O ar no cemitério ainda pesava, seis meses depois de sair da prisão, dois anos que paguei por um crime que não cometi. Minha mãe sonhava com uma casa, um lar, e esse sonho foi enterrado com ela, vítima de um infarto fulminante. Eu sabia que não foi só o coração que parou, mas também a alegria de viver, quando a filha foi presa acusada de desviar dinheiro do tão sonhado projeto habitacional. Aquele projeto que o João, meu ex-namorado e "o homem da minha vida", me convenceu a assinar para "acelerar as obras". Ele, o brilhante estudante de direito, que me fez assinar minha própria sentença, enquanto usava o dinheiro para bancar a campanha do sogro, um deputado, e sua vida de luxo com a filha dele. Na cadeia, recebi a última carta da minha mãe, revelando que meu pai, um arquiteto desaparecido, era o verdadeiro autor daquele projeto, e ela guardava os originais. Agora, eu tinha uma arma e, ao reencontrar João, percebi que a vingança é um prato que se come frio. Ele tentou me manipular de novo, mas a Maria ingênua havia morrido na prisão, e uma nova mulher, com um filho nos braços e a verdade nas mãos, estava pronta para a guerra. Eu sou Maria, e a justiça será feita.