Estava grávida de oito meses, à espera do nosso filho com o meu marido Ricardo. A nossa vida parecia perfeita, o berço montado, a casa cheia de sonhos. De repente, uma dor lancinante e um sangramento incontrolável. Liguei para ele, o meu último fio de esperança. Mas Ricardo atendeu a chamada com irritação, música ao fundo. Ele estava com Sofia, a sua "amiga de infância", a trocar-lhe um pneu furado. "Não é exagero! É muito sangue," implorei. Ele suspirou, descartou a minha dor como drama e desligou. Por causa de um pneu furado, perdi o meu filho. Sozinha. A minha barriga, antes cheia de vida, estava agora apenas vazia. O mundo parou quando o médico disse: "Não sobreviveu." Liguei a Ricardo para lhe dar a notícia devastadora. Em vez de tristeza, ouvi fúria: "O que é que tu fizeste?" Ele culpou-me, acusando-me de "exagerar" e de não ser "clara". Até a minha sogra me ligou, chamando-me de "descuidada" e dizendo que Ricardo estava "devastado". "Pobre Ricardo," pensei, com uma calma gelada. Mas a verdade mais brutal veio depois. Descobri extratos: restaurantes caros, joias para Sofia, e a cereja no topo – um carrinho de bebé de luxo. Não para o nosso filho, mas para o sobrinho dela, no nosso aniversário de casamento. Ele nunca amou a mim ou o nosso filho. Éramos apenas adereços. Aquele fogo purificador, a raiva limpa. Deixei os extratos na cama e os papéis de divórcio em cima da mesa. "Adeus, Ricardo." Aquele clique da fechadura não foi o fim, mas o som de um novo começo.