Três anos atrás, meu amor, Gabriel andava sobre a corda bamba da máfia, um herdeiro orgulhoso e indomável. Eu, Sofia, deveria ser seu anjo da guarda, sua missão: zerar seu "índice de corrupção". Mas o destino é um trapaceiro, e eu o amei de verdade, abandonando-o no auge da nossa paixão, sem uma palavra. Para o sistema, eu era uma desertora; para ele, uma ferida aberta. O sistema implacável narrou seu colapso, sua busca insana, o caos de sua dor. Ele quase morreu, a corrupção disparou. Agora, ele é um tirano ainda mais temido. E eu? Estou de volta, não por amor, mas por desespero e dinheiro, para salvar a pessoa mais importante da minha vida. Minha plateia virtual me bombardeia com desprezo, mas ignoro. A fachada do nosso antigo apartamento, antes gasta, agora é fria, impessoal. A senha, a data em que nos conhecemos, ainda é a mesma, um fio de esperança. Mas o que encontro é um anúncio de venda, meu santuário listado no dia do meu retorno. A esperança murcha, a confusão me invade. Por que, Gabriel? Por que manter a senha e cuidar do cacto, apenas para vender tudo hoje? As palavras da audiência me cortam: "Você é um peão num jogo sádico." Uma risada amarga me escapa: "Se querem um show, terão um show!" Eu farei qualquer coisa por dinheiro. Não vou deixar que vendam nosso apartamento, minha última ligação com o Gabriel que conheci. Ligo para a imobiliária, a voz firme: "Quero comprá-lo." Uma voz suave responde: "Já há um acordo verbal." "Eu cubro qualquer oferta. Pago à vista." A pausa se estende, a voz retorna: "O Sr. Moretti falará pessoalmente." Sr. Moretti! Meu coração dispara. "Ele está a caminho para encontrar a noiva dele aqui." Noiva. A palavra me atinge como um soco. Ele está noivo. Então, sua voz profunda e rouca: "Sofia? Onde você está?" "No apartamento", sussurro. "Não saia daí. Estou indo." O passado me sufoca, o futuro me aguarda.