O cheiro de desinfetante não apagava minha euforia: eu era pai de gêmeos. Mas a alegria virou terror quando o médico me disse: "Senhor Ricardo, um dos bebês não é seu filho." Minha mãe desmaiou ao meu lado, enquanto a notícia da traição de Ana, e de seu amante, Fernando, estraçalhava meu mundo. Pedaços da minha vida se encaixavam: as viagens "a trabalho", a frieza dela. Eu mal podia acreditar. Como algo tão sujo podia acontecer comigo? Corri para Ana, exigindo a verdade, e ela confirmou: Fernando era o pai. Naquele hospital, perdi minha mãe. Ela não resistiu ao choque, morrendo ali mesmo. Ana, por sua vez, me abandonou com a crueldade de um bilhete e levou o outro bebê com ela. Eu estava destroçado, com um bebê nos braços e um futuro incerto. Mas em meio a tanta dor, raiva e luto, uma certeza me guiava. Eu reconstruiria minha vida por Léo, meu filho. Eu o protegeria, custe o que custar. A humilhação aumentou quando Ana e Fernando, agora um casal, roubaram meu trabalho e me forçaram a trabalhar sob as ordens dele. Num ato de desespero e fúria, os confrontei e acertei um soco em Fernando. Fui demitido, mas não pedi. Eu me demiti. "Quero o divórcio, Ana." Foi a minha libertação. Mas a dor ainda me perseguia. No jantar, o pai de Ana anunciou que o fundo fiduciário seria apenas para o filho de Fernando. Minha imagem, minha honra, meu filho... tudo foi pisoteado. Saí dali sem olhar para trás, sentindo o peso da injustiça. Mas o destino tinha outros planos. O projeto de Fernando, na verdade o meu, falhou. Ana descobriu a meu custo que seu império desmoronava. Minha tia revelou a ela a verdade mais cruel: que sua traição matou minha mãe. Ana veio me implorar perdão, mas aquele Ricardo sentimental havia morrido. Eu não sentia pena, apenas a certeza de que fantasmas não pertencem ao mundo dos vivos. E foi assim, que uma nova vida começou para mim e para Léo, sob a luz de um novo amor: Sofia.