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Além da Traição: A Ascensão Dela

Além da Traição: A Ascensão Dela

5.0
21 Capítulo
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Depois de três anos na prisão por um assassinato que não cometi, meu marido, Alexandre, estava me esperando nos portões. Ele era o cônjuge perfeito e devotado que esteve ao meu lado em tudo, me prometendo um novo começo. Mas quando ele abriu a porta da nossa casa, meu novo começo acabou. Parada no hall de entrada estava Catarina, a amante que fui condenada por matar. "Ela mora aqui agora, Aurora", ele disse, sem nem mesmo olhar para mim. Ele confessou tudo. Os três anos que passei no inferno não foram um erro; foram uma "lição" para me ensinar a não questioná-lo. Ele me deixou apodrecer em uma jaula enquanto construía uma vida com a mulher que me colocou lá. Então, ele me expulsou da casa que ajudei a projetar. O homem que eu amava não tinha apenas traído. Ele havia sacrificado minha liberdade, minha sanidade e minha vida apenas para me colocar no meu lugar. A traição foi tão absoluta que quebrou algo profundo dentro de mim. A mulher que saiu da prisão naquela manhã já estava morta. Em um quarto de hotel barato, sussurrei para a outra pessoa que minha mente havia criado para sobreviver ao trauma: "Eu não aguento mais. Você pode ficar com esta vida. Apenas... faça-os pagar." Quando olhei no espelho novamente, o reflexo que me encarava não era eu. "Não se preocupe", disse uma nova voz. "Meu nome é Ayla."

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Capítulo 1

Depois de três anos na prisão por um assassinato que não cometi, meu marido, Alexandre, estava me esperando nos portões. Ele era o cônjuge perfeito e devotado que esteve ao meu lado em tudo, me prometendo um novo começo.

Mas quando ele abriu a porta da nossa casa, meu novo começo acabou. Parada no hall de entrada estava Catarina, a amante que fui condenada por matar.

"Ela mora aqui agora, Aurora", ele disse, sem nem mesmo olhar para mim.

Ele confessou tudo. Os três anos que passei no inferno não foram um erro; foram uma "lição" para me ensinar a não questioná-lo. Ele me deixou apodrecer em uma jaula enquanto construía uma vida com a mulher que me colocou lá.

Então, ele me expulsou da casa que ajudei a projetar.

O homem que eu amava não tinha apenas traído. Ele havia sacrificado minha liberdade, minha sanidade e minha vida apenas para me colocar no meu lugar. A traição foi tão absoluta que quebrou algo profundo dentro de mim. A mulher que saiu da prisão naquela manhã já estava morta.

Em um quarto de hotel barato, sussurrei para a outra pessoa que minha mente havia criado para sobreviver ao trauma: "Eu não aguento mais. Você pode ficar com esta vida. Apenas... faça-os pagar."

Quando olhei no espelho novamente, o reflexo que me encarava não era eu.

"Não se preocupe", disse uma nova voz. "Meu nome é Ayla."

Capítulo 1

O mundo os chamava de o casal perfeito. Alexandre Rocha, o gênio da tecnologia, e sua esposa devotada, Aurora Tavares. Diziam que o amor dela era a base de seu império. Diziam que a lealdade dele era a maior recompensa dela.

Eles estavam errados.

Por três anos, o mundo de Aurora foi uma caixa de concreto. Mil e noventa e cinco dias em um lugar onde a brutalidade era a única língua falada.

Ele a visitava toda semana.

Alexandre se sentava à sua frente, seu terno caro em um contraste gritante com o uniforme sem graça da prisão. Ele segurava a mão dela sobre a mesa fria, seus olhos cheios de uma tristeza cuidadosamente ensaiada.

"Sinto muito, meu amor", ele sussurrava. "Estou fazendo tudo o que posso. Os advogados estão trabalhando nisso."

Ele trazia livros e notícias do mundo exterior, pintando um quadro de uma vida esperando por ela, uma vida que ele estava preservando fielmente. Ele era o marido enlutado, ao lado de sua esposa condenada injustamente.

