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Vendendo a virgindade

Vendendo a virgindade

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38 Capítulo
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Sinopse

Índice

Eu nunca fiz isso antes. Estou tão nervosa que deixo as palavras escaparem. Guardo as mãos dentro dos bolsos da calça jeans e afundo o corpo no sofá conforme vejo o homem alto, moreno e de olhos reluzentes se aproximar. Não cheguei aqui por acaso. Houve um longo tempo entre a proposta indecente que ele me fez e o meu “sim”. Pesei e julguei tudo o que estava envolvido e percebi que era a coisa certa a se fazer, minha família precisava do dinheiro. Até pensei que ele havia se esquecido de nosso acordo, já que não me respondeu em nenhum momento do dia. E quando ligou, foi para perguntar onde eu estava e enviou um carro luxuoso que me trouxe da Zona Norte até esse condomínio cheio de mansões na Zona Sul de São Paulo. Pelo caminho eu me distraí com a névoa que cobria desde a copa das árvores até os pequenos e escuros lagos que se projetavam no horizonte. E agora, dentro de seu território, sentada em seu sofá e preparada para qualquer investida, evito encará-lo. Não consigo. Não sou de ficar envergonhada, mas agora sinto minha face toda queimar, ao vê-lo. E meu corpo parece que fica todo gelado quando nossos olhares se encontram. Quando disse que era um professor da minha faculdade, pensei logo em um velho esquisito e aproveitador, mas nem de perto o senhor Lamarphe é assim. Ele deve ser 10 ou 15 anos mais velho do que eu, sim. Mas está definitivamente longe da imagem que criei de um homem rico que ofereceria dinheiro pela minha virgindade. — Nunca fez isso o quê? — O timbre forte da voz dele me faz tremer no lugar em que estou. Sua voz é melodiosa e carrega um sotaque italiano que fica em minha mente, parece bem mais impactante agora do que quando falamos por telefone. — Nunca fez sexo ou vendeu sua virgindade por cem mil reais? O sorriso de retórica em seus lábios vermelhos faz as maçãs do meu rosto aquecerem ainda mais. Pelo visto ele é bem humorado e até agora está sendo gentil, o que me deixa menos tensa. Ainda assim, é inevitável não ficar em estado de alerta com um homem de 1,90 diante de mim. Seus braços devem ser do tamanho das minhas coxas e seu olhar mostra o quanto ele é experiente e sabe lidar com toda essa situação. — As duas coisas — balanço os ombros e o encaro. O senhor Lamarphe dá um gole generoso no líquido cor de ouro envelhecido que traz em seu copo redondo e se senta numa poltrona diante de mim. A sala da casa desse homem faz parecer que não existe privacidade: as paredes laterais, tirando as estruturas, são inteiramente feitas de vidro e consigo ver pela noite escura e densa lá fora: três carros na garagem ao lado, uma piscina mais ao fundo e uma miríade de luzes fraquinhas no horizonte, deve ser da cidade. Mas o que me deixa realmente absorta é encarar uma árvore gigantesca no meio da sala, acho que foi a coisa mais curiosa que já vi em um cômodo.

Capítulo 1 Vendendo a virgindade

QUATRO ANOS ATRÁS

— Eu nunca fiz isso antes.

Estou tão nervosa que deixo as palavras escaparem. Guardo as mãos dentro dos bolsos da calça jeans e afundo o corpo no sofá conforme vejo o

homem alto, moreno e de olhos reluzentes se aproximar.

Não cheguei aqui por acaso. Houve um longo tempo entre a proposta indecente que ele me fez e o meu “sim”.

Pesei e julguei tudo o que estava envolvido e percebi que era a coisa certa a se fazer, minha família precisava do dinheiro.

Até pensei que ele havia se esquecido de nosso acordo, já que não me respondeu em nenhum momento do dia. E quando ligou, foi para perguntar onde eu estava e enviou um carro luxuoso que me trouxe da Zona Norte até esse condomínio cheio de mansões na Zona Sul de São Paulo.

