m Bret Larsen, o piloto que habitualmente a acompanhava nas suas viagens. Bret era alegre e sociável enquanto o comandante Justice era sisudo e reprovador. Desde que casara
que recebia todos os meses. Não só as heranças de Seth e Tamzin estavam seguras sob sua gestão, como também cresciam a ritmo saudável. Não era nenhum génio financeiro, mas tinha boa cabeça para investiment
num jornal explicando tudo, mas porque
ar tempo com eles. De qualquer forma, nunca os vira como amigos seus. No entanto, tinha de passar várias horas enfiada num avião pequeno
indos do Maine. Supostamente, Logan teria um carro todo-o-terreno alugado e pronto a partir quando o voo dela chegasse. Às oito daquela noite, eram esperados no local escolhido par
, como nunca lhe agradaram as reuniões familiares, não os via com frequência. O pai vivia no Ohio com a sua segunda mulher. A mãe, cujo terceiro marido morrera quase quatro anos antes, vivia na Florida com a irmã do segundo ex-marido, também viúva. A irmã mais velha de Bailey, Ke
ipamento de maior dimensão necessário para acampar durante duas semanas nas margens do rio, como as tendas, fogões de campanha e lanternas, e comprariam comida, ág
ecedência, apanhando-a inteiramente desprevenida. O que deveria ter sido divertido transformou-se em tortura, porque teve de usar as meias como absorventes, o que implicava ter pés frios e molhados durante toda a viagem. Não tinha qualquer graça. Daquela v
uma fuga, algo que também lhe acontecera na miserável expedição anterior. Gostava de navegar em águas revoltas e, quando estava no bote, ficar molhada e ter frio fazia parte da diversão, mas, fora do bote
po implicasse suportar a companhia do comandante Justice. Sentia vontade de roncar de desprezo sempre
e enfiara nas malas o conteúdo inteiro do seu armário. Se fosse humano, teria, pelo menos, parecido um pouco incrédulo ou ter-lhe-ia perguntado se tinha pedras lá dentro. Bret ter
ssoais dela e que se tinham expandido de forma significativa desde que casara com Jim. Deixara de confiar na maior parte das pessoas, o que a tornava rígida e inacessível. Ou o comandante Justice não tinha notado os seus sinais de «n
. Assim que pôs o cinto no banco que lhe foi indicado, procurou o livr
vida era inexistente naquele momento e assim permaneceria enquanto tivesse de lidar com os filhos de Jim porque se recusava a fornecer-lhes munições ou alvos. Também era verdade que, em determinadas alturas
ra isso, mas era decididamente... atraente. Havia algo de cativante nos olhos cinzentos e os seus eram de uma tonalidade um pouco mais clara do q
ndo Bret falava sobre ele, parecia realmente gostar de Justice e respeitá-lo. «Um grande piloto», fora assim que o descrevera certa
curiosa para, mais tarde, pesqui
o se aproximavam por trás para se reabastecerem de combustível. Não lera o suficiente para perceber como funcionava, mas n
s sobre os comandos. Assustada, voltou a baixar os olhos. Graças a Deus, tinha os óculos postos e ele não conseguiria perceber que o olhava,
oisas. Se retirasse os óculos, seria capaz de ler e o livro era bom, mas, quando ergueu a mão para os
poderia ler. Ta
ingir que dormia, tal como fingira que lia, mas is
il que teria de arrastar atrás de si, a não ser que quisesse carregar-se com baterias adicionais. E não queria. Não quando já levava tanta coisa. O guia teria veículos para transportar o material e os mantimentos de lo
as, não precisaria de ter cuidado com tudo o que dissesse e não estaria rodeada por pessoas que a desprezavam abertamente ou
guia ver muito melhor de uma altitude inferior. O zumbido ruidoso do motor era hipnótico e acabou mesmo por dormitar um pouco, apoiando a cabeça contra o as
ualidade de o saco-cama se tornar demasiado quente ou frio não contava. Olhando o relógio, percebeu com surpresa qu
untou, erguendo a voz
uscultadores de um lado
om expressão fria e to
stamos?
