Não importava se fossem momentos bons ou ruins, as duas sempre estiveram juntas.
Lembrar-se disso fez com que soluçasse novamente e então sentiu uma mão tocando suavemente seu ombro.
- Meggie... Eu sinto muito... - Flora murmurou.
Ela era uma grande amiga de sua mãe.
A velha senhora a ajudara nos últimos meses, cuidando de sua mãe doente enquanto ela saia para trabalhar, aceitando todo tipo de emprego que encontrasse para ser capaz de custear o tratamento de sua mãe.
Mas todos os seus esforços haviam sido em vão, porque agora não lhe restara mais nada.
Sua mãe partira.
Ela estava sozinha e sem emprego.
E logo ficaria sem uma casa onde morar, porque o banco levaria tudo.
- Ela não vai sofrer mais... - murmurou, consolando a si mesma enquanto secava os olhos novamente.
- Você ficará bem? - Flora quis saber e Megan podia sentir a preocupação em sua voz.
Não, ela não ficaria bem.
Ela ficaria qualquer coisa, menos bem.
Mas ela não precisava deixar a bondosa senhora preocupada.
- Sim. - respondeu, tentando soar convincente. - Tenho mais uma semana para ficar na casa, então tenho tempo para encontrar um novo lugar e um emprego.
- É muito pouco tempo para encontrar um emprego, querida... - Flora retrucou, arqueando as sobrancelhas, o que evidenciava ainda mais as linhas que o tempo deixara em seu rosto.
Sim, era muito pouco tempo.
Mas era o tempo que tinha e não havia outra saída.
- Sabe que eu sei fazer de tudo um pouco. Não será tão difícil assim arrumar um emprego. - disse, tentando convencer a si mesma.
Não tinha esperanças de pagar a hipoteca da casa em que morara todos aqueles anos com sua mãe.
Isso estava completamente fora de questão, já que a dívida era gigantesca.
Mas precisava de um lugar para morar e não conseguiria isso se não tivesse algum dinheiro.
Flora ainda a observou por um instante antes de suspirar em derrota e assentir.
- Venha, eu vou te levar para casa. - ela ordenou.
Megan queria um tempo sozinha, mas sabia que negar a carona significaria voltar andando para casa depois ou gastar o pouco dinheiro que ainda tinha na carteira para pagar uma passagem de ônibus de volta para casa.
Olhou uma última vez para a lápide, sentindo a garganta se apertar novamente.
Então se virou e acompanhou Flora até o carro.
Momentos depois, quando as duas chegaram em frente a velha casa em que vivia, Flora a encarou novamente.
- Megan, você sabe que pode contar comigo para o que precisar. Há um quartinho sobrando em minha casa e o Lerry não vai se importar que fique lá por um tempo até as coisas se ajeitarem para você...
- Hei, eu vou conseguir um emprego, Ok! - ela a interrompeu.
Flora respirou fundo.
- Certo, mas se isso não acontecer eu quero que me procure. Você sabe onde eu moro.
Megan agradeceu e saiu do carro em seguida, olhando para a velha casa enquanto ouvia o ronco do motor do carro de Flora se afastando umas cinco casas a frente.
Nos últimos meses andava tão ocupada que nem sequer cuidara do tão amado jardim de sua mãe, que agora não passava de um amontoado de ervas daninhas e flores secas.
Suspirou novamente e entrou na casa que agora não lhe parecia nada acolhedora.
Para qualquer lado que olhasse, ela não conseguia deixar de pensar no quanto ela e sua mãe foram felizes ali, apesar das dificuldades.
Megan foi direto para o seu próprio quarto a fim de tomar um banho e descansar um pouco.
Não havia muito o que poderia fazer naquele dia, já que estava ficando tarde e o tempo lá fora indicava que começaria a chover forte.
Mas no dia seguinte, assim que acordasse, ela sairia em busca de um emprego que pagasse o suficiente para que pudesse sustentar a si mesma.