E Aurora acreditava nele. Ela se agarrava às palavras dele como uma mulher se afogando a um pedaço de madeira.

A condenação foi por assassinato. Ou, oficialmente, homicídio culposo. A vítima era Catarina Collier, a amante de Alexandre. A história em que a polícia acreditou foi que Aurora, em um acesso de fúria ciumenta, confrontou Catarina na beira de um penhasco. Houve uma luta. Catarina caiu.

Seu corpo nunca foi encontrado, levado pelo rio furioso abaixo.

A memória de Aurora daquele dia era um borrão de pânico e da risada zombeteira de Catarina. Ela se lembrava de tentar puxar Catarina de volta, não de empurrá-la. Mas a evidência, uma mensagem de texto de Catarina para uma amiga dizendo que temia por sua vida, foi suficiente.

"Vou encontrar a Aurora", dizia a mensagem. "Ela descobriu sobre nós. Estou com medo."

Alexandre ficou furioso com ela. Não pelo suposto assassinato, mas por ela ter descoberto o caso dele em primeiro lugar.

"Você deveria ter ficado fora disso", ele sibilou para ela na sala de interrogatório, sua máscara de marido amoroso escorregando por um momento. "A culpa é sua."

Essas palavras ecoavam nos cantos escuros de sua cela, mais altas que os gritos de outras detentas. Seus três anos foram um pesadelo vivo. Os guardas faziam vista grossa. As outras mulheres a viam como um alvo frágil e fácil. Ela aprendeu a se fazer pequena, a se tornar invisível, mas as cicatrizes físicas e mentais se acumulavam, uma sobre a outra.

Então, em uma manhã cinzenta de terça-feira, o inimaginável aconteceu. Uma nova detenta, transferida de outro estado, viu a foto de Aurora em um recorte de jornal desbotado pregado em um quadro de avisos.

"Ei, eu conheço ela", disse a detenta, apontando para a foto de Catarina. "Ela não está morta. Eu a vi há alguns meses em um cassino em Punta del Este. O nome dela agora é Carmen."

As autoridades da prisão investigaram. Foi um processo lento e desgastante, mas a verdade era inegável. Catarina Collier estava viva.

No dia em que o diretor disse a Aurora que ela estava livre, o mundo girou em seu eixo. Ela saiu pelos portões da prisão, piscando sob a luz do sol desconhecida. O ar, fresco e limpo, parecia estranho em seus pulmões.

Ela respirou fundo, um primeiro gosto simbólico de liberdade.

Alexandre estava esperando por ela, encostado em seu elegante carro preto. Ele parecia exatamente o mesmo, bonito e imponente. Ele abriu os braços, e ela caiu neles, seu corpo tremendo com uma mistura de alívio e exaustão.

"Acabou, meu bem", ele murmurou em seu cabelo. "Você está em casa."

O caminho de volta para casa foi silencioso. A cidade havia mudado. Novos prédios arranhavam o céu. Os carros eram diferentes. Ela se sentia como um fantasma, uma relíquia de outro tempo.

Tudo o que ela queria era ir para casa. Para a cama deles. Para começar a esquecer.

"Eu só quero fechar os olhos e fingir que os últimos três anos nunca aconteceram", ela sussurrou, sua voz rouca.

"Nós vamos", ele prometeu, sua mão apertando a dela. "Um novo começo."

Ele entrou na longa e sinuosa entrada de sua mansão moderna no Morumbi, uma casa que ela ajudou a projetar. Ele desligou o motor e se virou para ela, um olhar estranho em seu rosto.

"Há algo que você precisa saber, Aurora."

Seu estômago se contraiu.

Ele a levou até a porta da frente, a mão na base de suas costas. No momento em que ele a abriu, seu novo começo terminou.

Parada no meio do hall de entrada com piso de mármore, parecendo ser a dona do lugar, estava Catarina Collier.

Ela estava viva. Ela estava aqui.

Uma onda de náusea tomou conta de Aurora. Seus joelhos fraquejaram. O chão polido parecia correr para encontrá-la. O ar estava denso, impossível de respirar.

