Eu estava no meio de uma crítica furiosa a um livro online quando tudo ficou preto. "Que enredo mais clichê! A filha trocada, a família rica malvada, a mocinha que só sabe chorar!" Foi a última coisa que digitei. Uma voz mecânica e fria soou na minha cabeça, como um GPS com defeito: [Host detectado com alto nível de insatisfação. Missão: Corrigir a "porcaria clichê".] Fui designada como Maria, a babá, com uma missão absurda: Proteger a verdadeira herdeira, Ana Paula. Fui jogada em uma sala gigantesca. Lá, Juliana, a filha falsa e mimada, estava humilhando Ana Paula, a legítima herdeira, pálida e com roupas gastas. "Você é surda ou burra, Ana Paula? Você faz tudo para me irritar, não é?" A sra. Silva, a mãe adotiva insensível, não fez nada. Meus olhos se encheram de uma raiva fria. Ana Paula, a garota trocada, maltratada e esquecida, não merecia aquilo. Senti algo ferver dentro de mim, uma indignação que não conhecia limites. Aquela "porcaria clichê" precisava de alguém para acabar com a injustiça, e esse alguém seria eu. Agarrei o pulso de Juliana. Soltei com um empurrão e ajudei Ana Paula a se levantar. Olhei para a família Silva e anunciei: "Fiquem longe dessa gente desprezível. Vamos ser cidadãs de bem e construir um Brasil forte!" Eu não estava lutando apenas por Ana Paula, mas contra toda a hipocrisia e injustiça social. Por 500 milhões de reais e pela justiça, eu não só construiria um Brasil forte, eu construiria um Brasil novo em folha para Ana Paula.