Por um acaso, Any conheceu Gegê na entrada de uma festa. Mulheres tinham entrada grátis até as 22h, e Any chegou uns dez minutos atrasada, pegando fila. O segurança não a deixava entrar sem pagar, e ela só tinha dinheiro para consumir, e pouco, uns trinta, quarenta reais no cartão de crédito. Para piorar, a entrada só aceitava dinheiro. Ela estava sozinha; suas amigas já haviam entrado. Tentou ligar várias vezes, mas ninguém atendeu. Any ficou no cantinho, vendo as pessoas entrarem e pensando que o rolê já havia começado com o pé esquerdo, enquanto continuava tentando fazer contato.
Ela estava impecavelmente maquiada, com batom vermelho-sangue, vestindo uma saia preta curta e justa, um cropped branco coberto de pérolas, bem no estilo Anitta, e um salto 15 preto envernizado. Chegou toda "toda", cabeça erguida, metida a madame, mas já estava morrendo de vergonha, plantada ali. Todo mundo que entrava a olhava, e com certeza pensavam que ela não tinha dinheiro ou idade para entrar.
Um moço alto e todo tatuado a olhou quando chegou a vez dele de entrar. Any só o notou por causa do boné de marca e das tatuagens. Ele estava todo vestido de preto, usando corrente, pulseira, um relógio bonito. Ela rapidamente virou o rosto e abaixou o olhar, mexendo no celular. Ele começou a conversar com o segurança com a maior intimidade. Any olhou novamente para a portaria; ele a estava olhando fixamente, falou "oi" e abriu um sorriso lindo. Ela sorriu de volta, super sem graça, disse "oi", virou o rosto e voltou a mexer no celular.
Ele foi até ela, em uns quatro ou cinco passos, parou ao seu lado e disse:
- E aí, tudo bom? Qual seu nome, moça?
Any respondeu, olhando as pessoas da fila e evitando encará-lo:
- Tudo. Anya!
Ele sorriu e falou:
- Prazer, Anya, sou o Gegê e vou colocar você lá dentro, pode ser?
Any o olhou, respondendo séria:
- Como assim?
Ele falou, todo simpático:
- Bora lá, o segurança é meu chegado. Ou não quer entrar?
Any, que nunca foi boba, balançou a cabeça que sim. Foi andando próxima a ele. Quando chegaram para entrar, ele pegou duas pulseiras para ela, sem pagar, e as dele também, sem pagar. Eram da área VIP com open bar. Quando ele colocou a pulseira nela, ela disse "obrigada". Gentilmente, ele a segurou pela mão para passar por uns degraus. Andaram um pouco lado a lado, e ela olhava tudo, procurando suas amigas. Ele então perguntou:
- Você está sozinha? Ou está com alguém?
Any disse que estava procurando as amigas. Ele perguntou se ela queria que ele esperasse para ela encontrá-las. Ela respondeu que não precisava, que estava de boa, e agradeceu novamente por ele tê-la ajudado a entrar na festa. Ele sorriu, beijou o rosto dela e disse:
- Que isso, aproveita a noite. A gente se vê por aí então?!
Any respondeu:
- Gegê, né?! Valeu, te devo uma!
Ele saiu andando. Logo Any encontrou as amigas. Procurou por ele, mas não o viu por um bom tempo. Contou às amigas o que aconteceu, e elas disseram que o cara não podia ser bonito, porque se fosse, ela teria ficado para agradecer a gentileza. Any disse que ele era bonito, estiloso e muito simpático, bom demais para ser verdade, e que só não ficou porque ele sumiu. Elas ficaram super curiosas para vê-lo.
Enquanto dançavam e curtiam, Any o viu lá em cima, na área VIP, encostado na sacada, olhando para ela. Olhou duas vezes discretamente; ele ainda a estava olhando sério, com uma cara quase psicopata. Ela começou a dançar como se fosse para ele, ainda chegou a olhar para ver se ele a estava vendo, e ele continuou olhando na direção dela, até deu um sorrisinho de predador.
