do guarda-costas se arregalaram por trás dos óculos escuros.
– O quê?
Ela passou por ele, gritando:
– Chame a polícia!
– Ei! Você não pode simplesmente...
Scarlett subiu correndo os degraus da catedral, buscando ar.
– Pare bem aí! – Um segundo guarda-costas veio em direção a ela, com uma expressão de ódio.
Virou-se ao ouvir o grito de seu colega, enquanto dois dos guarda-costas de Blaise começaram a socá-lo
na calçada logo abaixo.
– Mas que...
Aproveitando-se da distração dele, Scarlett empurrou as portas da catedral e entrou.
Por um minuto, piscou na sombra.
Então, seus olhos se acostumaram, e ela viu um casamento saído de um conto de fadas. Dois mil
convidados acomodados e, no altar, sob uma profusão de rosas brancas, lírios e orquídeas, estava a mais
bela noiva, de pé ao lado do homem mais desesperadoramente lindo do mundo.
Só de ver Vin pela primeira vez desde a noite mágica em que haviam feito um bebê, Scarlett
recuperou o fôlego.
– Se alguém aqui souber de algum motivo – disse o celebrando –, que impeça esses dois de se unirem
pelos sagrados laços do matrimônio...
Scarlett ouviu um ruído metálico atrás de si, e então ouviu o suspiro triunfante e ríspido de Blaise,
que entrava pelas portas da catedral.
– Fale agora ou cale-se para sempre.
Desesperada, avançou para o centro da nave. Levantando a mão, gritou:
– Por favor, pare!
O som de duas mil pessoas engasgando de susto e virando a cabeça ao mesmo tempo para olhar para
ela, inclusive a noiva e o noivo, igualou-se ao de um estrondo.
Scarlett pôs as mãos na cabeça, sentindo tontura. Era muito difícil falar quando mal podia respirar.
Ela se concentrou na única pessoa que importava.
– Por favor, Vin, você precisa me ajudar... – Sua voz embargou, e então se fortaleceu com a
lembrança da criança não nascida que dependia dela. – Meu chefe está tentando roubar nosso bebê!
DIFERENTE DE muitos noivos, na noite anterior ao casamento, Vincenzo Borgia, Vin para os amigos,
tinha dormido muito bem.
Tinha plena certeza do que faria no dia seguinte. Estava se casando com a mulher perfeita. Sua corte
a Anne Dumaine tinha sido bem fácil, assim como seu noivado. Sem discórdia, sem confusões
emocionais. Até mesmo sem sexo, pelo menos por enquanto.
Mas ali suas vidas seriam unidas, bem como suas famílias... E, mais que isso, suas empresas. Quando
a SkyWorld Airways de Vin se fundissem com a Air Transatlantique do pai dela, Vin ganharia 30 novas
rotas de transatlântico de uma tacada, incluindo as lucrativas travessias Nova York-Londres e Boston-
Paris. A empresa de Vin praticamente dobraria de tamanho, de forma muito vantajosa. Por que Jacques
Dumaine não seria generoso com seu futuro genro?
Não haveria mais surpresas na vida de Vin. Nenhuma incerteza, nenhum questionamento sobre o
futuro. Ele gostava disso.
Sim, Vin havia dormido bem na noite anterior, e naquela noite, quando finalmente fizesse amor com
sua esposa tradicional, que insistira em permanecer virgem até o casamento, esperava dormir melhor
ainda. Assim como todas as noites pelo resto de sua vida bem organizada, boa e controlável.
Importava que não estivesse nem um pouco atraído por sua noiva? Haviam dito a ele que a paixão
morre logo após o casamento, então talvez fosse até bom. Você não sente saudades do que nunca teve.
Que diferença faria se ele e Anne tivessem muito pouco em comum fora o casamento e a fusão?
Homens e mulheres têm interesses diferentes. Ele superaria as fraquezas dela, e ela toleraria as dele.
E Vin sabia que tinha fraquezas. Falta de paciência, de empatia. No mundo dos negócios, isso era
uma vantagem, mas, assim que tivesse filhos, ele sabia que tanto paciência quanto empatia seriam
necessárias.
