O médico entregou-me o relatório. As palavras ecoaram na minha cabeça: "Zero". A compatibilidade da medula óssea entre mim e o meu filho, Leo, era zero. Zero. Como era possível? O meu filho, o meu pequeno Leo, estava a morrer de leucemia, e eu não era o seu pai biológico. Liguei à minha mulher, Sofia, para lhe dar a notícia devastadora. Em vez de preocupação, recebi irritação. Ela estava a celebrar com o irmão e o chefe dele, enquanto o nosso filho lutava pela vida. Quando lhe disse a verdade, ela não só negou como me acusou de mentir. "És um monstro! Acabou, Miguel! Quero o divórcio!" Ela desligou e bloqueou-me. A mulher que amava, a mãe do meu filho, estava a proteger um segredo que podia matar o Leo. O meu mundo desmoronou-se, mas o amor pelo meu filho era mais forte que a dor. Vasculhei as coisas dela e encontrei um diário. As páginas revelaram um caso com o seu chefe, David Andrade, e a decisão calculista de me enganar. "Estou grávida. Pode ser do David. Mas o Miguel vai ser um bom pai. É o melhor para todos." O melhor para todos? As suas mentiras iriam custar a vida do meu filho! A raiva fria preencheu cada célula do meu corpo. Eu sabia quem era o verdadeiro pai biológico do Leo. E eu ia fazê-lo assumir a responsabilidade. Mesmo que isso significasse destruir tudo.