Any foi pegar bebida, distraindo-se um pouco. Quando voltou a olhar, ele havia saído de lá, e ela o perdeu de vista. Uns vinte minutos depois, ou mais, sentiu uma mão em seu braço, segurando-a bem de leve. Virou-se para ver: era Gegê. Ela sorriu e disse "oi". Ele se aproximou e falou:
- Vamos sair daqui? Está muito barulho!
Any respondeu, toda feliz, mas tentando disfarçar a empolgação:
- Tá, só deixa eu avisar as meninas. Me dá um minuto!
Ela disse às amigas que ia dar uma volta. Ele a pegou pela mão e foi andando na frente, guiando. Any percebeu que estavam indo em direção à saída e perguntou, curiosa:
- Onde a gente vai?
Ele respondeu, bem de boa:
- Vou te levar para casa, vamos? A minha casa!
Any respondeu, recuando e soltando a mão dele:
- Não, espera, eu não...
Ela balançou a cabeça em negativa. Ele perguntou, debochado:
- Não quer ir comigo? Qual foi? Tá com medo?
Any sorriu e falou, mexendo no cabelo, cheia de graça, que não podia ir e deixar a amiga. Ela estava inventando desculpas porque realmente estava com um pouco de medo; não conhecia o cara, nunca o vira na vida, né? Ele chegou bem perto da boca dela, beijou o cantinho, colocou a mão no meio do cabelo, na nuca, deu uma puxada na cabeça dela e falou em seu ouvido enquanto a puxava pela cintura contra ele:
- Posso? Estou louco para beijar sua boca, morena!
Any respondeu, sorrindo sutilmente e mordendo os lábios:
- Pode!
Ela sentiu o cheiro dele, a pele, colocou as mãos em seu rosto sutilmente. Ele se aproximou e a beijou. Começou devagar, aumentando a intensidade. Desde o início, ela sentiu que encaixava, que havia química. Quando percebeu, estavam dando aqueles beijões de perder o fôlego. Ele tinha uma pegada que a fez perder o fôlego super rápido; era todo um conjunto: a mão no cabelo, na cintura.
Ficaram se agarrando um tempo perto da saída, sem conversar nada. Ele a chamou para voltar à festa, junto com ele, disse que queria levá-la para onde ele estava e que levaria ela e a amiga embora depois. Any avisou a amiga por mensagem, e de mãos dadas, foram para lá.
Quando subiram, Any ficou meio sem jeito; um monte de gente metida, super bem vestida. Ela nem falou com ninguém para conversar. Ele se encostou no canto, abraçado com ela. Ficaram se beijando o tempo todo. Havia mais homens do que mulheres lá também, e as poucas mulheres nem fizeram muita questão de falar com ela. Um amigo dele o chamou de canto, conversaram um pouco mexendo no celular, e depois ele ficou meio travado com ela, parecia que estava com o pensamento distante, meio aéreo, até parou de beijar e nem ficou mais abraçado.
Any disse que era melhor ela voltar para onde estavam as amigas. Ele disse que já dava para irem embora, deu um selinho e falou:
- Vamos?!
Any foi falar com a amiga, que também já queria ir. Encontraram-na na saída. Ele não ficou de mãos dadas depois que saíram da muvuca. Caminharam indo para o estacionamento. O carro dele era um Golf, impecável, com rodas bonitas, rebaixado, Insulfilm, muito lindo mesmo.
Entraram no carro. Ele se aproximou para colocar o cinto nela e falou, quase a beijando:
- Tem que andar na linha no meu carona, moça!
Any falou rindo, lambendo os lábios e provocando:
- Ou não. O que você faz com quem não se comporta no seu carro?
Ele se afastou, sorriu e falou:
- Deixo a pé. Ué?!