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O Sorriso Que Escondia Veneno

O Sorriso Que Escondia Veneno

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11 Capítulo
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A fazenda estava em festa. Todos celebravam minha aprovação na universidade federal. Um feito inédito para uma menina da roça como eu. Mas para mim, Ana Paula, a quietude dentro do peito contrastava com a alegria ao redor. Porque esta celebração não era uma comemoração. Era um funeral. Meu avô, Zé Pedro, com seu sorriso largo, se aproximou com a cachaça na mão. O senhor Joaquim Silva, o patriarca vizinho, ao lado. "Parabéns, Ana Paula. Sabia que você era uma menina esperta." A voz dele era como o raspar de lixa na minha pele. Minha mão não tremia ao servir os copos de cachaça especial. Aquela que preparei. Com veneno, claro. Enchi o copo de cada um que se beneficiou do meu sofrimento. Cada cúmplice que fechou os olhos para o inferno que eu vivi na minha própria casa. O caos começou lentamente. Corpos se contorcendo no chão. Gritos substituíram risadas. Eu observei. Não senti nada, apenas um vazio gelado. Peguei o querosene que escondi antes. Derramei sobre o chão, cortinas e móveis. Ninguém me impediu. Estavam ocupados demais morrendo. Um fósforo riscado. O fogo subirá com um rugido voraz. Vinte e nove. Trinta e dois. Na sala de interrogatório, o delegado Ricardo Santos batia na mesa. "Trinta e duas pessoas! Queimadas vivas! E você nem sequer derramou uma lágrima!" Eu sorri, os lábios chamuscados. "Ele mereceu mais do que todos." Minha calma o desestabilizava. Ele queria remorso. Eu era só uma paz terrível e resoluta. "Eu quero ver meus pais." A menina que ele descreveu havia morrido há muito tempo, naquela fazenda. No lugar dela, nasce um monstro. E naquela noite, o monstro finalmente se libertou.

Índice

Introdução

A fazenda estava em festa.

Todos celebravam minha aprovação na universidade federal.

Um feito inédito para uma menina da roça como eu.

Mas para mim, Ana Paula, a quietude dentro do peito contrastava com a alegria ao redor.

Porque esta celebração não era uma comemoração.

Era um funeral.

Meu avô, Zé Pedro, com seu sorriso largo, se aproximou com a cachaça na mão.

O senhor Joaquim Silva, o patriarca vizinho, ao lado.

"Parabéns, Ana Paula. Sabia que você era uma menina esperta."

A voz dele era como o raspar de lixa na minha pele.

Minha mão não tremia ao servir os copos de cachaça especial.

Aquela que preparei.

Com veneno, claro.

Enchi o copo de cada um que se beneficiou do meu sofrimento.

Cada cúmplice que fechou os olhos para o inferno que eu vivi na minha própria casa.

O caos começou lentamente.

Corpos se contorcendo no chão.

Gritos substituíram risadas.

Eu observei.

Não senti nada, apenas um vazio gelado.

Peguei o querosene que escondi antes.

Derramei sobre o chão, cortinas e móveis.

Ninguém me impediu.

Estavam ocupados demais morrendo.

Um fósforo riscado.

O fogo subirá com um rugido voraz.

Vinte e nove.

Trinta e dois.

Na sala de interrogatório, o delegado Ricardo Santos batia na mesa.

"Trinta e duas pessoas! Queimadas vivas! E você nem sequer derramou uma lágrima!"

Eu sorri, os lábios chamuscados.

"Ele mereceu mais do que todos."

Minha calma o desestabilizava.

Ele queria remorso.

Eu era só uma paz terrível e resoluta.

"Eu quero ver meus pais."

A menina que ele descreveu havia morrido há muito tempo, naquela fazenda.

No lugar dela, nasce um monstro.

E naquela noite, o monstro finalmente se libertou.

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1 Introdução
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