A dor aguda no meu peito, a sensação de ser esfaqueada pelas costas por aqueles que eu mais amava, tudo isso desapareceu. Voltei aos meus vinte e poucos anos, na casa que eu ainda dividia com Pedro, meu marido. A porta do quarto se abriu e Pedro entrou, com o sorriso charmoso que, na vida passada, se tornaria a máscara de um traidor. "Lúcia, querida, tenho uma ótima notícia." Ele me disse que Sofia, sua "amiga de infância" , viria morar conosco. Ah, Sofia. A "amiga de infância" que se tornou sua amante e, junto com ele, me enganou por décadas. O filho que eu criei com todo o meu amor era, na verdade, deles. Eles me fizeram de boba, uma babá gratuita e uma esposa conveniente. Fui traída, humilhada, e passei décadas sofrendo em silêncio, aguentando olhares de pena e a arrogância deles. Morri com a agonia de saber que o menino que eu amava como filho era um lembrete constante da mentira em que eu vivia. Desta vez, as coisas seriam diferentes. Eu renasci para mudar meu destino. Não haveria amor. Haveria apenas um jogo. E eu seria a jogadora, não a peça.