A tela do computador piscava, o prazo final para a PUC-Rio se esgotava, mas meu mouse tremia por outro motivo: não era mais nosso sonho. A foto de Sofia e Camila sorrindo, antes um tesouro, agora zombava de mim, um lembrete de uma amizade que parecia uma mentira. Com um clique abrupto, abandonei nosso plano para o Rio, e digitei "USP", "Engenharia", "São Paulo"-para bem longe delas. Em minha "festa" de aniversário, Gabriel, o intruso que me roubou a atenção e o afeto delas, usava meu terno e, pior, o relógio do meu avô. Elas me chamaram de mesquinho, defenderam aquele impostor cega e cruelmente. A amizade, que achei inquebrável, fragmentou-se ali, sob o sorriso triunfante de Gabriel. Pouco depois, um rojão lançado por ele explodiu em minha perna, quase me custando a vida; a dor era imensa, mas a delas, cegas e defensivas, era maior. No hospital, ao invés de compaixão, recebi acusações de delírio, enquanto elas corriam para o lado do meu agressor. Como eu poderia perdoar a traição delas, essa devoção doentia a um monstro? Mas o destino me reservava um novo começo, uma nova vida com Ana Clara, um refúgio de paz em um mundo que elas não podiam mais alcançar. Enquanto eu construía meu futuro em São Paulo, longe do passado tóxico, sabia que elas, perdidas em sua obsessão, jamais poderiam me encontrar novamente.