Pelo caminho eu me distraí com a névoa que cobria desde a copa das árvores até os pequenos e escuros lagos que se projetavam no horizonte.

E agora, dentro de seu território, sentada em seu sofá e preparada para qualquer investida, evito encará-lo.

Não consigo.

Não sou de ficar envergonhada, mas agora sinto minha face toda queimar, ao vê-lo. E meu corpo parece que fica todo gelado quando nossos olhares se encontram.

Quando disse que era um professor da minha faculdade, pensei logo em um velho esquisito e aproveitador, mas nem de perto o senhor Lamarphe é assim. Ele deve ser 10 ou 15 anos mais velho do que eu, sim. Mas está

definitivamente longe da imagem que criei de um homem rico que ofereceria dinheiro pela minha virgindade.

— Nunca fez isso o quê? — O timbre forte da voz dele me faz tremer no lugar em que estou.

Sua voz é melodiosa e carrega um sotaque italiano que fica em minha mente, parece bem mais impactante agora do que quando falamos por telefone.

— Nunca fez sexo ou vendeu sua virgindade por cem mil reais?

O sorriso de retórica em seus lábios vermelhos faz as maçãs do meu rosto aquecerem ainda mais. Pelo visto ele é bem humorado e até agora está sendo gentil, o que me deixa menos tensa.

Ainda assim, é inevitável não ficar em estado de alerta com um homem de 1,90 diante de mim. Seus braços devem ser do tamanho das minhas coxas e seu olhar mostra o quanto ele é experiente e sabe lidar com toda essa situação.

— As duas coisas — balanço os ombros e o encaro.

O senhor Lamarphe dá um gole generoso no líquido cor de ouro envelhecido que traz em seu copo redondo e se senta numa poltrona diante de mim.

A sala da casa desse homem faz parecer que não existe privacidade: as

paredes laterais, tirando as estruturas, são inteiramente feitas de vidro e consigo ver pela noite escura e densa lá fora: três carros na garagem ao lado, uma piscina mais ao fundo e uma miríade de luzes fraquinhas no horizonte, deve ser da cidade. Mas o que me deixa realmente absorta é encarar uma árvore gigantesca no meio da sala, acho que foi a coisa mais curiosa que já vi em um cômodo.

— Viene[1] — ouço ele dizer e rapidamente me levanto.

No início fico em dúvida sobre o que isso significa, mas sua mão direita se move indicando que eu devo me aproximar e é exatamente o que faço.

Vejo-o desabotoar os três primeiros botões de sua camisa social preta, revelando o contorno musculoso de seu peitoral.

Assim que me aproximo, seu cheiro refrescante, como se eu estivesse perto do mar, rescinde contra meu rosto, e ele segura firme em minha mão. Depois, com um puxão rápido que não me deixa escapar, me coloca em seu colo, os joelhos pressionando o estofado da poltrona, meu coração desregulado e nossos rostos a poucos centímetros um do outro.

Meu coração que estava quase saindo pela boca, agora está preparado para fugir de vez.

Já tinha perdido o controle interno do meu corpo quando o vi, tudo em

mim parecia fora do lugar. E agora parece que ele quer causar a mesma sensação pela minha pele.

Fecho e aperto os olhos com força ao sentir suas duas mãos tocarem em minhas costas e descerem até minhas nádegas, contornando meu corpo e me abraçando com uma firmeza que faz com que cada parte de mim comece a aquecer, a ponto da combustão.

— Está com medo? — quando sussurra, me arrepia ainda mais.

Esse homem tem uma voz forte e potente, mas agora, ao pé do meu ouvido, me desmonta inteira.

Sinto seu nariz deslizar sutilmente pelo meu pescoço, me fazendo estremecer. E seu lábio inferior deixa um rastro molhado e irresistível que me faz soltar lentamente, quando menos percebo, estou com as mãos em seu ombro.

