A dor aguda no meu peito era quase física, um peso que tornava cada respiração uma tarefa difícil. No palco, Pedro, o funcionário em quem eu mais confiava, apresentava o projeto da minha vida como se fosse dele, roubando anos do meu suor e sangue. Meus olhos encontraram os do meu pai e de Rafaela, minha meia-irmã, sentados na primeira fila; o sorriso presunçoso dela gritava que eram os arquitetos dessa traição. "Sofia", a voz de Pedro ecoou, cheia de desprezo, "você é dedicada à terra, mas falta-lhe visão de negócios." O calor da humilhação subiu pelo meu rosto enquanto o silêncio do salão voltava todos os olhares para mim. Não bastava roubar meu projeto, meu pai me ofereceu um relíquia inútil de minha mãe, enquanto Rafaela, com doçura venenosa, cobiçava o anel de liderança da família. Eu estava sendo despojada de tudo, por aqueles que deveriam me proteger, me criando um questionamento profundo para o porquê de tanta maldade vinda da minha própria família. Mas, neste fundo do poço, uma memória esquecida surgiu, o cofre de madeira escura da minha mãe, que todos consideravam um lixo, agora se tornava a única esperança. Eu não ia desmoronar ali, não na frente deles. Com uma nova força, nascida do desespero e da raiva, respirei fundo, endireitei as costas e caminhei em direção ao palco. "O verdadeiro poder", eu disse, "está aqui" .