Baixar App hot
Início / Romance / Proibida
Proibida

Proibida

5.0
42 Capítulo
2.8K Leituras
Ler agora

Sinopse

Índice

Nova York 1990 Enquanto eu brinco com meu carrinho o observo perto da piscina. Nathan anda de um lado a outro chutando as coisas pelo caminho e amaldiçoando alguém que provavelmente o deixou contrariado. Finjo que estou concentrado em meu mundo imaginário na esperança de que ele me ignore. Eu não quero ser vitimas de seus ataques. — Me dê seu carro Neil! — Nathan grita insolente. — Não! — eu respondo sem me importar em encará-lo. Nathan bate os pés no chão de forma impaciente. — Eu já disse para me dar! — Você tem os seus — encara-o com firmeza demais para vir de alguém tão pequeno. — Alias tem vários. Por que sempre quer ter as minhas coisas Nathan? — Você sempre fica com as melhores coisas. — Isso não é verdade os carrinhos são iguais e você sempre os escolhe primeiro. — Mas enjoei dos meus e, além disso, alguns estão quebrados — Nathan se queixa. — Por que você não sabe cuidar de suas coisas. Se parasse de jogá-los contra parede sempre que fica com raiva não estariam assim. — Se você não me der eu vou afogar seu gato na piscina. Encaro-o com raiva. Algumas vezes eu tenho muita raiva dele como hoje por exemplo. — Pega! — estico o carrinho para ele já sem me importar é só um carrinho idiota. — Fique com ele. Alias fique com todos eles, mas deixa o Barney em paz, ele é só um filhotinho. — Ah é? — ele ri com deboche. — Acho que será mais divertido saber se os gatos sabem nadar. — Você não faria isso! — encara-o com determinação. O gatinho branco e preto enrosca nas pernas dele sem a mínima ideia de que é alvo de suas maldades. — Então olhe! Nathan pega o gato no chão pelo pescoço e me empurra contra a árvore em que estive encostado. Bato a cabeça contra o tronco e me sinto desorientado por alguns instantes e a cena que segue diante de mim me deixa estático. Minha vontade é de correr até eles e impedir o que ele está querendo fazer, porém minhas pernas e minha cabeça ainda zonza não me deixa sair do lugar. — Pare Nathan — sussurro quase inaudível. — O deixe em paz. Nathan me encara com olhar de desafio enquanto o animal se debate dentro da água. Eu encontro forças de onde não sei e corro ate eles. Vejo-o soltar o animal que jaz imóvel na piscina. Lágrimas inundam meus olhos quando percebo que é muito tarde. — Você o matou! — empurro-o no chão com muita força. — A culpa foi sua — ele faz cara de inocente. — Você me provocou. Vai guardar essa culpa para sempre Neil. Matou seu pobre gatinho. Sim, a culpa era minha. Não devia tê-lo provocado e entregado o maldito carro quando ele pediu. Eu sabia que Nathan seria capaz de uma coisa assim e não deveria tê-lo desafiado. — Jesus Cristos! — uma voz feminina ecoa diante da cena. — O que aconteceu aqui? — Nathan afogou meu gato na piscina mamãe — Neil a encara com olhos cheios de lágrimas. — Ele matou o Barney. — Nathan você fez isso? — o olhar chocado da mãe não consegue acreditar em tais palavras. — Não! — ele começa a chorar. — Ele caiu na piscina e só tentei ajudar, mas eu não consegui mamãe. O jovem se agarra a mãe e chora copiosamente. — Sinto muito! — ele parece bem convincente, menos para mim. — É mentira! — encara-o com raiva. — Ele afogou porque eu não quis dar o meu carrinho para ele. — Não é verdade mamãe — Nathan soluça. — Neil é sempre tão mal comigo. — Vá para o quarto Neil — a mulher o encara com firmeza. — Conversamos depois. — Está bem Lilian. — Lilian? — ela me encara zangada. — Eu sou sua mãe! — Acho que não é — sussurro ignorando seu olhar chocado. Essa foi a primeira vez que parei de trata-la como mamãe. Lilian tinha apenas um filho e esse não era eu. A mágoa por ser punido sem merecimento ficou cravada em meu coração por mais tempo que gostaria.

