Há três anos, comecei uma missão estranha: ser a namorada submissa de Ricardo para ser rejeitada 100 vezes. A cada "não", a cada humilhação, eu contava com uma vitória silenciosa, um passo mais perto de uma fortuna que me libertaria. A rejeição número 99 foi perfeita: ele desligou na minha cara. Só faltava uma, a última, e eu teria o dinheiro para voltar à minha vida real, à minha agência de detetives. Meu plano final era infalível: pedi-lo em casamento. Era tão absurdo que a rejeição seria instantânea, garantindo minha liberdade e meus dez milhões. Mas então, ele abriu a boca e disse: "Sim". Meu mundo desabou. O sistema gritou "Missão Falhou". Minha liberdade se tornou uma prisão. Agora, eu estava presa em um casamento de fachada com o homem que eu desprezava. Para forçá-lo a me rejeitar, eu tentaria de tudo. Até mesmo provocar a ex-noiva dele, Mariana, a mulher pela qual ele era doentio por ela. Naquela noite chuvosa, Mariana estava em perigo, refém em um assalto a banco. Meu instinto me fez agir, oferecer-me como troca para salvar uma vida. Corri para o banco, disposta a enfrentar o perigo, mesmo que fosse por ela. Mas, ao chegar, descobri: a refém grávida, a que Ricardo tanto se importava, era Mariana. Meus olhos encontraram os dela. A voz do sistema gritou: "Alerta! Antagonista principal em perigo!" Eu ignorei. Não era sobre a missão; era sobre uma vida. No momento seguinte, Ricardo chegou, viu Mariana se salvando e me viu entrando naquele inferno. Ele não hesitou em me descartar, novamente. Dentro do banco, meu agressor riu, revelando a farsa: "Ricardo é dela. E vadias como você precisam aprender seu lugar." Aquelas palavras eram de Mariana. Ela armou tudo. Liguei para Ricardo. "Ricardo, me ajuda! É uma armadilha! Mariana armou tudo!" "Não posso falar, Sofia. Estou com a Mariana. Ela precisa de mim." Ele desligou. Aquelas foram as últimas palavras que ouvi dele antes da tortura. Ele me abandonou, me entregou à morte. "Mariana está grávida. Do meu filho. É com ela que me importo. Só com ela. Adeus." Essa foi a centésima rejeição. A mais brutal. Senti a lâmina descendo. Então, a voz do sistema me felicitou. E eu renasci. No entanto, ele, Ricardo, aquele que me matou com suas palavras, agora me assombra. Um fantasma, preso a mim por um erro do sistema. Olhei nos olhos dele e revelei a verdade. "Nosso \'relacionamento\' era um trabalho. Você era só um alvo." Ele me implorou por perdão, mas era tarde. "Não existe outra vida para nós, Ricardo." Eu estava finalmente livre.