Senti o cheiro de mofo do meu pequeno apartamento e a textura áspera do lençol barato, e um calafrio percorreu minha espinha. Não era um sonho. Eu tinha voltado no tempo. De novo para aquele dia, o dia em que Bruna começou a copiar descaradamente um dos meus designs. Na vida passada, eu era ingênua e fechei os olhos. Deixei a Bruna se tornar minha sombra, copiando tudo de mim, do meu estilo à minha fala. O pior é que ela me difamava, espalhando que eu, Ana Clara, a rica e mimada, era a verdadeira perseguidora. A mentira, repetida mil vezes, virou verdade. O ápice da crueldade foi na competição de design mais importante da faculdade, a que valia meu sonho: uma bolsa em Milão. Bruna sabotou minha máquina de costura. Passei a noite em pânico, não consegui terminar meu trabalho e fui desqualificada. Ela, com uma imitação medíocre de algo que eu já tinha feito, ganhou uma menção honrosa. Meu sonho foi destruído. A humilhação, a injustiça e a raiva me consumiram por anos. Agora, de alguma forma, eu estava de volta. Meu celular, com a tela trincada, parecia um artefato do passado doloroso. Abri as redes sociais e lá estava: o vídeo descarado de Bruna com a réplica malfeita da minha jaqueta. E a facada final: um garoto perguntando, entre risadas, se eu estava sempre copiando a Bruna. Na vida passada, eu chorei. Mas desta vez, não. Com os dedos firmes, postei a foto da minha jaqueta original com uma legenda que pingava veneno: "Este é o meu design autêntico, criado há três semanas. Se você vai copiar, pelo menos invista em qualidade. Falsificação barata é uma ofensa à criatividade. #MinhaArteMinhasRegras" Eu não a marquei, mas a mensagem era clara. O celular vibrou. A resposta de Bruna veio em um novo post, com ela chorando, me acusando: "Ana Clara, por que você é tão cruel? Pobreza não é crime!" Os comentários explodiram. Fui pintada como a vilã rica e arrogante. Até mesmo Lúcia, a amiga dela, tentou me atacar usando uma bolsa falsificada como desculpa. Mas o jogo virou. Dessa vez, a Ana Clara chata, covarde e retraída do passado estava morta. E a Ana Clara que havia nascido no dia da minha humilhação, a Ana Clara Almeida herdeira do Grupo Almeida, tinha vindo para reivindicar o que era dela. Minha vingança estava apenas começando.