egar a
frente. O coração sobressaltou-se e não conseguiu conter o assombro. Esta
a sua boca. Daquele ângulo não podia ter a certeza, mas, se tinha percebido o seu espanto, estaria diverti
ra de tal forma esmagador que pareciam agachar-se à sua frente, como enormes bestas p
muito amarrotado e posteriormente alisado sem grande convicção. A não ser que fossem vulcões, as montanhas nunca faziam nada. Assim sendo, porque lhe pareciam sempre tão vivas? «
s construídas sobre elas deslizariam pela encosta abaixo. Lembrava-se de sentir medo de cada vez que visitava uma casa situada sobr
não era possível, mas nunca perdeu a per
e atmosférica tentava ganhar ímpeto para as ultrapassar. As velhas senhoras enfei-tavam-se, pensou. As nuvens rodeavam o
tor mudou enquanto o ar se tornava mais rarefeito. Farripas diáfanas de nuvem
eber a altitude assinalada, mas atravessaram no
estamos? - perg
s mãos dos comandos e sem olhar para ela.
mesma distância de profundidade, a cerca de três quilómetros e meio. Seria uma descida longa, pensou, imaginando o reluzente transatlântico com as luzes apagadas, afundando-se, fracturado e escuro,
or so
ha-russa. Subitamente, o batimento cardíaco estava muito
estava um pouco tensa, não con
egundo da descontracção para o alerta total. Isso alarmou-a ainda mais do que a ligeir
se algum
estão normais - resp
ão o
Vou desce
vião e aproximando-se mais. Não podia descer muito ou roçariam os cumes montanhosos. Mas o ruído d
cer a fuselagem. Bailey sentiu-se gelar no assento, observando o movime
tes. - Continua. Imaginou o ronco contín
o avião ergueu-se acima das montanhas. Se conseguiss
ou algumas ve
avras, viu o movimento da hélice abrandar, com as pás t
Me
s que, se o nariz caísse, o embate seria certo. A paisagem por baixo era uma mistura de contrastes duros e pouco hospitaleiros. Picos e penedos cobertos com uma neve tão branca que era quase azul, sombr
os acontecimentos. Nem sequer conseguia bradar um protesto. Apenas conseguia observar e esperar pela morte. Iriam morrer. Não via qualquer saída. Em poucos minutos, ou talvez segundos, despenhar-se-iam no pico coberto de neve da montanha. Mas, naquele
! Mayday
ovimento que fez o coração de Bailey subir-lhe à garganta. Fechou os olhos com força para não conseguir ver os picos rochosos que se aproximavam a grande velocidade. A seguir, a asa esquerda ergueu-se enquanto a direita mergulhava e rodopiaram para o lado
her os pulmões de ar. Outro fôlego e a visão clareou o suficiente para lhe permitir que visse Cam. Era tudo o que conseguia ver, como se a sua imagem estivesse ampliada e tudo o resto pe
nto, o mesmo lhe era aplicável a ele e sentiu uma tristeza profunda por ambos. Estava... estava... O pensamento estilha-çou-se, quando conseguiu focar a sua atenção. Que raio estava ele a fazer? Apercebeu-se, incrédula. Estava a pilotar o avi
te. - Vou tentar chegar à linha de
a isso? Mas dispersou a névoa cerebral induzida pelo medo tempo suficiente para apertar m
. Usava as correntes térmicas para conseguir elevação e conquistar segundos preciosos. O avião era demasiado pesado para funcionar como um planador, mas as correntes de ar abrandavam parcialmente a queda. Se seria o sufici
não fosse muito dolorosa. Desejou que os corpos fossem encontrados rapidamente para que a família não tiv
logicamente, saber que tinham sido apenas minutos... não, nem mesmo minuto
avião tanto temp
o-se a desistir. Sentiu uma vontade irracional de o esmurrar, de dizer: «Pare de arrastar isto!» Quanto tempo resisti