Era o penhasco de novo. O sorriso zombeteiro. O brilho triunfante nos olhos de Catarina.

"O que...", Aurora engasgou, cambaleando para trás. "O que ela está fazendo aqui?"

Catarina apenas sorriu, uma curva lenta e cruel de seus lábios.

Aurora se virou para o marido, sua mente gritando. "Alexandre, o que é isso?"

Ele não olhou para ela. Ele olhou para Catarina.

"Ela mora aqui agora, Aurora."

A memória a atingiu como um golpe físico. O penhasco. O vento chicoteando seu cabelo. As provocações de Catarina.

"Ele nunca vai me deixar, sabe", Catarina havia zombado. "Ele me ama. Você é só... cômoda."

"Fique longe dele", Aurora havia implorado, sua voz quebrando.

"Me obrigue", Catarina havia desafiado, aproximando-se da beira, um olhar selvagem em seus olhos. "Ele vai acreditar em qualquer coisa que eu disser."

Aurora estendeu a mão para ela, para puxá-la de volta, para parar a loucura. Mas Catarina simplesmente se deixou cair para trás, um sorriso final e vitorioso em seu rosto enquanto desaparecia de vista.

Agora, no hall de entrada, aquela mesma loucura estava acontecendo de novo. Aurora se lançou em direção a Catarina, um grito primal rasgando sua garganta.

"Sua desgraçada! Você arruinou minha vida!"

Antes que pudesse alcançá-la, o braço de Alexandre disparou, agarrando-a, girando-a. Ele a jogou contra a parede, seu aperto como ferro.

"Chega!", ele rugiu, seu rosto a centímetros do dela. O homem que segurou sua mão e lhe prometeu um futuro havia desaparecido. Este era um monstro.

"Ela está viva!", Aurora gritou, lutando contra ele. "Ela esteve viva o tempo todo! Você sabia? Você sabia?"

Ele não respondeu. Apenas apertou mais forte, seus nós dos dedos brancos. Ele olhou por cima do ombro de Aurora para Catarina, sua expressão se suavizando.

"Você está bem, Cat?"

Catarina levou a mão ao peito, fingindo choque. "Estou bem, Alex. Ela só me assustou."

Aurora o encarou, a luta se esvaindo dela. A verdade fria e dura se instalou em seus ossos, um arrepio que a prisão nunca poderia replicar.

Ele sabia.

Todas aquelas visitas. Todas aquelas promessas. Todas aquelas mentiras.

Ela começou a rir, um som quebrado e oco. "Você sabia. Você me deixou apodrecer lá. Por três anos."

"Você precisava aprender uma lição, Aurora", ele disse, sua voz caindo para um sussurro baixo e arrepiante. "Você não me desafia. Você não questiona o que eu faço."

Ele finalmente a soltou, e ela deslizou pela parede, suas pernas cedendo.

"Não era para ser por três anos", ele continuou, ajeitando os punhos como se estivesse discutindo um negócio que deu errado. "Catarina-Carmen-deveria ter ficado escondida. Mas ela se descuidou."

"Carmen?", Aurora sussurrou, o nome do boato da prisão a atingindo.

"A nova identidade dela", disse Alexandre com desdém. "Estava tudo resolvido. Você deveria cumprir um ano, talvez menos. Um pequeno susto para te deixar mais grata pelo que tem."

Ele gesticulou ao redor do opulento hall de entrada. "Por mim."

Catarina deu um passo à frente, seus saltos clicando no mármore. "Ele fez isso por nós, Aurora. Ele me ama. Mas ele sentia uma responsabilidade por você. Ele queria te manter, mas você tinha que ser colocada no seu lugar."

O mundo girou. A traição foi tão profunda, tão absoluta, que era como um ácido físico a corroendo por dentro. Seu marido não tinha apenas a traído. Ele havia sacrificado voluntariamente sua liberdade, sua sanidade, sua vida, apenas para lhe ensinar uma lição.

Ele a deixou sofrer no inferno enquanto construía uma nova vida com a mulher que a colocou lá.

