Era para ser a celebração de meio século de amor, minhas bodas de ouro com Carlos, meu companheiro de vida. Mas a alegria virou pó quando a caixa de frutos do mar, o "presente" de nosso filho Pedro, comprado com o dinheiro do aluguel, se transformou em uma moeda de troca para Ana, nossa nora. Ela exigia cinco mil reais, transformando um gesto de carinho em um ato de extorsão. A voz de Ana, antes melíflua, endureceu, e a humilhação escalou quando me vi diante de acusações sórdidas sobre minha "filha secreta", Júlia. Como uma mulher tão fria e calculista pôde roubar não apenas nosso dinheiro, mas a paz e a dignidade de uma vida inteira de trabalho e honestidade? Mas a fúria que subiu em mim, forjada em cinquenta anos de resiliência, não me deixaria prostrar. Rasguei o soro do braço no hospital, minha mente clara. Não haveria mais silêncio, nem submissão. A casa que um dia dei ao meu filho se tornaria o palco da minha vingança. Com Carlos ao meu lado, e Júlia, minha filha de coração, confirmando a verdade, eu quebraria cada mentira, cada objeto, e colocaria um ponto final na farsa. Seria ela ou eu.