Vin estava pronto para se aquietar. Queria uma família. Fora a construção de seu império, essa era
sua principal razão para se casar, mas não a única. Após sua última aventura sexual, uma noite
explosiva em que havia feito o melhor sexo de sua vida com uma linda ruiva que desapareceu na
manhã seguinte, decidiu que estava farto de casos imprevisíveis.
Então, alguns meses depois, delicadamente pediu Anne Dumaine em casamento.
Nascida em Montreal, Anne era linda, tinha antecedentes familiares impecáveis, e certamente seria
boa mãe e uma ótima esposa de executivo. Falava diversas línguas, incluindo francês e italiano, e tinha
formação em Negócios Internacionais. Mais que isso, vinha com um dote irresistível... a Air
Transatlantique.
Vin sorriu para Anne, de pé em frente a ele, enquanto aguardavam para fazer seus votos. Ela parecia
a princesa Grace, pensou, loura e séria, com um vestido branco discreto e um longo véu de renda feito a
mão por freiras belgas. Impecável. Uma noiva de revista.
– Se alguém aqui souber de algum motivo – disse solenemente o arcebispo que presidia o casamento
– que impeça esses dois de se unirem pelos sagrados laços do matrimônio...
Houve certa comoção entre os presentes, som de vozes, um estrondo. Passos. Pelo canto dos olhos
viu cabeças se virando. Ele se recusou a olhar, seria rude, mas seu sorriso diminuiu um pouco.
– Fale agora – terminou o celebrante – ou cale-se para sempre.
– Por favor, pare!
Uma voz de mulher. Vin rangeu os dentes. Quem ousava interromper seu casamento? Uma de suas
ex-amantes desesperadas? Como havia passado pelos guarda-costas? Furioso, ele se virou.
Vin congelou ao ver olhos verdes emoldurados por cílios negros em um belo rosto em formato de
coração, o cabelo ruivo vibrante, brilhante como sangue arterial descendo sobre os ombros. Ela estava
de pé sobre o chão de pedras cinzentas da catedral, seu sonho realizado.
Scarlett. A mulher que assombrava seus sonhos pelos últimos oito meses. A virgem de cabelo ruivo
com quem tinha passado uma noite, e que desapareceu na manhã seguinte, antes que ele pudesse pegar
seu telefone... ou mesmo seu sobrenome! Nenhuma mulher nunca o havia tratado tão mal. Ela
inflamou seu sangue para depois desaparecer como Cinderela, sem ao menos deixar um sapatinho de
cristal.
Ela estava toda de preto. E descalça?
Seus seios saltavam pelo decote do vestido. O olhar de Vin voltou-se rapidamente para sua barriga.
Ela não podia estar...
– Por favor, Vin, você precisa me ajudar – arfou, sua voz ecoando na fria pedra cinzenta. – Meu
chefe está tentando roubar nosso bebê.
Por um momento, Vin a olhou em choque, incapaz de compreender suas palavras.
Nosso bebê?
Nosso?
O som de duas mil pessoas engasgando de susto e virando a cabeça ao mesmo tempo para olhar para
ele, esperando sua reação, igualou-se ao de um estrondo.
O corpo de Vin aqueceu-se para em seguida esfriar quando ele sentiu todo o controle sobre o
casamento, sobre sua privacidade, sua vida, arrancado de suas mãos. Próximo a ele, viu o rosto
vermelho do sogro e os olhos chocados da sogra. Por sorte, ele não tinha sua própria família para
decepcionar.
Virou-se para sua noiva, esperando ver lágrimas, ou ao menos dor lancinante, esperando ter de
explicar que não a havia traído, claro que não, que tudo havia acontecido meses antes de conhecê-la.
Mas o lindo rosto de Anne estava cuidadosamente neutro.
– Com licença – disse. – Preciso de um minuto.
– O tempo que quiser.
Vin desceu lentamente do altar em direção a Scarlett. As pessoas que assistiam nos bancos pareceram
desaparecer, seus rostos desfazendo-se em meros borrões coloridos.
Seu coração batia forte quando ele parou em frente à mulher que quase havia convencido a si mesmo
que não existia. Olhando para sua barriga, disse em voz grave:
– Você está grávida?
Ela olhou em seus olhos.
– Sim.
– O bebê é meu?
O queixo dela ergueu-se:
– Você acha que eu mentiria?