— Estou… com um pouco… — Ainda evito encará-lo, a feição dele me causa uma sensação estranha que ainda não tinha experimentado por toda a vida.

Sinto-me envergonhada ao encará-lo, mas não consigo resistir à tentação.

— Eu vou cuidar de você… — Seus dedos fortes acariciam meu rosto e afastam um fio de cabelo que estava solto.

Ao dizer isso, vejo seus olhos cinzentos brilharem e o sorriso de cafajeste crescer ainda mais nos lábios.

Meu coração está prestes a sair pela boca… e parece que para, quando sinto sua mão invadir a minha calça e massagear sutilmente por cima da minha calcinha. O senhor Lamarphe me encara no fundo dos olhos, os músculos de seu rosto enrijecem conforme o estica até que estejamos a menos de um centímetro dos lábios um do outro.

— Como sou o seu primeiro, vou fazer de tudo para tornar esse momento especial — ele diz novamente, com uma lábia invejável.

Posso ser virgem, mas não sou otária. De cafajestes eu entendo…

— Não tem como ser mais especial do que ganhar 100 mil reais —

sussurro de volta, em tom de provocação.

Com a cabeça ele acena de modo negativo, mas com o olhar me faz perceber que eu disse a coisa certa.

A mão livre dele traz o celular diante do rosto. A tela ilumina suas pupilas negras que contrastam com o resto do olho cintilante. Não importa o que está fazendo, não para de me tocar. Consegue, não sei como, afastar a minha calcinha e massagear uma parte que me faz querer travar as pernas e me jogar para cima dele, perco o fôlego tão rápido que até me desequilibro.

— Então essa é a sua chance para sentir que é extremamente especial

— ele termina de dizer e sinto o meu celular vibrar no bolso.

A princípio não quero olhar, não quero estragar o momento, mas ele insiste.

Não preciso desbloquear a tela para ver a notificação do meu banco digital: acabei de receber uma transferência de 100 mil reais de Guilhermo Lamarphe.

Ah, agora sei seu nome…

— Pensei que só fosse pagar ao fim, quando estivesse satisfeito.

— Bella donna[2]… — Seus olhos me encaram com seriedade. — Essa é a minha garantia de que você irá me satisfazer.

“As dores guardadas no coração doem mais que as outras”.

— Machado de Assis.

QUATRO ANOS DEPOIS – ATUALMENTE

Dois anos atrás eu perdi tudo.

Um acidente de carro levou a mulher que eu amava, a nossa filha e me deixou paraplégico.

Mesmo depois de toda terapia e reabilitação eu continuo preso àquele maldito momento, há dois anos. Não há um dia que passe sem que eu acorde desesperado com a sensação do estilhaçar do vidro voando para todos os lados, a luz do farol do caminhão vindo em nossa direção, ou do toque de sua mão em meu braço quando o impacto nos acertou em cheio.

— Doutor Lamarphe, compareça à sala da Vice-presidência — a voz feminina no alto-falante chama pela terceira vez.

Seria fácil atravessar os corredores largos do Rota da Vida, um dos maiores hospitais da América Latina, situado na cidade de São Paulo, se não fossem pelos técnicos distraídos obstruindo meu caminho com seus carrinhos de medicamento e refeições.

Preciso manobrar a cadeira de rodas para não atropelá-los, embora a minha vontade seja de fato passar por cima.

Não estou de bom humor.

Acabo de sair de uma cirurgia de emergência em que precisamos reabrir uma paciente que teve hemorragia interna, após algum descuidado

deixar um aparato cirúrgico dentro dela.

Foi a primeira vez, em dois anos, que tomei a frente de um procedimento, já que todos os cirurgiões estavam ocupados ou a caminho.

Às vezes parece que estar limitado devido ao meu acidente apagou todo o meu histórico de bom médico.

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