Capítulo 1 Proibida

Capítulo Um Socorro! Socorro! — um grito apavorado ecoa na noite fria A rua está deserta, exceto por um cachorro maltrapilho que perambula à procura de alguma comida. As luzes na rua são fracas, com alguns postes espaçados entre si. Desço do carro e corro em direção ao som angustiado. Embora não seja muito tarde, poucas pessoas se arriscam a sair à noite naquela parte da cidade. Aquela é uma região relativamente perigosa e violenta. Há um número considerável de assaltos, brigas, estupros e até mesmo assassinatos.

— Hei! — eu grito para o homem que encurrala uma jovem contra uma porta de metal de uma loja fechada. Ele tenta agarrar sua bolsa com uma mão e com a outra aperta lhe o pescoço. — Solte-a! — grito enfurecido. O homem se assusta e solta a jovem empurrando-a para o lado. Ela se desequilibra e cai soltando um gemido. O homem lança para a jovem um olhar vidrado, louco e alienado. Eu conheço bem esse tipo de olhar transtornado. Na mesma hora vejo que não é uma boa ideia enfrentar o homem, pois ele pode estar armado. Homens naquele estado geralmente não são donos de seus atos, na maioria das vezes, são inconsequentes. Eu poderia estar colocando tanto a mim quanto à jovem em risco naquele momento. Mas, o que eu posso fazer droga? Antes que eu possa pensar no próximo passo, o homem sai correndo levando consigo a bolsa da jovem. Fico dividido entre correr atrás do homem ou socorrer a jovem que geme no chão. Soltando um palavrão, eu escolho a segunda opção. — Tudo bem? — eu digo aproximando-me dela, que treme assustada. Ela está encolhida contra a porta da loja, seus cabelos caem em cascata ao redor do rosto, longos cabelos vermelhos. Uma cor tão intensa que seria impossível de ter sido fabricada. Ergo o seu rosto para observá-la melhor. — Você está bem? — insisto. Quando ela ergue a cabeça, lentamente, sinto meu mundo sair de órbita. Não estava preparado para aquilo. Diante de mim, o rosto mais lindo e angelical que eu já vi em toda a minha vida. Pele de porcelana, coberto por sardas, que comprovam a cor natural dos cabelos, nariz arrebitado e atrevido, lábios vermelhos, carnudos e sedutores. Seus lábios fariam qualquer homem querer mergulhar imensamente neles. Minhas mãos tremem levemente ao segurar aquele rosto fino. Uma carga elétrica percorre por todo o meu corpo. Retiro rapidamente a mão, em choque. — Você está bem? — repito com a voz ligeiramente rouca. A jovem suspira profundamente antes de responder. — A-a-acho que sim — gagueja. Ela abre os olhos deixando-me em transe. São os olhos mais lindos que já pude ver. De um azul absurdamente claro, cristalino, impactantes. — Minha bolsa! — ela olha além de meus ombros. — Infelizmente ele a levou — explico com pesar. — Poderia tê-lo perseguido, mas achei melhor ver como você estava. — Tudo bem — ela responde seu tom refletindo o meu. Então, ela começa a se levantar apoiando-se à porta da loja e fazendo círculos no chão com os pés como se procurasse algo. Nesse momento posso ver o quanto ela é estonteante. Um corpo curvilíneo, magra, mas na medida certa, pernas lindas, apesar de não ser tão alta. Percebo também seu perfume, um cheio almiscarado com tons suaves de florais. Ela é linda. — Minha bengala — ela sussurra trazendo-me para o presente. — Como? — franzo a testa confuso. Será que ela estava anteriormente machucada? Tem algum problema na perna? Pela forma como se apoia em uma perna e mexe a outra, acredito que não. — Minha bengala — ela diz novamente. Agarro-a rapidamente prendendo-a em meu peito largo. — Consegue ver minha bengala, senhor? — ela pergunta ofegante e um pouco assustada com meu abraço repentino. Olho ao redor e vejo uma bengala marrom opaco poucos metros adiante. Aparentemente está intacta. — Sim, está um pouco à frente — respondo. — Deixe-me pegá-la para você — digo, mas não a solto. Encaro aquela bela jovem mulher que segue olhando por sobre meus ombros. Seu olhar parado, estático. Como se estivessem fixados em um ponto longe de mim. É então que a compreensão cai em mim como uma madeira no chão. — Você é cega! — digo rispidamente. A jovem encolhe-se em meus braços. Fica visivelmente pálida e com uma expressão angustiada toma conta de seu rosto. Ela tenta se livrar do meu abraço sem sucesso. — Solte-me — ela sussurra angustiada. Afrouxo os braços, mas não a solto. Eu devo tê-la assustado. Não era minha intenção, mas ao me dar conta do fato, uma raiva enorme apodera-se de mim. Como alguém pode tentar fazer mal a alguém tão frágil como aquela jovem, ainda mais sendo cega?