Vin lembrou-se de seu leve gemido de dor quando a tomou pela primeira vez, abraçando seu corpo
virgem, tão quente, duro e tenso contra o seu, na escuridão de seu quarto. Lembrou-se de como secou
suas lágrimas com beijos, até que sua dor transformou-se em algo bem diferente...
– Você não podia ter me avisado antes? – murmurou.
– Desculpe-me – sussurrou ela. – Eu não... – Então olhou para trás, e sua expressão tingiu-se de
medo.
Três homens corriam pela nave, o rosto do líder era uma máscara de fúria cega.
– Achei você, sua... – disse ele e agarrou grosseiramente o pulso de Scarlett. – Isso é assunto
particular. Volte ao seu casamento.
Vin quase o fez. Seria mais fácil deixá-los ir. Ele sentiu a pressão de sua noiva, que aguardava, da
fusão pendente, da família dela, da catedral, do arcebispo, dos convidados, alguns vindos de outras
partes do mundo. Poderia dizer a si mesmo que Scarlett estava mentindo, e virado as costas. Poderia ter
caminhado de volta ao altar e recitado seus votos calmamente, unindo sua vida à de Anne.
Mas algo o impediu.
Talvez o punho de ferro do homem sobre o pulso fino de Scarlett. Ou a forma como seus dois
brutamontes a estavam arrastando para fora da catedral, apesar de seus esforços em vão. Talvez fosse a
expressão de pânico e nojo em seu adorável rosto, enquanto todos aqueles convidados ricos e poderosos
assistiam em silêncio, sem intervir.
Ou talvez fosse o fantasma de sua própria memória, reprimida há muito, de como ele já havia se
sentido desprotegido e desprezado, arrastado de sua própria casa contra a vontade.
O que quer que fosse, Vin viu-se fazendo algo que não fizera desde muito, muito tempo.
Envolvendo-se.
– Pode parar aí – ordenou.
O rosto do outro homem virou-se para ele.
– Fique fora disso.
Vin foi em direção a ele.
– A moça não quer ir com você.
– Ela está estressada, para não dizer maluca. – O homem escorregadio e gordo como um gato persa
agarrou-se a seu pulso. – Eu a estou levando ao meu psiquiatra. Ela ficará internada por um bom
tempo.
– Não! – gemeu Scarlett. Olhou para Vin, com os olhos cheios de lágrimas. – Eu não sou louca. Ele
era meu chefe. E está tentando me forçar a casar-me com ele e entregar nosso bebê.
Entregar o nosso bebê.
Essas quatro palavras cortaram o coração de Vin como uma faca. Todo o seu corpo endureceu.
E ele sabia que não iria deixar aquele homem levá-la de jeito nenhum.
Sua voz soou fria.
– Deixe-a ir.
– Você vai me obrigar?
– Você sabe quem sou eu? – perguntou Vin calmamente.
O homem olhou-o desafiadoramente.
– Não faço nem... – A voz sumiu, e ele engoliu em seco. – Borgia – disse as duas sílabas entredentes.
Vin viu o medo nos olhos do homem. Era uma reação à qual já estava acostumado. – Eu... Eu não
percebi...
Vin olhou para seus próprios guarda-costas, que entraram na catedral e rodearam os outros homens
com precisão cirúrgica, prontos para agir. Acenou para seu chefe de segurança, dizendo para manterem
distância. Então olhou para o homem que segurava Scarlett.
– Saia. Agora.
Ele obedeceu, soltando-a abruptamente. Virou-se e saiu, seguido por dois guarda-costas.
O barulho surgiu de repente, por todos os lados. Scarlett caiu nos braços de Vin, o rosto enfiado no
peito de seu smoking, com um soluço.
E um jovem pulou de um dos bancos do meio.
– Anne, eu lhe disse! Não se case com ele! Quem se importa se você for deserdada? – Olhando em
volta, o estranho declarou em alto e bom som: – Eu estou dormindo com a noiva há seis meses!
Instalou-se o caos. O pai da noiva começou a gritar, a mãe chorava alto, e, diante de toda aquela
confusão, a noiva, silenciosa e cuidadosamente, desmaiou sobre uma montanha fofa de tule branco.
Vin nem reparou. Seu mundo reduziu-se a duas coisas: as lágrimas de Scarlett, que chorava de alívio
contra seu peito, e o tremor de seu corpo grávido, abrigado entre seus braços