O dia seguinte à primeira prova do ENEM deveria ser de alívio, e para mim, Ana Paula, professora de matemática, era um dia de orgulho e mensagens de gratidão dos meus alunos. Mas a vibração incessante do meu celular, com o grupo de pais no WhatsApp, transformou a tranquilidade da manhã em um pesadelo: a mãe de Camila me acusava, furiosa, de vazar questões e favorecer alunos. De repente, eu era uma "fraudulent", uma "mercenária", demitida da escola que chamei de lar por cinco anos, com minha reputação arrastada na lama e meu caráter questionado por pais que eu tanto dei atenção. Como podiam distorcer a verdade de forma tão completa? Como podiam duvidar da minha ética e integridade? A injustiça queimava ainda mais quando o próprio Pedro, um aluno a quem dediquei tempo e carinho extra, se juntou ao coro de mentiras, acusando-me de tê-lo ignorado. Eles me forçaram ao fundo do poço, riram da minha humilhação pública e até tentaram lucrar com a minha desgraça; mas eles mal sabiam que, daquela dor, nasceria uma nova Ana Paula, pronta para a guerra, com os prints, as gravações e a verdade como suas armas.