A escuridão fria da cela era minha única companheira, o cheiro de mofo, a lembrança constante da vida que se desfez. Foi na televisão da prisão que a notícia fria me atingiu: o "suicídio" dos meus pais, esmagados pela vergonha após minha condenação injusta. A dor física em meu peito era insuportável, mas o golpe final veio com Lucas, meu ex-namorado, que, com um sorriso cruel e vitorioso, me mostrou o vídeo: a sala dos meus pais, as cartas, a corda. Bati no vidro até meus nós dos dedos sangrarem, a agonia rasgando minha garganta, enquanto ele saboreava cada segundo do meu sofrimento, confirmando que tudo era um plano dele. Minha vida, meu futuro, meus pais, tudo se foi por causa dele e da traição dos seus cúmplices. Na solidão da minha cela, meu coração simplesmente desistiu. Mas então, um raio de sol forte me cegou, e o cheiro não era de mofo, mas de lençóis limpos e do suave perfume da minha mãe. Eu estava de volta ao meu quarto de adolescência, com 18 anos, as mãos sem cicatrizes, o corpo leve e os olhos cheios de esperança. O celular então vibrou na cabeceira, e o nome na tela fez meu sangue gelar: "Lucas". A data: um dia antes do início do meu pesadelo. Eu não estava morta; eu havia renascido. Uma segunda chance para salvar meus pais, para me salvar. E desta vez, eu faria Lucas pagar por cada lágrima, cada humilhação, cada vida destruída.