Desculpe-me. Não queria te assustar — suspiro. — Só fiquei surpreso. — Não tem por que! Afinal, como você poderia saber que sou cega? Desculpe-me se isso o incomoda — diz ela amargamente. — Incomodar? — encaro-a confuso. — Acha que isso me incomoda? — digo rangendo os dentes. — Senhor, eu posso ser cega, mas eu não sou burra e eu sinto as coisas — aproveitando-se de meu choque, ela se solta e começa a caminhar tateando o ar. Fico instantaneamente irritado. Não me sinto incomodado, pelo contrário. Algo me atrai para essa jovem. Claro que seu rosto angelical e o que eu posso ver de seu corpo agora que está de pé contribuem e, muito. Qual homem não se sentiria atraído por uma jovem tão bonita? Mas é mais que isso, algo me atraía para ela, como se um ímã imaginário, uma espécie de aura entre nós, me puxasse para mais perto ainda. Já conheci muitas mulheres interessantes com as quais me perdi na calada da noite, mas até então nunca senti tal magnetismo. — Está enganada! — seguro seu braço. Novamente através da manga do casaco que ela está vestindo eu posso sentir a eletricidade. “Inferno!” — Poderia me passar à bengala, por favor? Minha casa não é longe e logo posso deixá-lo livre desse transtorno — ela diz sombriamente. Resmungo um palavrão e vou à busca da sua bengala. Ela está a poucos metros adiante na calçada. — Aqui — digo segurando sua mão para entregar-lhe a bengala. Sinto seu leve estremecimento. Seria ainda o choque ou ela também sente a mesma atração que eu? Por Deus, isso é errado! Sendo ela jovem demais para mim e mesmo se não fosse eu não poderia. Ela parece inocente demais para um homem como eu, além disso, existem outros impedimentos. — O que faz aqui sozinha? Onde estão seus pais? — pergunto apreensivo. A jovem ri confusa. — O que meus pais têm a ver com isso? — ela devolve a pergunta. — Deixar uma garota da sua idade, andar sozinha nessa parte da cidade e ainda mais sendo... — paro de falar antes de prosseguir. — Cega? — diz ela amargamente. — Apesar de ter me ajudado, o que agradeço e muito, não acho que seja da sua conta – ela se vira dando-me as costas. — Claro que é! — ataco. — Para onde vai? Temos que avisar seus pais e dar queixa à polícia — seguro firmemente em seus pulsos. — Meus pais não precisam saber — ela tenta se soltar. — E a polícia não fará nada. Eu não vi quem foi, portanto... — São uns irresponsáveis! — eu interrompo-a irritado. — Poderia dar queixa contra eles também e, além disso, eu consegui ver o cara. Você o conhece? — Err... hum... Olha, só quero ir para casa. Não dê queixa, por favor — ela suplica tentando soltar suas mãos. Será que ela o conhece? Por que está sendo tão evasiva e pedindo para não dar queixa? Resolvo perguntar de novo. — Você o conhece ou não? — insisto. Ela parece pensar por um momento, balança a cabeça e fica muda. Definitivamente essa história me parece mal contada, mas considerando o infortúnio pelo qual ela passou essa noite, decido não insistir. Bom, pelo menos, não agora. — Olha, ainda acho que você deveria dar queixa. Eu vi o homem e poderia facilmente descrevê-lo. Não deveríamos deixá-lo nas ruas à solta. Nitidamente, ele é um bandido e pode fazer mal a outras pessoas inocentes. Entretanto, essa é uma decisão sua e não vou insistir. Mas antes de qualquer coisa, vamos telefonar para seus pais — digo calmamente.

Continuar lendo
img Baixe o aplicativo para ver mais comentários.
Mais Novo: Capítulo 42 Proibida   03-22 00:06
img
Baixar App Lera
icon APP STORE
icon GOOGLE PLAY