U
tão intenso que tudo ficou negro. O cinto de segurança apertava-lhe o ombro de forma quase insuportável. De algum modo, tivera consciência de ser sacudida para a direita e de cair, mas oey t
u um alarme vago e tentou mover-se, tentou endireitar-se, mas nem as pernas nem os braços lhe obedeciam. Concentrou-se
-se e concentrou-se, percebendo finalmente
como lhe parecia que alguém cortava o seu braço esquerdo, da necessidade de voltar a tossir. Sob
aído. Era isso. Lem
... O avião
espanto e trepidação. O avião despenhar
ria de qualquer forma com o choque e a perda de sangue naquele cume de montanha isolado, a quilómetros de qualquer salvação. Queria apenas permanecer deita
muito no ponto em que algo aguçado se cravava na pele. Precisava de se mover, precisava de s
va de s
rão tor-nou-se uma espécie de tecido. Seda. Era o seu casaco de seda cobrindo-lhe quase toda a cabeça. Laboriosamente, ergueu o
o esquerdo funcio
is e fúteis para se endireitar e emitiu um gemido de frustração. Em vez de se debater como uma min
ul. Viu os seus pés. O esquerdo descalço. Onde estaria o outro sapato? Então, como um relâmpago, outro pensamento lhe atingiu o cérebro. O comandante Justice! Onde estava? Ergueu a
realidade da sua posição e, subitamente, as coisas começaram a fazer sentido. Continuava presa ao banco e estava deitada contra o lado direito do avião, inclinada num ângulo relativamente pronunciado. Não conseguia endireit
o banco. Era o que precisava de fazer. Com a mão esquerda, tacteou à procura do cinto e abriu a fivela. Liberta, o seu corpo deslizou para fo
cional pelo ferimento, arrancou o fragmento agressor e lançou-a para longe, cambaleando até alcançar Justice. O ângulo em que o avião se encontrava dificultaria o equilíbrio, mesmo que nãoNão suportava pensar que ele morrera tentando salvar-lhe a vida. Estendeu a mão trémula e tocou-lhe o pescoço, mas o seu
se respirava. Achou que sim e olhou-lhe fixamente o peito. Finalmente, conseguiu ver o movimento
azer? Deveria movê-lo? E se tivesse ferimentos na col
tra a parte lateral do banc
idar com o que sabia estar mal nele e não com o que poderia estar mal. E sabia q
e da fuselagem daquele lado tinham desaparecido, arrancadas como se o avião tivesse sido rasgado por um abre-latas gigante. Não havia nada a quee usar e, por isso, segurou-se
va do tecto e o topo do assento do piloto. O melhor que conse
inconscientes continuam a conseguir ouvir e reagem um pouco aos
os ombros e tentando endireitá-lo. Era como puxar um tronco. A cabeça
sítio, mas Bailey lutava contra a gravidade. Precisava de desaper
a amolgada para o lado do co-piloto e um ramo de árvore furara a pele de metal como uma estaca de madeira penetrando o coração de um vampiro. A extremidade aguçada do ram
ctada quando a fuselagem se abrira. Restava apenas o seu casaco de seda maltratado e manchado de sangue. Voltando-se e
me para cobrir a extremidade aguça
tava, um mocassim de marca que custara muito dinheiro, enfiando-o na ponta de madei
cada vez. Quando desapertar o cinto, vai cair um pouco, talvez um metro. Preparado? - Seria provável que caísse sobre ela,
o topo do assento e de volt
da garganta dele. Saltou, tão
de volta. Numa voz ligeiramente mais ele
uanto falava, tacteou à procura da fivela, deslizando os dedos pelo cinto até encontrar metal. Um deslizar rápido do fecho e Justice caiu como uma pe
e continuava a não conseguir ver grande coisa da sua cara ensanguentada. Nem h
