A umidade fria da manhã ainda me arrepiava, um calafrio que vinha da memória vívida e aterrorizante da queda. Do vento gritando em meus ouvidos, da dor excruciante quando meu corpo se chocou contra o chão. Mas então, abri os olhos e reconheci o teto familiar do meu quarto de adolescente: eu tinha voltado no tempo, três meses antes do vestibular. Na minha vida anterior, Lucas e Camila, meu namorado de infância e sua nova parceira, armaram para que eu perdesse a vaga na universidade de design, me empurraram para o trabalho forçado e, anos depois, de um telhado. A raiva me impulsionava, mas uma calma estranha me dominava. Na escola, vi Lucas e Camila. Ele, exibindo um buquê de 99 rosas para Camila. "Camila, meu amor! Cada uma destas 99 rosas representa a eternidade do meu amor por você!" Um brilho de ódio e triunfo nos olhos de Lucas quando me viu confirmou: eles também haviam renascido. A humilhação que me impuseram na vida passada foi apenas o começo. Desta vez, a armadilha do Lucas para me tirar da jogada foi a bebida batizada, que me causou uma dor de cabeça terrível e me fez reprovar na prova. Minhas unhas se cravaram na palma da minha mão. A ideia de reviver a mesma tortura era apavorante. "Obrigada pelo conselho, Lucas. Vou me lembrar disso", eu disse. A raiva era uma chama fria dentro de mim. Ele não era apenas um traidor manipulador, ele era estúpido. Achar que a mesma artimanha funcionaria duas vezes? Desta vez, eu estava pronta. Minha vingança seria metódica, silenciosa e absoluta.