O casamento acabou há menos de uma hora, mas a tensão já sufocava o ar na suíte presidencial. Diante dos meus olhos, na tela de um tablet, um número absurdo: duzentos e cinquenta mil reais, uma conta extra que transformava o sonho em pesadelo. Minha sogra, Maria da Graça, com um sorriso venenoso, debochava que tudo fora consumo dos parentes dela, uma "tradição" que incluía o sumiço de TVs e objetos do hotel. Ao meu lado, Carlos Eduardo, meu recém-marido, estava pálido, mas não olhava para a conta, olhava para a mãe dele. "Não fale assim da minha mãe!", ele gritou quando ousei questionar a fraude, defendendo a matriarca que nos afundava. Meu coração doeu, a decepção era um gosto amargo. "E eu sou sua esposa. Ou era, até alguns minutos atrás. Você fez sua escolha, Carlos Eduardo. Agora lide com as consequências." Tirei a aliança do dedo, um pedaço frio de metal, e a coloquei na mão dele. "Pode ficar. Eu quero o divórcio." A palavra ecoou, mas a guerra estava apenas começando. Quando a conta do hotel foi magicamente "resolvida" pelo gerente, eu pensei que o pior tinha passado. Mas a paz durou pouco. Uma semana depois, Maria da Graça e Carlos Eduardo, acompanhados por dois tios corpulentos, invadiram a casa dos meus pais. Na mão, uma pasta cheia de falsas notas promissórias, exigindo trezentos mil reais, uma dívida inventada do "luxuoso" casamento. Carlos Eduardo, com lágrimas nos olhos, confirmou a farsa, alegando ter feito empréstimos para realizar meus sonhos de princesa. Eu o encarei, a voz baixa e perigosa. "Você está mentindo." Minha intuição gritava que havia algo errado com as assinaturas. Eles fabricaram uma dívida falsa, usando a cumplicidade covarde de Carlos Eduardo. Era chantagem. "Vamos conversar. Mas não aqui. No escritório do meu advogado. Amanhã, às dez da manhã. Tragam os originais de todos esses documentos." Eu não sabia exatamente como, mas eu ia provar que aqueles documentos eram falsos. Eu ia desmascarar todos eles.