dia arrastá-lo, era demasiado pesado e a inclinação do avião demasiado severa. Por outro lado, se conseguisse abrir a porta do lado do co-piloto, talvez o conseguisse retirar por aí. Examinando o ramo de árvore, viu que entrara na cabina à frente do fecho da port
uisse forçá-la... A acção seguiu a intenção, ma
trada, ergueu o punho e bateu lateralmente na janela, o q
eguisse abrir a porta. - Por outro lado - disse, em voz alta -, porque perco tempo com uma ja
ível dentro das circunstâncias. Todo o seu corpo lhe doía como se tivesse sido violentamente espancad
desgostar das suas decisões, além de Justice, que não estava em condiçõ
a todas as horas que passava a fazer exercício. Conseguia levantar cento e oitenta quilos com aquelas pernas. Não era
bruçou-se e pressionou a pega para verificar se o trinco abria. Sentiu resistência, metal raspando em metal, mas esta
é abrir. Não havia nada a que pudesse atá-la, presumindo que tivesse algo com que pudesse fazê-lo e não
soas enfiavam coisas debaixo dos bancos com frequênci
manter segura. Contorcendo-se, encaixou-se no banco do co-piloto com o máximo aperto e pressionou os dois pés contra a port
eia, sentindo novamente os protestos doianteira do banco para
em redor dos joelhos endurecendo como pedra com a pressão exercida. Os dedos, cravando-se na borda do assento, começaram a p
rta e empurrou um pouco mais, conseguindo uma abertura com cerca de trinta centímetros. Conseguiria passar, pensou, triunfante, inclinando-se para a frente para ver se havia algum obstáculo, como uma árvore ou uma rocha. Nãotos ou meias secas de imediato para afastar o perigo de lesões prov
e servir, pensou, respirando mais depressa do que gostaria. Tinha de ter cuidado para não se esgotar ou ar-riscava-se a deixar que a altitude lhe levasse a melhor. Já suava um pouco e isso era perigoso no frio. Vestia um par de calças de tecida, a dificuldade de cada reacção mínima, começou a falar com ele, agachada jun
fora do avião. Não sei se tem ossos parti
uve re
udou de posição até conseguir colocar-se mais por baixo dele. Era um peso morto, completamente inerte e incapaz de ajudar. Tinha de ser ela a proteger-lhe a cabeça. Fez uma pausa de um minuto para recuperar o fôleg
go acima da sobrancelha direita. Não sabia grande coisa acerca de primeiros-socorros, mas sabia que um golpe profundo no es
por um momento, de cabeça baixa, tentando novamente recuperar o fôlego. Tinha os pés em agonia de tão frios e as roupas estavam cob
rar de forma mais profu
e? - dis
rmurou com v
ue
situação em que se encontravam não era menos grav
ior do cockpit, procurando o seu único sapato e o casaco. Estava enregelada e, mesmo que o casaco fosse fino, era melhor que nada. Começou a vesti-lo, parou e retirou o braço. Virou
u. Não percebeu tudo o que dissera, mas parte soara-lhe
-socorros? Engoliu. Ainda não tinha aberto os o
luvas -
e introduziu-se através da porta aberta. O porta-luvas estava à frente do banco do co-piloto. Enfiando os dedos por baixo d
terceira vez. Devia haver algo nos destroços que pudesse usar, algo como... aquele pé-de-cabra preso à parte frontal do suporte
to, com apenas uns trinta centímetros, mas eraidade aguçada junto do mecanismo de fecho e empurro
joelhando-se ao lado dele na neve, debateu-se com os fechos do estojo. Porque seria que t
nesga, e conseguiu levar a mão à
perder muito sangue. T
le, fechando os olhos, quand
O
vezes. Continuava a ter
stojo.
limpá-la, podia usar adesivo para unir as extremidades do corte. Pod