"Saia", disse Alexandre, sua voz desprovida de qualquer emoção. Ele estava olhando para ela, amassada no chão, como se fosse um pedaço de lixo a ser descartado.

"Esta é a minha casa", ela sussurrou, as palavras presas na garganta.

Ele se ajoelhou, aproximando o rosto do dela novamente. Seus olhos estavam frios, mortos. "Não, Aurora. Esta é a minha casa. E Catarina mora aqui agora. Você não."

Ele se levantou e ofereceu a mão a Catarina. Eles ficaram juntos, olhando para ela. O casal perfeito.

"Você não tem ideia do que eles fizeram comigo lá dentro", disse Aurora, sua voz um monotom morto. A dor era grande demais. Estava a engolindo por inteiro.

Alexandre apenas deu de ombros. "Você vai ficar bem. Você é uma sobrevivente."

Ele se virou e foi embora com Catarina, de braços dados. Eles não olharam para trás.

Aurora ficou deitada no mármore frio, o eco de seus passos desaparecendo. A casa que ela amava, a vida que ela prezava, o homem que ela adorava - tudo era uma mentira. Uma jaula cruel e elaborada.

Ela sabia, com uma certeza que a aterrorizava, que a mulher que havia saído da prisão naquela manhã já estava morta. Aurora Tavares estava quebrada demais para continuar.

Ela fechou os olhos.

Ela precisava de ajuda. Não para ter sua vida de volta. Aquela vida era um fantasma. Ela precisava de ajuda para entender a ferida aberta que acabara de ser rasgada em sua alma.

Ela conseguiu se levantar, usando a parede como apoio. Encontrou sua bolsa, seus dedos procurando desajeitadamente pelo celular. Procurou um número que uma conselheira da prisão lhe dera, uma terapeuta especializada em traumas graves.

Dra. Ana Sharma.

A primeira sessão foi um borrão. A segunda foi quando a verdade veio à tona.

"Chama-se Transtorno Dissociativo de Identidade", explicou a Dra. Sharma gentilmente. "TDI. O trauma que você sofreu foi tão extremo que sua mente criou outra pessoa para lidar com ele. Uma protetora."

Aurora a encarou. "Outra pessoa?"

"Um alter. Um estado de personalidade diferente. Você já teve perda de memória? Encontrou coisas que não se lembra de ter comprado? Pessoas dizendo que você fez coisas das quais não se recorda?"

Aurora pensou nas roupas estranhas e escuras que encontrou em seus parcos pertences da prisão. Os sussurros de outras detentas sobre uma briga que ela supostamente venceu, uma briga da qual não tinha memória.

"Quem sou eu, então?", perguntou Aurora, sua voz tremendo.

"Você é a Aurora", disse a Dra. Sharma. "Mas há outra pessoa aí também. Alguém nascido da sua dor."

Aurora voltou para o hotel barato onde estava hospedada e encarou seu reflexo no espelho rachado. Não reconheceu os olhos vazios que a encaravam de volta. Ela era uma casca. Um fantasma.

Não havia justiça para ela. Nenhum novo começo. Alexandre e Catarina haviam vencido. Eles haviam tirado tudo.

Qual era o sentido de sobreviver à prisão se esta era a vida que a esperava?

Ela sentiu uma estranha calma se instalar sobre ela. Uma decisão.

Sentou-se na beira da cama e falou para o quarto vazio, para a outra pessoa que sua mente havia criado.

"Eu não aguento mais", ela sussurrou. "Estou cansada demais. Estou quebrada demais. Se você está aí... se você é forte... pode ficar com isso. Pode ficar com esta vida. Apenas... faça-os pagar."

Um silêncio profundo encheu o quarto. Então, uma mudança sutil. A postura derrotada de seus ombros se endireitou. Seu queixo se ergueu. O olhar vazio em seus olhos foi substituído por um foco frio e aguçado.

Ela se levantou e olhou no espelho novamente.

O reflexo que a encarava não era Aurora.

"Não se preocupe", disse uma nova voz, baixa e firme. A voz dela, mas não a voz dela. "Eu assumo a partir de agora."

"Meu nome é Ayla."

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