Eu reabri a academia de jiu-jítsu do meu pai, um paraíso de suor e disciplina, vivendo o legado dele em cada fibra do meu ser. Então, Sofia surgiu, uma luz no meu mundo, e com ela, a ideia de torneios beneficentes para honrar o espírito comunitário do meu pai. Eu me afundei em dívidas, trabalhei dia e noite, pensando que estávamos construindo um futuro juntos. No auge do nosso maior torneio, com a academia lotada e Sofia ao meu lado, o mundo desabou quando Ricardo, o rival do meu pai, apareceu. "Bom trabalho, minha filha. Você o enrolou direitinho." Ele disse, e aquelas duas palavras, "Minha filha", foram um soco no estômago. Sofia, filha de Ricardo! O ar me faltou. O campeão, o herdeiro do grande mestre, enganado como uma criança. "O que... o que ele está dizendo, Sofia?" Minha voz era um fio. "Ele está dizendo a verdade, Rafael" , ela respondeu, a voz fria. "Você realmente achou que alguém como eu se interessaria por alguém como você? Por essa academia falida?" Minha paixão, meu esforço, tudo não passou de uma piada cruel para ela e seu pai. A humilhação, a dor, tudo me consumiu. Arrisquei o pôster com o sorriso falso dela, rasgando-o em mil pedaços, assim como ela fez com meu coração. Minhas pernas cederam, e tudo ficou preto. Acordei em um hospital barato, sentindo o cheiro de fracasso. Perdi tudo: academia, apartamento, legado. Para sobreviver, virei piloto de racha clandestino. O jiu-jítsu me ensinou controle, mas eu me deixei ser finalizado. Uma noite, ela reapareceu. Não a Sofia simples, mas uma mulher de grife, cercada por luxo, a personificação do tédio que me destruiu. A raiva me queimava: tudo foi um roteiro. Não havia nada de real. Sabrina me viu e me ignorou. Foi chamada por um de seus amigos: "Ei, Sofia, não é aquele seu ex? O lutadorzinho? Servindo bebidas?" Meu sangue ferveu. Ela riu, contando a história da minha humilhação como anedota. Eu precisava do emprego, então segurei a raiva. Bóris, meu chefe, apareceu. O amigo pedante dela queria correr contra mim. Era uma armadilha. Eu não tive escolha a não ser aceitar, mas então, ela disse: "Eu vou com você." Sofia, agora Sabrina, queria ser minha navegadora. "Por que você faria isso?" Eu cuspi as palavras cheias de veneno. "Ou talvez eu só esteja entediada. E você, Rafael, nunca foi entediante." Ela brincava, me manipulando de novo. No carro, pisei fundo. "Você vai nos matar! Para!" Ela gritou. "E o que importa?" Gritei de volta. "Você não se importou quando destruiu a minha vida! Por que eu deveria me importar com a sua?" Perdi o controle. Batemos. Acordei no hospital. "Vamos tentar de novo, Rafael. Vamos ficar juntos." Ela disse. "Só vai ser um pouco complicado no começo. Sabe, por causa do meu noivado." Noivado? A farsa dela se desfez. Ela nunca me amou. A promessa de amor era só mais uma artimanha cruel para me prender. Olhei para o gesso no meu braço. Não havia mais nada para apagar. A mulher na minha frente era um monstro, e a vingança, meu novo mestre. "Você é uma atriz fantástica, Sofia." Eu disse, a voz calma. "Meus sentimentos são reais." Ela insistiu. "Você nem sabe o que essa palavra significa." Eu ri. Dias depois, fui despejado e, na chuva, ela apareceu. "Entra. Eu te levo para um lugar seco." Eu segui em frente, tentando ignorá-la. "Por que você não me deixa em paz?" "Eu não quero roubar nada, Rafael." "Então por que você me destruiu? Era só um jogo para você?" Minha dor explodia. Ela me deu um chaveiro. "Eu guardei. Para me lembrar de você." Aquele boneco de jiu-jítsu, símbolo da minha ingenuidade quebrada, me deu nojo. "Por que você fez isso?" "Porque eu estava entediada. Você era diferente. Você era real, apaixonado. Era... divertido." Minha ruína, o tédio de uma garota rica. Eu esmaguei o chaveiro. "Talvez você tenha razão. Talvez a gente possa tentar de novo. Mas com uma condição. Quero que você termine seu noivado." Ela mordeu a isca. Semanas depois, ela estava lá, na frente da academia arruinada. "Eu fiz. Terminei tudo. Cancelei o casamento. Agora é a sua vez, Rafael. Cumpra sua promessa." Eu sorri, um ódio gelado. "Promessa? Eu não prometi nada. Você ainda não mereceu." Dei partida no carro. Ela se jogou no capô. O impacto. Eu fugi. Meses depois, descobri que ela sobreviveu, mas ficou com uma perna quebrada e uma cicatriz permanente. O noivado desfeito, o pai a puniu. Ela estava sozinha pela primeira vez. Senti um vazio. Ela começou a me procurar, obsessiva. "Eu só... eu só preciso encontrá-lo. Eu tenho contas a acertar!" Negava o amor, mas a perseguição era uma forma doentia de um sentimento que ela não entendia. Anos se passaram. Reconstruí minha vida. Até que um convite de noivado chegou. O convite para o meu noivado. O logo da empresa: a empresa de Sofia. O jogo não tinha acabado. A festa estava perfeita. Então, eu a vi. A cicatriz que eu causei. "Bela festa, Rafael. Ou devo dizer, Lucas?" "Sabrina. Sofia era só... um nome de palco." Meu ódio borbulhava. Ela olhou para Amanda com dor. "Um brinde ao noivo! Um homem de muitos talentos. Luta, corrida... e desaparecimento. Ele é realmente mestre em deixar as coisas para trás, não é? Especialmente as pessoas!" Amanda me olhou confusa, magoada. A humilhação. Comecei a sair. "Rafael, não vá! Por favor, não me deixe de novo!"